Garantir a segurança, quando se fala em fornecimento de água, vai muito além de fornecer um bem que seja próprio para consumo.
Além da componente de saúde pública, há que ter em conta que o serviço é feito «sem interrupções, com pressão e qualidade».
E é isso que a Infraquinta pretende, com o Plano de Segurança da Água que lançou e foi apresentado na passada sexta-feira.
A empresa municipal louletana é a primeira entidade gestora de fornecimento de água em baixa portuguesa a lançar um plano desta natureza.
Para isso, fez uma análise aprofundada ao seu sistema de distribuição, identificou riscos e fragilidades e melhorou ou criou um conjunto de procedimentos, para que a água que entrega aos seus clientes tenha qualidade, a todos os níveis.
«Começámos a pensar neste plano em 2008, iniciámos o seu desenvolvimento em 2011 e, agora, procedemos à sua implementação», contou Ana Vicente, que coordenou a elaboração do plano.
Nesta primeira fase, o plano está a incidir, essencialmente, na organização interna. «Já implementámos procedimentos, cuidados a ter, bem como a alteração das nossas rotinas», acrescentou.
Medidas determinantes, já que a primeira linha de “defesa” são os próprios trabalhadores da Infraquinta, empresa que gere a distribuição de água no empreendimento da Quinta do Lago e noutros locais desta zona de forte pendor turístico de Loulé.
«Dar formação aos operadores é muito importante. Podemos fazer um excelente trabalho na secretária, mas se não chegarmos aos trabalhadores, mais vale colocá-lo na gaveta», ilustrou Horácio Guerreiro, técnico da Infraquinta envolvido na elaboração do plano.
No futuro, estão na calha investimentos de melhorias da rede, que podem atingir os «2,5 milhões de euros», nos próximos cinco anos, segundo o diretor da Infraquinta Victor Faria.
Ana Vicente: “Os elevados padrões de exigência dos clientes foram um dos principais incentivos”, para avançar com o Plano
Este investimento servirá para renovar partes da rede de 64 quilómetros que é gerida pela Infraquinta. «Esta rede tem, em alguns casos, 30 anos. (…) Iremos colocar novos materiais, aprovados e que podem estar em contacto com a água, pois ainda há algumas condutas de fibrocimento, que não são recomendadas», ilustrou Ana Vicente.
A ideia é evitar contaminações, já que, admite Victor Faria a água fornecida, em alta, pela Águas do Algarve, é de «excelente qualidade». O objetivo máximo é que chegue à entrada do contador do cliente final inalterada.
«Não fazia sentido estar a receber água certificada [da Águas do Algarve] e, depois, a jusante, colocar a qualidade dessa água em causa», ilustrou o responsável máximo pela empresa municipal louletana.
Já a garantia de que a água que sai da torneira do consumidor final é a mesma que entra no contador, não depende da Infraquinta. Mas não é por isso que a questão fica fora do Plano de Segurança.
«O problema da contaminação predial é o mais difícil de resolver. Por isso, vamos lançar uma campanha de sensibilização para alertar sobre esta questão, nomeadamente o abastecimento cruzado, que junta água da rede com a de furos», ilustrou.
Sendo a Quinta do Lago um empreendimento turístico de luxo, conhecido internacionalmente, este plano também servirá para elevar a confiança dos clientes na água que lhes é fornecida. Como confessa Ana Vicente, «os elevados padrões de exigência dos clientes foram um dos principais incentivos» para avançar com este Plano de Segurança.