A intervenção do helicóptero pesado Kamov, na passada quarta-feira à tarde, no sapal da Ribeira de Alcantarilha, «minimizou o problema dos mosquitos», mas «não o resolveu», revelou hoje ao Sul Informação o presidente da Câmara de Silves.
O autarca disse ter informações de residentes e veraneantes em Armação de Pêra, nomeadamente «um vereador que mora na zona mais afetada pelos mosquitos», de que, nas noites de quarta-feira e de ontem, «já puderam abrir as janelas, por haver menos insetos».
«Mas estamos conscientes de que o problema não está resolvido e esta sexta-feira, como previsto, continuarão as aplicações de larvicida e de inseticida», numa intervenção coordenada pela Agência Portuguesa de Ambiente (APA), Câmara de Silves, Junta de Freguesia de Armação de Pêra e Administração Regional de Saúde do Algarve.
Rogério Pinto acrescentou que a APA «está permanentemente a monitorizar a zona, através de vários pontos de medição», estando já a verificar-se uma diminuição do volume de água no sapal e na ribeira, quer devido «ao dique que foi construído junto ao Amendoeira Golf, e que impede que mais água entre no sistema», quer devido à própria evaporação natural.
A utilização do helicóptero Kamov da Autoridade Nacional de Porteção Civil, estacionado em Loulé, foi, segundo a Câmara de Silves, o recurso a «um método que, através da combinação dos fortes ventos provocados pela força das pás do aparelho e do consequente turbilhão de águas, irá contribuir para a destruição da população de mosquitos adultos e de ovos existentes nesta área».
A operação durou uma hora, durante a qual o helicóptero sobrevoou a baixa altitude a ribeira, as suas margens e as zonas de sapal alagadas, numa intervenção acompanhada a par e passo pelo Sul Informação. O helicóptero pesado não espalhou qualquer produto ou substância, limitou-se a pairar sobre as águas e as plantas, tentando contribuir para a morte de mosquitos adultos e larvas.
O técnico da Pestox, a empresa contratada pela APA na semana passada, para ajudar a controlar a praga de mosquitos que nas últimas semanas tem afetado a zona nascente de Armação de Pêra, disse ao nosso jornal que, «com as pás enormes destes helicópteros, que estão a deslocar água e vegetação, criando uma grande turbulência, esperamos que isso possa ajudar a destruir habitat do mosquito adulto, habitat da larva, e matar bastantes adultos».
A praga de mosquitos, que tem afetado apenas a zona de Armação mais próxima do sapal situado no estuário da ribeira, deverá ter sido criada devido à conjunção de diversos fatores negativos, dizem os técnicos.
A montante da ribeira, na zona de Lagoa, os arrozais não fizeram tratamentos anti-mosquitos e depois despejaram a água, cheia de larvas, no curso aquático, enquanto as estações de tratamentos de esgotos (ETAR) e até a estação de tratamento de água (ETA) fizeram descargas anormais.
O resultado é que, após um ano muito chuvoso, os sapais e zonas alagadiças da baixa da ribeira de Alcantarilha, junto à praia de Armação, não secaram, antes pelo contrário. O calor, o orvalho e humidade da noite, tudo ajudou a que se criasse esta praga.