Luciano Jesus vai mesmo avançar com uma candidatura independente à Câmara de Olhão, embora não enjeite eventuais apoios de «quatro ou cinco partidos» que já o contactaram nesse sentido. O ex-presidente do PS/Olhão, que deixou recentemente de ser militante socialista, diz que a lista que irá apresentar «inclui pessoas da Esquerda, mais ao Centro e à Direita» do espetro político, com o enfoque a ser colocado «num projeto bom para Olhão».
Como o Sul Informação avançou há uma semana, Luciano Jesus ponderou avançar com uma candidatura independente a partir do momento que se desvinculou do PS, na sequência da rutura entre a direção da Comissão Política concelhia e o presidente da Câmara, o socialista António Pina. Desde então, o ainda presidente da Junta de Freguesia de Olhão recebeu «muitos apelos da sociedade civil», que o fizeram oficializar a sua intenção de se propor a presidente da Câmara deste concelho.
Na última semana, o futuro candidato também foi convidado por «quatro ou cinco partidos». «Falámos com três e ficámos de dar resposta. Também há dois partidos dispostos a abdicar das suas candidaturas em nosso favor», revelou Luciano Jesus, em declarações ao nosso jornal.
Um dos interessados, apurou o Sul Informação, é o PSD. A intenção de convidar Luciano Jesus a ser o candidato por este partido terá mesmo sido avançada pelo presidente da Comissão Política distrital David Santos na última reunião deste órgão, segundo diversas fontes.
O ex-presidente do PS/Olhão não confirma esta situação – «ouço muita coisa, às vezes a informação é contraditória» -, mas também não nega ter sido abordado pelos social-democratas. O que garante é que a sua candidatura «será sempre independente, como acontece noutros pontos do país e do mundo» e até já tem um nome escolhido, que «será anunciado em breve». Caso venha a aceitar o apoio de um ou mais partidos, estes serão «identificados nos cartazes e nos boletins de voto», acrescentou.
O projeto de Luciano Jesus parece seguir a linha do de Rui Moreira, que em 2013 conquistou a Câmara do Porto à frente de uma lista independente, com apoio do CDS-PP. Em 2017, o presidente da Câmara do Porto recandidata-se como independente, mantendo o apoio dos centristas. O PS também chegou a anunciar o apoio ao atual edil portuense, abdicando de uma candidatura própria, mas as duas partes entraram em rutura e o acordo não avançou.
Luciano Jesus fala, de resto, de uma candidatura «independente e aglutinadora», onde a orientação política dos que vierem a integrá-la não é importante, desde que partilhem com ele «um projeto comum e coincidente para melhorar o concelho».
«Esta é uma candidatura da sociedade civil, aberta a todos os apoios, quer de independentes quer de partidos, e por isso nos próximos dias iniciarei contactos com o objetivo de fortalecer este movimento, conducente à concretização de uma grande coligação, que visa a defesa de Olhão, com e para todos os olhanenses, sem exceção», lê-se num comunicado enviado às redações pelo futuro candidato.
Esta abertura já valeu criticas a Luciano Jesus nas redes sociais, nomeadamente de ex-camaradas socialistas que falam já em «traição», tendo em conta as informações de que haveria interesse do PSD em ter o antigo militante do PS como cabeça de lista.
Acusações que o autarca olhanense antecipa que possam intensificar-se. «Muitas vão ser as forças a tentar silenciar-me, condicionar-me, acusar-me das mais diversas tropelias, caluniar-me, tentar colar-me o rótulo de “vira-casacas”, tentando por qualquer meio consumar os seus intentos de assassinato político», acredita.
A apresentação oficial da candidatura não acontecerá «antes de Julho», até porque ainda há muito que definir. Luciano Jesus e os seus apoiantes estão já a preparar o processo de recolha de assinaturas, que «poderá até nem ser necessário», caso aceite o apoio de partidos, o que «dispensaria todo este processo».