Os representantes do movimento «SOS Ria Formosa – Je Suis Ilhéus» entregaram uma petição contra as demolições na Assembleia da República, esta quarta-feira, e regressaram de Lisboa com mais esperança em ver o processo de renaturalização suspenso.
«Houve bastante abertura por parte dos partidos que suportam este governo para se iniciar uma nova análise da situação das ilhas barreira e sensibilizar os decisores governamentais para que se possa chegar a uma solução diferente da que foi apresentada até ao momento», revelou o Je Suis Ilhéus, numa nota de imprensa.
«Será ainda um caminho sinuoso e difícil, mas as vontades políticas deverão conjugar uma nova realidade e essa foi a promessa que trouxemos», acrescentou o movimento.
Os representantes dos proprietários de casas nas ilhas-barreira da Ria Formosa que se deslocaram a Lisboa receberam a garantia da parte do vice presidente da Assembleia da República José de Matos Correia de que poderão apresentar os seus argumentos contra as demolições perante uma Comissão Parlamentar que será criada.
A petição a pedir a suspensão das demolições que foi entregue reuniu cerca de 4300 assinaturas, número de signatários que leva a que a petição seja, obrigatoriamente, discutida em plenário.
Os membros do movimento que estiveram no Parlamento
No penúltimo dia de 2015, após uma assembleia geral da Sociedade Polis da Ria Formosa, o presidente da Câmara de Olhão António Pina (PS) já havia garantido aos membros do movimento e aos demais manifestantes que se juntaram frente ao Chalé João Lúcio, onde decorreu a reunião, que havia um compromisso por parte do Governo em envolver mais as autarquias no processo de decisão das ações a tomar, no âmbito do Polis.
Para os ilhéus das ilhas-barreira, uma maior influência das autarquias «faz todo o sentido, e assim esperamos que venha a acontecer».
Os ativistas anti-demolições reafirmaram não estar contra a Sociedade Polis, mas sim «contra a política de prioridades dessa mesma sociedade, porque todos aqueles que vivem na Ria Formosa sabem que a poluição, através de esgotos que desaguam diretamente para a Ria e de Etars que não funcionam, é que provoca a calamidade nesta reserva natural».
«Não aceitamos de todo o facto de utilizarem a questão do meio ambiente para demolir habitações, porque o meio ambiente não são apenas flores e borboletas que tanto gostamos, o meio ambiente são as relações, nomeadamente a relação das pessoas com o meio que as envolve. Os habitantes da ria formosa não podem ser descartados desse ecossistema como se dele nunca tivessem feito parte», defende o movimento.