As obras decorrem a bom ritmo, a faturação é bem superior ao que estava inicialmente previsto e até já há uma data para a nova Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) Faro-Olhão estar «pronta e a funcionar»: dia 24 de Junho de 2018.
Joaquim Peres, presidente do Conselho de Administração da Águas do Algarve , que está a investir quase 14 milhões de euros nesta obra, fez um balanço do andamento dos trabalhos, esta segunda-feira, dia 15 de Maio, e até sugeriu, em tom de brincadeira, que, no dia de São João do próximo ano, a inauguração se poderia fazer «com uma sardinhada».
Com ou sem patuscada, há confiança da parte dos donos da obra que tudo poderá estar pronto «dentro dos prazos previstos». Hoje, poucos meses depois do lançamento da primeira pedra, já se podem ver as fundações das várias infraestruturas que aqui nascerão e estão praticamente concluídos os aterros projetados.
A velocidade com que os trabalhos estão a avançar está ligada ao facto de não ter sido necessário fazer uma paragem programada da obra, inicialmente prevista por motivos ambientais. A obra esteve para ser temporariamente suspensa a 15 de Março, para não interferir com a época de nidificação das muitas espécies de aves que vêm nesta altura do ano até à Ria Formosa, mas uma reprogramação dos trabalhos permitiu que isso não acontecesse, «sem qualquer impacto para as aves».
Esta reprogramação, devidamente autorizada pela Agência Portuguesa do Ambiente, também levou a que, cerca de seis meses depois do início da obra, já tenham sido faturados perto de 2,7 milhões de euros, em vez dos 776 mil euros inicialmente previstos.
Além das intervenções já realizadas, o consórcio responsável pela obra já faturou equipamentos que adquiriu por antecipação, o que «evitará solavancos» e que se chegue ao ponto de «ter os trabalhos de construção civil concluídos, mas não poder avançar por falta de equipamento».
Este balanço foi feito durante uma visita promovida pela Águas do Algarve que o Sul Informação acompanhou, destinada a entidades públicas da região – entre as quais duas das principais interessadas neste processo, as Câmaras de Faro e de Olhão – onde também marcou presença o secretário de Estado do Ambiente Carlos Manuel Martins, que antes de ter ido para o Governo era presidente do Conselho de Administração da Águas do Algarve.
Parte da mensagem de Joaquim Peres foi dirigida aos presidentes das Câmaras de Faro e de Olhão, que se bateram publicamente pela realização desta obra. Isto porque a nova infraestrutura permitirá desativar as velhinhas ETAR de Olhão Poente e Faro Nascente e, mais importante ainda, os sistemas de lagunagem que ali existem, geradores de maus cheiros.
Com a construção da nova Estação de Tratamento de Águas Residuais, estas lagoas de retenção serão desativadas, já que o equipamento agora em construção utilizará «uma tecnologia inovadora» para tratamento biológico, baseada em grânulos aeróbicos. Isto permitirá, não só, evitar os maus cheiros, como uma diminuição do volume de construção, uma redução das emissões de carbono e uma poupança de energia que pode atingir «os 40 por cento».
Esta ETAR também permitirá fazer o tratamento terciário das águas residuais, o que significa que, no fim da linha, sairá daqui água desinfetada, que pode ser utilizada para diversos fins. Um deles já está previamente definido, o uso interno, por exemplo, «para limpezas das instalações».
A Águas do Algarve também já está em conversações com as Câmaras de Olhão e Faro, de modo a que as duas autarquias também possam aproveitar esta água para «rega de jardins ou limpeza de ruas», entre outros fins. A água que não for aproveitada, será descarregada na Ria Formos através de um emissário de cerca de 1,5 quilómetros que liga a ETAR ao Esteiro da Garganta.
Joaquim Peres garantiu que só será lançada para o sistema lagunar algarvio água que já passou por todas as fases de tratamento, livre de elementos prejudiciais ao meio ambiente, nomeadamente de coliformes fecais.
Quanto às lagoas de retenção que hoje existem e são não só um foco de mau cheiro, mas que também podem representar um risco ambiental, serão secas e desativadas. «Depois de completa a secagem, a zona será renaturalizada. Mais à frente, falaremos com as câmaras para ver de que forma poderemos dar vida a estes espaços», revelou Joaquim Peres.
Carlos Manuel Martins mostrou-se satisfeito por ver um projeto para o qual também deu o seu contributo avançar a bom ritmo. «Também fico grato por saber que é um projeto inovador e que também contempla uma ligação com a Universidade do Algarve, para que possam a ser aqui desenvolvidos projetos académicos», acrescentou o membro do Governo.
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