As obras de construção de uma loja e de um centro comercial IKEA em Loulé arrancaram oficialmente esta sexta-feira e a «ambição» do grupo sueco é abrir a loja «nos primeiros meses de 2017».
A primeira pedra do Complexo Comercial do Algarve foi lançada numa cerimónia que serviu para dar a conhecer este projeto da multinacional sueca, que introduzirá um «conceito inovador em Portugal», segundo António Machado, diretor de expansão da IKEA Portugal.
Os atributos principais do projeto, como o investimento estimado de 200 milhões de euros e a perspetiva da criação de 3 mil postos de trabalhos diretos e indiretos, 250 dos quais na loja IKEA, eram já conhecidos.
Foram, de resto, lembrados por diferentes intervenientes na sessão, nomeadamente por Christiane Thomas e Richard Vathaire, respetivamente retail manager da IKEA Portugal e diretor da IKEA Centres Portugal e Espanha, e pelo vice primeiro ministro Paulo Portas, que veio ao Algarve propositadamente para estar presente no lançamento deste projeto.
Ainda assim, o grupo sueco trouxe algumas novidades para o lançamento do futuro Complexo Comercial do Algarve.
Desde logo, o anúncio de que esta infraestrutura, que alia uma loja da marca a um centro comercial e a uma Outlet Village, terá um conceito nunca antes testado em Portugal. Também se ficou a saber que a empresa vai assumir a sua responsabilidade social e já está a preparar um projeto de apoio a crianças, em parceria com a Câmara de Loulé.
«O projeto que vamos ter aqui em Loulé é uma evolução do que temos em Matosinhos [com o mesmo conceito loja/centro comercial]. Lá, a nossa loja só está integrada no rés-do-chão do centro comercial, não no primeiro piso, onde temos o nosso restaurante e o showroom. Aqui será inovador. Vamos ter a ligação da loja IKEA nos dois pisos», revelou António Machado, à margem da sessão.
«Desta forma, o cliente pode entrar na nossa loja, pode sair para o centro comercial e voltar a entrar, algo que não é possível nas outras lojas. Vamos ter um layout muito diferente, mas inovador, que é um teste para o Grupo IKEA», acrescentou.
Quanto ao projeto de responsabilidade social que está a ser preparado, em conjunto com a autarquia louletana, António Machado disse que ainda está numa fase de definição, mas já se sabe que «será orientado para as crianças em risco».
«O projeto com a Câmara de Loulé começou agora e, hoje, não posso adiantar mais detalhes. O que posso garantir é que ele vai existir e que é importante tanto para a Câmara de Loulé, como para o Grupo IKEA», disse.
A loja de Loulé será a quinta do grupo sueco a abrir em Portugal e juntar-se-á às já existentes na Grande Lisboa (duas) e na zona do Porto (uma), e à que será inaugurada no ano que vem, em Braga. O IKEA não pretende ficar por aqui e quer chegar «às dez lojas» em Portugal.
Câmara de Loulé agradece investimento mas lembra impactos na economia local
O investimento que o IKEA vai realizar em Loulé é bem vindo e será «muito positivo» para a economia do concelho, considerou o vice-presidente da Câmara louletana Hugo Nunes. Mas há que ter atenção e tentar mitigar os previsíveis impactos que este complexo comercial terá no comércio dos centros urbanos que a rodeiam, acredita o autarca.
«Este investimento é muito importante para o concelho e para a região. O impacto que terá na economia, já nesta fase de construção e, depois, ao nível do funcionamento, é de uma dimensão que nós temos de registar de forma positiva», salientou Hugo Nunes.
«Mas esta alteração da organização do comércio tem um efeito terrível para os centros urbanos das nossas cidades. Não é só Loulé. É também Almancil, Quarteira e mesmo Faro, que têm uma dinâmica própria, construída em torno do comércio e dos serviços», ilustrou.
O caminho passa por «encontrar alternativas que permitam que os centros urbanos continuem a ter a vida que devem ter». «Nós estamos já a lançar pequenos projetos e a falar disso com o próprio IKEA», acrescentou Hugo Nunes.
Estes impactos sócio-económicos, bem como eventuais impactos ambientais negativos, serviram de base a movimentos de contestação ao Complexo Comercial do Algarve do IKEA, nomeadamente da parte de associações ambientalistas e da ACRAL – Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve.
Da parte do IKEA, chega a garantia que o respeito pelo ambiente e sustentabilidade faz parte da matriz do Grupo. Já a contestação é considerada normal.
«Um projeto desta dimensão gera sempre opiniões diferentes e é motivo de debate. Mas nós temos visto, nas nossas redes sociais, que a maioria dos algarvios estão ansiosos por ter uma loja IKEA», disse o diretor de Expansão da IKEA, que não acredita que a abertura desta loja traga consequências nefastas, ao nível social.
Paulo Portas, por seu lado, fez questão de frisar que este projeto «é dos mais significativos, em termos de investimento, na atual legislatura e, certamente, o que mais impacto terá ao nível da criação de emprego, dos últimos anos».
Projeto é ambicioso, mas IKEA acredita no seu sucesso
Uma das dúvidas que tem surgido, em relação ao projeto que o IKEA vai implantar em Loulé, é a sua viabilidade. Isto porque há que atrair clientela não só para a loja de mobiliário e decoração, mas também para as centenas de negócios do Outlet Village e do centro comercial.
Para o grupo sueco, isso não será um problema. «Fizemos um estudo de mercado nos últimos anos, que até nem foram dos mais favoráveis para o retalho, e sabemos que este complexo tem capacidade para atrair pessoas não só do Algarve, mas de muito mais longe, incluindo da vizinha Espanha», revelou António Machado.
O diretor de Expansão do IKEA Portugal recordou que o espaço comercial outlet «também será único no Algarve» com estas caraterísticas [há já um Outlet em Olhão] e acredita que a outra valência do Complexo Comercial do Algarve, o centro comercial de mais de 300 lojas, também será um sucesso.
«Nós, até hoje, nunca fechámos nenhuma loja, nem nenhum centro comercial. Temos um bom exemplo, que é o nosso complexo de Matosinhos, que está a dois quilómetros de um outro centro comercial de referência e está sempre em crescimento», ilustrou.