O bispo de Beja alertou os responsáveis das comissões de festas para a necessidade de exigirem os comprovativos das despesas e pediu-lhes para restringirem os custos, dada a situação económica difícil em Portugal.
“Alguns artistas e fornecedores nem sempre passam as faturas e recibos legais”, pelo que a comissão paroquial encarregue dos assuntos económicos “deve estar atenta, para não colaborar com ilegalidades”, sublinhou D. António Vitalino na sua nota semanal, enviada à Agência ECCLESIA.
O responsável frisa que “no caso de haver uma única comissão de festas, credenciada pela diocese, é obrigatória a apresentação de contas à comissão fabriqueira, que deverá verificar se foram cumpridos os deveres cívicos”.
O prelado critica o facto de “muitas comissões” referirem “o nome das paróquias e dos santos” nos cartazes de divulgação das festas, classificando-as de “religiosas”, mas mencionarem “apenas a missa e a procissão num cantinho” e estamparem “a imagem religiosa, ao lado de muitas diversões profanas”.
D. António Vitalino aconselha as estruturas católicas a dedicarem-se exclusivamente à preparação da vertente espiritual, “separando as águas do religioso e do profano, quando isso for possível”, o que não significa que os fiéis se “ponham de parte do ambiente de festa, mas que se responsabilizem por aquilo que é da sua competência”.
“Seria bom que a comunidade paroquial assumisse a organização dos atos especificamente religiosos e uma outra comissão de festas se responsabilizasse pelos outros, sobretudo quando estes pouco têm a ver com a devoção popular e implicam custos exagerados para o meio”, observa.
Esta sugestão “não significa que as duas partes estejam de costas voltadas e entrem em competição”, frisa o bispo, que realça a necessidade de purificar a piedade popular de “alguns aspetos menos edificantes e construtivos de uma sã convivência”, objetivo que precisa de “paciência e muita persistência”.
O responsável salienta que parte dos recursos da Igreja deveria ser canalizada para “ações de solidariedade e de partilha fraterna” devido à “crise que o país atravessa” e por isso recomenda aos fiéis que ajudem “a moderar alguns projetos festivos muito dispendiosos”.
“Com estas advertências não pretendo ser desmancha prazeres ou causar medo a quem, com muito esforço e dedicação, organiza as festas”, aponta D. António Vitalino.