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1,9 quilómetros a nadar, 90 quilómetros a pedalar e 21,1 a correr. É isto que Nuno Fernandes, o jovem triatleta de Portimão, terá que cumprir no domingo, dia 26 de agosto, na prova Ironman 70.3 em Salzburgo, na Áustria.

Para aí chegar, o jovem portimonense teve meses de duro treino e de intensa preparação física. Tudo para, no domingo, às 10h15 locais (9h15 em Portugal), estar preparado para se lançar numa das mais exigentes provas físicas do mundo, a do Iron Man.

O arranque da prova começa com um mergulho nas águas geladas do lago na zona de Zell am See-Kaprun. «Agora só tenho 5% de massa gorda e tenho dificuldade em aguentar temperaturas baixas», confessa o atleta. Para isso serve o fato: «em certas águas não dá para nadar sem fato, não é um luxo».

Depois seguem-se 90 quilómetros de bicicleta, pelas estradas alpinas da zona de Salzburgo, com muitos desníveis, os mesmos que irá encontrar no percurso restante da prova Iron Man, os 21,1 quilómetros de corrida, a distância de uma meia maratona. «Vai ser duro, por causa da montanha», admitiu Nuno, 22 anos, em entrevista ao Sul Informação, dois dias antes de partir.

Nuno Fernandes já partiu esta quinta-feira para a Áustria, com a mãe, que o acompanha na aventura. Lá vai encontrar-se com o primo Paulo Costa, que trabalha no Dubai mas, como é também um entusiasta por este tipo de provas, também participa no Iron Man austríaco. Foi ele, aliás, que desafiou o Nuno para as primeiras participações e que chegaram a valer ao atleta algarvio um 8º lugar na sua classe de idades no Iron Man de Singapura e a mesma posição no triatlo no Dubai.

Para se preparar para o Iron Man de Salzburgo, Nuno cumpriu nos últimos meses um programa que começava todos os dias às 6h00 da manhã, com o despertar, seguindo-se, às 7h00, uma hora de natação. À tarde, depois de sair da Universidade – sim, porque o Nuno nunca descuidou os estudos – uma ou duas horas a pedalar e a correr. «Cumpri sempre duas a três horas de treino diário nos últimos três meses», qualquer coisa como «450 quilómetros por semana de bicicleta, natação e corrida», revelou. «Eu sou um amador, mas tenho tentado ser o mais profissional possível».

 

Angariar fundos não foi fácil

 

Nuno Fernandes, na zona ribeirinha de Portimão, com o fato que vai usar no domingo

No entanto, além do treino exigente, Nuno Fernandes teve ainda que ultrapassar outros obstáculos para conseguir chegar hoje à Áustria: a angariação de apoios e de fundos para pagar as suas despesas nesta prova internacional.

Só a inscrição custou 300 euros, a que se somaram 250 euros para a viagem e outro tanto para o alojamento. Isto sem contar com a nova bicicleta que teve que comprar, mais apropriada para a prova de triatlo, mas, ainda assim, muitos furos abaixo das máquinas utilizadas por grande parte das centenas de atletas de todo o mundo que disputam o título de Iron Man.

Com muita perseverança, como é sua característica, e a ajuda de muitos amigos e empresas que confiaram nas suas capacidades, Nuno conseguiu reunir todo o dinheiro necessário.

«Para merecer este dinheiro, tinha que me esforçar, mas sem nunca pôr os estudos em causa. E consegui fazer todas as cadeiras do curso», disse.

«Não foi fácil conseguir os apoios locais, entre as empresas de Portimão, mas consegui tudo. O objetivo não era ter lucro, era ter para os gastos, e isso consegui». Da Câmara Municipal, Nuno nada recebeu, mas a verdade é que também nada pediu.

Quanto a classificações, Nuno vai logo esclarecendo que não se propôs «objetivos de pódio», nem sequer na sua categoria de idades (M18, os mais novos). «Não sou profissional, como muitos dos atletas que competem nestas provas, por isso não posso ambicionar a tanto. Mas vou tentar reduzir 25 minutos a meia hora ao tempo que fiz em Singapura [cerca de 5h00]», revelou ao Sul Informação.

É claro que, confessa, «gostava de voltar a ficar nos dez primeiros. Mas isso não depende só de nós, depende dos outros, e em Salzburgo estarão muitos alemães, que são muito fortes nestas provas». Alemães, austríacos, russo, americanos, australianos, franceses, italianos…e quatro portugueses – Nuno Fernandes, na categoria de M18, o seu primo Paulo Costa (M40), Tiago Lobo (M30) e ainda Pedro Gomes (M25).

Em Salzburgo, à beira de um paradisíaco lago aos pés dos Alpes, Nuno terá a companhia e o apoio da sua mãe. «A gente, numa prova destas, nunca tem a certeza se consegue ou não acabar. Precisamos de uma palmadinha nas costas, de quem nos dê alento, no meio de tanta gente. Em Singapura, onde fui sozinho, porque nem o meu primo lá estava, senti-me um pouco perdido», explica Nuno, com o seu jeito sincero.

Por trás dele, há então o apoio de uma série de empresas, como a Cofides, que produz o fato para a prova («um fato a sério faz toda a diferença). Os apoios monetários foram garantidos pelo Grupo Pestana, pela Feel Safe (mediador de seguros), CAT-AVS, restaurante «À Babuja», Francisco José Martins de Jesus Electricista e Esteves Online, e Praia Mar Health Club. Neste último caso, «organizaram um peditório e arranjaram 300 euros. Foi espetacular!».

Recebeu também apoios não monetários da ProNutrition, Malibu, GRide (bicicletas) e da associação O2, de Portimão. O Grupo de BTT Os Marafados também o apoiou.

E o Nuno não esquece o apoio dos seus colegas de curso e até dos professores. «A malta do meu curso tem sido impecável. Apoiam-me, ajudam-me e incentivam-me». De tal maneira que o jovem triatleta candidato a Iron Man até resolveu colocar o símbolo do seu curso no fato que vai usar no domingo, na Áustria.

No domingo, à beira do lago austríaco perto de Salzburgo, Nuno terá o apoio da sua mãe, mas certamente de muitos dos seus familiares e amigos e até de pessoas que nem sequer conhece. «Ainda hoje [terça-feira] fui treinar de manhã e uma pessoa que eu nem sequer conhecia gritou: Vai Nuno!».

E nós repetimos: Vai Nuno!!!

 

 

Corrigido às 8h40 de dia 24 – alterada a classificação do Nuno em Singapura (foi 8º) e corrigida a autoria da angariação de 300 euros, que foi feita pelo Praia Mar Health Club e não pelos Marafados.

 

 

 

 

 

sulinformacao

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