O Centro Hospitalar do Algarve pode vir a perder a autorização para formar ortopedistas, na sequência de uma recomendação do colégio desta especialidade da Ordem dos Médicos (OM), que visitou o Serviço de Ortopedia dos hospitais algarvios há algumas semanas.
O aviso foi feito pelo presidente do Conselho Regional do Sul da OM Jaime Teixeira Mendes, durante uma cerimónia de receção aos novos internos das unidades de saúde do Algarve, que decorreu esta quinta-feira, em Faro.
Jaime Mendes diz que este serviço do CHA «está sob ameaça séria» de perder a idoneidade formativa, ou seja, a autorização para formar especialistas na área. Em causa, estão os vários problemas relacionados com a qualidade da formação prestada naquele serviço, que os dirigentes do CHA têm seis meses para corrigir, se não quiserem ver esta decisão a tornar-se oficial.
«O serviço foi visitado e não lhe foi dada a idoneidade. E irá perdê-la se não modificar diversos parâmetros, exigidos pelo Colégio de Ortopedia, até à nova visita que ocorrerá dentro de seis meses», disse o dirigente da Ordem dos Médicos.
«Uma das coisas que impressionou de forma negativa os colegas de Ortopedia foi uma queixa dos internos, que dizem que o presidente do Conselho de Administração Pedro Nunes não autorizou nenhum deles ir a um congresso de ortopedia. E esta ida a congressos faz parte da formação, até porque alguns tinham trabalhos para apresentar. Ora, isto é um decisão ditatorial», considerou Jaime Teixeira Mendes, numa conversa com os jornalistas, à margem da sessão.
Há mais de dois anos, o Hospital de Faro perdeu a idoneidade formativa em Cirurgia (mantém-se em Portimão), não a tendo recuperado desde então. Recentemente, também o serviço de Anestesiologia terá estado perto de perder a capacidade de formação de especialistas, mas «parece ter resolvido os problemas e terá recebido internos», da nova leva de 149 médicos que começaram a especialização ou o ano comum no Algarve.
O mesmo não aconteceu com o serviço de Ortopedia, que ,apesar de ter graves problemas de carência de médicos, não recebeu qualquer interno em 2016.
A perda de idoneidade formativa em Cirurgia, no Hospital de Faro, e as ameaças sobre a capacidade de formação dos serviços de Ortopedia e Anestesiologia, estão ligadas «à famigerada fusão dos hospitais algarvios e à criação do CHA», medida que veio «agravar vertiginosamente» os problemas que já existiam antes da criação do Centro Hospitalar e à qual Jaime Mendes não reconhece «sequer uma virtude».
Por outro lado, são responsabilidade da atual administração, liderada por Pedro Nunes, que o presidente do Conselho Regional do Sul da OM considera ter sido de «má qualidade» e que assentou «na deriva economicista das políticas de saúde que se verificou nos últimos quatro anos».
Jaime Mendes desejou mesmo que Pedro Nunes «vá embora depressa», tendo em conta que o seu mandato terminou a 31 de Dezembro de 2015.