A Praia da Batata, na zona urbana de Lagos, vai ter, a partir deste domingo, a primeira sinalética de emergência em caso de tsunami instalada em todo o país. A data escolhida, 1 de Novembro, é o dia em que se assinalam os 260 anos do Terramoto de 1755, que deixou um rasto de destruição em todo o país, nomeadamente em Lagos, pela ação combinada do sismo e do maremoto que se lhe seguiu.
O vereador Paulo Jorge Reis, responsável pela Proteção Civil Municipal, disse ao Sul Informação que «a sinalética vai ser colocada na Praia da Batata por ser a nossa praia mais urbana, habitualmente com muita gente e boas acessibilidades».
A sinalética indica «qual o ponto de encontro e o percurso para lá chegar para onde as pessoas se devem dirigir, caso haja um sismo a que pode seguir-se um tsunami», acrescentou o vereador.
O percurso entre aquela praia e o local alto e seguro definido, o parque de estacionamento do Chão-Queimado, vai, aliás, ser percorrido no domingo, às 15h00, pelos participantes na inauguração da sinalética e na sessão evocativa dos 260 anos do Terramoto.
«Lagos é parceira do Centro Europeu de Riscos Urbanos, o CERU, e, nesse âmbito, já foi feita uma carta de risco sísmico e de tsunamis, que indica também os locais para onde a população se deve dirigir caso alguma dessas situações aconteça. No âmbito do projeto Inspired, promovido pelo CERU, este ano já produzimos um folheto com essa informação e agora vamos inaugurar esta sinalética», disse ainda Paulo Jorge Reis. Trata-se da primeira sinalética instalada no Algarve e mesmo no país.
A sessão evocativa dos 260 anos do Terramoto de 1755, que se segue à inauguração da sinalética, às 16h00, terá lugar na Fortaleza Ponta da Bandeira, ao lado da Praia da Batata.
Serão oradores o arquiteto Frederico Mendes Paula, da Câmara de Lagos, que falará sobre «O Terramoto de 1755 em Lagos», Paula Teves Costa, presidente do CERU, que explicará o enquadramento da sinalética no projeto Inspired, o vereador Paulo Jorge Reis, que dará a conhecer as ações de sensibilização da Proteção Civil Municipal no âmbito do Risco Sísmico e de Tsunami.
A sessão é encerrada por Maria Joaquina Matos, presidente da autarquia, que abordará a forma como a Câmara de Lagos tem tratado a prevenção do risco no município.
O projeto Inspired dá continuidade ao projeto VULRESADA, desenvolvido pelo Centro Europeu de Riscos Urbanos de Lisboa (CERU) e pelo Centre Euro-Méditerranéen pour l’Évaluation et la Prévention du Risque Sismique de Rabat (CEPRIS), com a colaboração de investigadores portugueses ligados ao Instituto Dom Luiz, da Universidade de Lisboa, e de investigadores marroquinos do Centre National pour la Recherche Scientifique et Technique de Rabat (CNRST), que caracterizou a perigosidade sísmica e de tsunami nas cidades de Lagos e Cascais, em Portugal, e de Tânger e M’Dieq, em Marrocos.
O projeto Inspired, desenvolvido em 2014 e 2015, que conta também com a participação do Centro Universitário Europeu para os Bens Culturais de Ravello, Itália (CUEBC), tem como objetivo informar e envolver a população na implementação de medidas preventivas e preparativas, de forma coordenada com as autoridades de proteção civil.
É dada uma atenção especial à situação dos cidadãos com mobilidade condicionada, propondo-se medidas que contribuam para melhorar as suas condições de reação face ao risco.
«O conhecimento dos riscos, bem como a implementação de ações de prevenção e proteção no seio da população, vão diminuir a vulnerabilidade da comunidade e aumentar a sua resiliência, podendo estas metodologias ser posteriormente aplicadas a outras cidades europeias e norte-africanas», salientam os responsáveis pelo projeto.
