O protocolo entre a Câmara Municipal de Loulé e o CESNOVA – Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa foi assinado na sexta-feira, visando dar continuidade ao projeto “Rede de Escolas de Excelência – ESCXEL”, em vigor desde 2008, mas que entra agora num novo ciclo.
Este projeto tem vindo a constituir-se como referência nacional e internacional, de como a cooperação entre instituições públicas pode mobilizar recursos e vontades com vista a propiciar a um número cada vez mais alargado de alunos a qualidade de ensino e o sucesso educativo que todos anseiam.
No caso de Loulé, integram esta iniciativa os agrupamentos de escolas Drª Laura Ayres, Engº Duarte Pacheco, Padre Cabanita, Almancil e Secundária de Loulé.
Capacitar as escolas e as comunidades (alunos, professores, pais, cidadãos e decisores políticos) para a promoção da excelência educativa, capacitar tecnicamente e assessorar o Município para a adoção de planos e estratégias de desenvolvimento educativo local, identificar, difundir e monitorizar as “boas práticas” escolares, desenvolver modelos de monitorização do desempenho e autoavaliação das escolas e produzir conhecimentos científicos sobre as dinâmicas educacionais, sociais e culturais do Município de Loulé são os principais objetivos delineados pela Rede ESCXEL.
Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, manifestou a sua satisfação pela “renovação” deste acordo que permitirá “qualificar, avaliar e ter um instrumento de medição e análise dos projetos educativos”.
Por outro lado, o autarca acredita que os trabalhos desenvolvidos no âmbito deste projeto permitirão “dar corpo e consistência ao Projeto Educativo Municipal”.
Quanto à performance do 1º Ciclo nesta primeira fase da Rede Escolas de Excelência no Concelho de Loulé, o autarca sublinhou ser necessário “um trabalho conjunto, com grande envolvimento dos diretores das escolas e dos professores, por forma a melhorar os resultados”.
Outro dos desafios que se coloca agora, e que ainda não foi totalmente ultrapassado, passa, segundo o edil, por dotar alguns edifícios escolares de melhores condições, nomeadamente ao nível da sua reabilitação.
É o caso da Escola EB 2,3 D. Dinis, em Quarteira, “um problema que ainda não foi resolvido” uma vez que, segundo um acordo assinado em 2010, haveria uma verba de mais de 100 mil euros destinada a esta intervenção.
“Gostaríamos de aproveitar este trabalho no âmbito da Rede ESCXEL para dar argumentos e consistência junto do Ministério da Educação para que esta obra se concretize”, disse ainda o presidente da Câmara Municipal de Loulé.
Se neste primeiro ciclo, a “colaboração e confiança” entre as entidades envolvidas foi o principal desafio, como referiu David Justino, coordenador desta Rede e ex-ministro da Educação, a partir de agora novas apostas serão feitas, nomeadamente a potenciação das configurações escolares resultantes dos processos de reagrupamento de escolas, repensando os projetos educativos das escolas, a forma como cada um deles se insere nos respetivos territórios, os problemas de integração de culturas escolares diferenciadas e a reformulação do papel do Município no desenvolvimento educativo local.
Em termos de balanço dos resultados obtidos no Concelho de Loulé, este responsável do CESNOVA sublinhou o facto de “os resultados terem vindo a melhorar paulatinamente e as médias estarem a aproximar-se dos resultados nacionais”, fruto também “do esforço enorme da parte das escolas naquilo que são as suas práticas e ações de gestão”.
No entanto, David Justino adiantou que no caso do 1º Ciclo não houve uma evolução dos resultados pelo que merecerá agora “uma atenção redobrada”. Como tal, pretende-se, até ao final do ano, ouvir os professores e responsáveis do 1º ciclo, delineando um plano de acompanhamento e intervenção neste nível de ensino.
O coordenador da Rede ESCXEL falou ainda da necessidade em capacitar os alunos para ações complementares, por forma a contrariar o quadro social do Concelho onde existe uma “forte divergência social”.
Por último, David Justino deixou um “compromisso de honra” quanto ao novo ciclo desta rede. “Não basta fazer o que temos feito, temos que fazer melhor, ir mais além, tentando reunir o apoio das escolas e dos agrupamentos para que possamos responder às exigências e necessidades da comunidade local, para que haja uma resposta com mais trabalho e melhores resultados”, disse ainda.
De entre as estratégias e instrumentos de implementação nesta fase destaca-se o diagnóstico social e educativo do Município, o diagnóstico educativo e organizacional das escolas e agrupamentos de escolas do Município, os planos municipais de desenvolvimento educativo, seminários de boas práticas, plataforma digital de difusão e promoção de boas práticas pedagógicas e organizacionais, modelos de monitorização de desempenho, modelos de autoavaliação das escolas, relatórios anuais de progresso e fóruns de discussão dos relatórios anuais de progresso.
Este protocolo vigorará durante um ano, de forma a adequá-lo à duração dos ciclos escolares e assim facilitar a avaliação dos efeitos das mudanças organizacionais, e também uma redução dos custos do projeto resultantes da redução do número de unidades escolares que serão objeto de monitorização e da rotinização dos modelos de avaliação.
A par de Loulé, Batalha, Castelo Branco, Constância e Oeiras foram os municípios fundadores desta Rede, juntamente com 37 escolas e agrupamentos de escolas parceiras.