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O Cine-Teatro Louletano foi pequeno para receber todos os apaixonados pelo ciclismo que no passado sábado, 19 de maio, quiseram ouvir as palavras do jornalista, escritor e comunicador Neto Gomes, durante a apresentação do livro “Vencendo a Estrada, Tendo Loulé como Bandeira”, que retrata 75 anos da História do Ciclismo Louletano, num período compreendido entre 1933 e 2008.

Louletano de adoção, e que durante anos foi o speaker da Volta a Portugal em Bicicleta, Neto Gomes lançou-se na árdua tarefa de reunir informações e testemunhos sobre os acontecimentos marcantes, tendo como ponto de partida o ano de 1933, data em que pela primeira vez dois ciclistas nascidos no Concelho de Loulé participaram na Volta a Portugal em Bicicleta: Francisco de Brito, vindo de França, e vestindo as cores do Louletano, e Ildefonso Rodrigues, equipado com as cores do Sport Lisboa e Faro.

Mas este livro não se limita a corredores louletanos, mas a todos aqueles que, nascidos ou não no Concelho, participaram na Volta a Portugal em representação de equipas de Loulé e outros corredores nascidos neste Município, mas que representando outros clubes, também participaram na Volta. E também não são só os vencedores que têm espaço nesta “obra humanista”, já que aqui estão também representados os atletas que não conseguiram chegar ao final da meta.

Também em termos temporais, a “aventura” do autor foi um pouco atrás no tempo, recuando ao final do século XIX, quando há já referências na imprensa à ligação de Loulé a esta modalidade, seja através de anúncios a lojas de bicicletas, ou de pequenas provas inseridas nas comemorações da Festa da Mãe Soberana.

“Com esta obra, pretende-se perpetuar uma das páginas mais importantes do desporto em Loulé. As gentes de Loulé sempre vibraram com o ciclismo e os anos 50, 60 e 70 deram um cunho muito particular à modalidade em Loulé. Esta é uma homenagem singela a todos os que vestiram as cores do Concelho”, disse o presidente da Câmara Municipal de Loulé, durante a cerimónia de lançamento do livro.

Já o presidente da Associação de Ciclismo do Algarve, Rogério Teixeira, reforçou a ligação entre a cidade e o ciclismo e, em relação ao livro, falou das dificuldades de testemunhos sobre esta história que agora

“Um autodidata que apresenta uma obra rigorosa, que nos traz o cheiro dos tempos em que o ciclismo se iniciou em Loulé. É uma obra plena, que vai muito além da parte desportiva, já que transmite as mentalidades da época. É um livro que marca a historiografia do ciclismo”, disse o escritor Carlos Campaniço, amigo pessoal de Neto Gomes.

Durante esta cerimónia, o autor fez uma resenha dos momentos dourados do ciclismo louletano e homenageou sobretudo os que já partiram. “Este livro é, para mim, uma tese de vida. É o testemunho da força, coragem e espírito de sacrifício destes homens”, afirmou Neto Gomes.

“Vencendo a Estrada, tendo Loulé como Bandeira” é ainda uma homenagem aos rostos que fizeram a história – Francisco Brito, Ildefonso Rodrigues, Cássio Freitas, Cabrita Mealha, Joaquim Apolo, Vítor Tenazinha, Manuel Barros, Valério Clara, Manuel Perna Coelho, Casimiro Cabrita, Inácio Ramos, Leonel Tomás, Luís Vargues, Paulino Moreira, Raul Fachadas, Marco Chagas, Serafim Vieira ou Cayn Theakston, entre muitos outros. São estes os 188 nomes que agora vão ficar perpetuados nas placas que foram colocadas na escultura “O Ciclista”, da autoria de Jits Bakker, inaugurada em 2003 numa das rotundas da cidade de Loulé.

 

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