O Embaixador de Portugal junto do Conselho da Europa (Estrasburgo) e «uma das mais proeminentes figuras da poesia nacional da atualidade» Luís Castro Mendes vai estar na Biblioteca de Loulé amanhã, quinta-feira, às 21 horas, como convidado da iniciativa «Discursos Diretos», para falar sobre a sua obra poética. A sessão será apresentada pela escritora algarvia Lídia Jorge.
Apesar de ser a primeira vez que visita oficialmente Loulé, Luís Castro Mendes tem fortes raízes familiares neste concelho algarvio. O seu avô foi o arqueólogo José Rosa Madeira, natural do Ameixial, que descobriu a primeira estela com a Escrita do Sudoeste, «a que já se chamou com inteira propriedade Escrita Algarvia».
A iniciativa, com entrada livre, é promovida pela Comissão Concelhia das Comemorações do 25 de Abril.
Sobre Luís Filipe Castro Mendes:
«Nasceu em 1950, em Idanha-a-Nova, devido à deslocação profissional de seu pai (jurista em Faro). Ainda muito cedo, entre 1965 e 1967, foi colaborador do jornal Diário de Lisboa-Juvenil e também do Juvenil e do Suplemento Literário do diário República. O avô louletano de Luís Castro Mendes, além de arqueólogo era relojoeiro estabelecido em Loulé, na Av. Marçal Pacheco, e foi o primeiro a recolher os versos de António Aleixo, recolha que em grande parte deu origem ao livro inicial do grande poeta popular.
Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, Luís Castro Mendes desenvolveu, a partir de 1975, uma brilhante carreira diplomática sucessivamente em Luanda, Madrid e Paris, foi Representante Permanente de Portugal na UNESCO em Paris, depois Embaixador na Índia, e, atualmente, é o chefe da missão portuguesa junto do Conselho da Europa, em Estrasburgo. É uma das vozes mais respeitadas no Palácio das Necessidades.
A obra de Luís Filipe de Castro Mendes, enquadrável numa estética pós-modernista, revela um universo enigmático onde o fingimento e a sinceridade, o romântico e o clássico, a regra e o jogo levam até às realizações mais lapidares expressivas O Jogo de Fazer Versos. Desde Recados (1983), o seu livro de estreia, onde problematiza quer a relação entre o sujeito e a realidade pela impossível nomeação que inscreve a poesia entre a palavra e o silêncio (“Quanto te disse, toma-o pelo mais claro do silêncio que nos coube”), quer a relação entre o eu e o outro, numa última parte composta por uma série de mensagens dirigidas a destinatários identificados pelo nome próprio; até Correspondência Secreta (1995), obra fundada sobre a invenção histórico-ficcional e sobre o exercício de paródia, reunindo uma série de textos (monólogos, cartas, poemas) atribuídos a figuras literárias (Marquesa de Alorna, Filinto Elísio, Cavaleiro de Oliveira, entre outros) na charneira entre o classicismo e o pré-romantismo, a obra de Luís Filipe Castro Mendes tem ainda como traço distintivo a capacidade de renovar, com inquestionável mestria, as experiências de escrita.
A sua obra é marcada por duas características: a intertextualidade (com referências a escritores como Emily Dickinson, Rike, Nietszche, Jorge Luís Borges, Rimbaud, entre outros) e o tratamento de formas poéticas tradicionais, como o soneto.
Areias Escuras (1984), Seis Elegias e Outros Poemas (1985), galardoado com o prémio da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, A Ilha dos Mortos (1991), O Jogo de Fazer Versos (1994) e Outras Canções (1998) são ainda exemplos de outras obras deste autor. Lendas da Índia e Misericórdia dos Mercados são dois dos seus mais recentes livros».