Os polos urbanos de Quarteira e Vilamoura vão estar, «finalmente, fisicamente ligados», assim que estejam concluídas as obras de requalificação urbanística da Zona Costeira Poente desta cidade do concelho de Loulé, mais conhecida como Passeio das Dunas.
A intervenção já começou e prevê-se que esteja concluída dentro de «pouco mais de um ano».
O ato de consignação da obra teve lugar ontem, quarta-feira, numa cerimónia com propositada pompa e circunstância. «Não é muito normal ter um ambiente tão formal num ato de consignação de uma obra, mas esta não é uma obra qualquer», considerou o presidente da Câmara de Loulé Vítor Aleixo, durante a sessão em que a autarquia oficializou a contratação da obra à empresa Saraiva e Filhos.
Esta intervenção é especial, defendeu o edil, por ser «há muitos anos aguardada pela população de Quarteira». «Esta obra é, sobretudo, um sonho, alimentado há muitos anos por todos os quarteirenses, mas é também importante para os interesses económicos de Vilamoura, que também têm a ganhar», considerou.
O processo teve, ao longo de cerca de 13 anos, «indecisões, avanços e recuos, com concursos de ideias e outras iniciativas pelo meio». «Por nós, esta obra já há muito estaria concluída. Mas, o passado é o passado, o que interessa é o futuro», disse.
A obra acaba por ser especial, não apenas por ser muito desejada, mas também por outros fatores, como o investimento que motivará, que andará perto dos 3 milhões de euros, e pelo facto de ser uma intervenção «mais amiga da natureza», que troca a intervenção pesada, ao nível da construção, por um conceito que passa, essencialmente, pela renaturalização de «uma zona tampão absolutamente degradada».
«Vamos ter dunas, vamos ter espaços verdes, com aquela que é a vegetação autóctone da zona, passeios para ser usufruídos por caminhantes e ciclovias. No futuro, iremos ter, também, dois apoios de praia», descreveu Vítor Aleixo.
Durante muitos anos, na zona onde este projeto será implantado, existiu o Bairro dos Pescadores, um núcleo de barracas, com um historial problemático, que foi, entretanto, demolido. Desde há alguns anos que é possível aceder a Vilamoura, também de carro, por uma estrada de alcatrão, ladeada por terrenos baldios. A partir de hoje, esta estrada estará fechada.
Quando reabrir, a estrada apenas dará acesso ao parque de estacionamento que será construído junto ao Porto de Pesca, já que o Passeio das Dunas não irá ter vias para automóveis.
Esta obra também irá resolver os problemas associados à «Vala Real», uma linha de água criada para a drenagem do antigo morgado de Quarteira, para onde correm águas pluviais da cidade, «que tem motivado muitas queixas da parte da população, desde há muitos anos». A «Vala Real» irá ser tratada e tapada em boa parte da sua extensão, junto ao Passeio das Dunas.
A «ligação que faltava» entre Quarteira e Vilamoura
«Esta era a ligação que faltava», considerou Vítor Aleixo, que frisou a mais-valia que a requalificação deste espaço pode trazer aos agentes económicos locais. Até porque, considerou, permitirá que se esbata «a ideia que há uma localidade de primeira categoria e outra de segunda», naquela freguesia do concelho de Loulé.
Foi a pensar nos agentes económicos que se aguardou pelo final de setembro, para começar a obra. «A intervenção até podia ter começado antes do Verão, mas não quisemos prejudicar a atividade turística, nomeadamente o Hotel Crowne Plaza», situado na zona de intervenção, disse o edil louletano.
Apesar disso, haverá obras durante o próximo Verão, mas o autarca louletano garante que tudo será feito «para causar o mínimo de incómodo à atividade turística».
«A economia local ganha muito com este tipo de obras. E com os investimentos que fazemos devemos, também, potenciar e dinamizar a atividade económica do concelho», acrescentou Vítor Aleixo, em relação aos quase 3 milhões de euros que a autarquia vai investir na intervenção.
Já o presidente da Junta de Freguesia de Quarteira Telmo Pinto considerou que esta nova ligação assume grande importância pelo impulso que pode dar às relações entre as duas localidades que unirá. «As pessoas que passam férias em Vilamoura gostam de vir aqui à cidade, às praças, à restauração e conhecer este ambiente», disse.
«É importante para Quarteira ter um resort como o de Vilamoura na freguesia. (…) Mas o turismo de Vilamoura também necessita de Quarteira, em várias medidas. Complementam-se», reforçou.
