A Liga para a Proteção da Natureza (LPN) endereçou esta segunda-feira uma carta ao Capitão dos Portos de Portimão e Lagos para «exprimir a congratulação dos membros desta associação pelo esforço desenvolvido na defesa da biodiversidade do mar da costa portuguesa» e felicitar «pelo sucesso da recente apreensão de coral vermelho».
Em carta assinada por Alexandra Cunha, presidente da direção nacional de LPN, a associação pede que as suas felicitações sejam transmitidas também «à equipa que esteve no terreno, na certeza de que toda a sociedade portuguesa se orgulhou deste ação em prol da defesa da natureza».
A LPN informa ainda, na mesma carta, que vai contactar de imediato a Secretaria de Estado do Mar e o ICNF para exigir o levantamento da distribuição das zonas mais importantes para proteção expressa desta espécie na costa portuguesa, e mais apoio às ações de fiscalização.
A Polícia Marítima anunciou ter apanhado, na sexta-feira passada, seis homens – três portugueses e outros tantos espanhóis -, ao largo do Algarve, a fazer a apanha ilegal de um tipo raro de coral vermelho de águas profundas, com recurso a equipamento sofisticado de mergulho profundo.
Segundo a Polícia Marítima, os suspeitos tinham montado uma operação muito sofisticada, já que contavam mesmo com o apoio de uma câmara hiperbárica, instalada a bordo de uma das embarcações, espanhola, permitindo mergulhos a profundidades de 90 metros.
A LPN recordou, na carta enviada à Capitania de Portimão, que, em Portugal, a distribuição e estatuto de conservação desta espécie são desconhecidos, «o que faz com que esta seja ainda mais vulnerável a ações depredadoras da biodiversidade marinha como a que acabámos de assistir».
Apesar desta espécie não estar ainda incluída na CITES, não obstante recentes esforços nesse sentido pela IUCN, os corais vermelhos da espécie Corallium rubrum são espécies presentes no Habitat 1170 – Recife rochoso da Diretiva Habitat, no Anexo V (espécies com necessidade de regulamentação) da Diretiva Habitat, na lista de espécies protegidas no Mediterrâneo pela convenção de Berna (Anexo III) e ainda, desde Novembro de 2011, proposta para ser incluída na lista de espécies vulneráveis e em declínio da OSPAR, para Portugal e Espanha.
Estas espécies são organismos muito vulneráveis, pois têm um ciclo de vida muito longo, crescendo apenas 0,25 a 1,5 mm por ano e só atingindo a maturidade sexual aos 7-12 anos de idade. Pelo tamanho das espécies apreendidas na ação da Polícia Marítima ao largo da costa algarvia, os corais terão idade superior a 40 anos.
A LPN acrescenta que, «face a uma procura muito intensa e baixa capacidade de recuperação, trata-se de uma espécie extremamente frágil, pelo que diversos investigadores e ambientalistas têm lançado várias campanhas de sensibilização do público em geral e da indústria de joalharia para a sua não utilização, tendo obtido resultados encorajadores de ambas as partes».