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Presidente Luís Gomes_CM VRSA_3«Como é que é possível nós termos estado trinta anos à espera de umas dragagens que custam 600 mil euros? É absolutamente inaceitável!». As palavras são de Luís Gomes, o social-democrata que é presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, em reação ao início da intervenção de dragagem, que começou no início deste ano e foi apresentada na passada quarta-feira, em Ayamonte.

Em entrevista ao Sul Informação, Luís Gomes disse que «este Governo e a Junta da Andaluzia ficam na história por terem proporcionado esta dragagem». Mas o atraso de trinta anos no início das dragagens «é claramente um atestado de incompetência aos políticos que, ao longo dos tempos, dos dois lados da fronteira, não souberam mobilizar nem os meios, nem a pressão política para que a intervenção fosse uma realidade», frisou.

Luís Gomes: Atraso de 30 anos «é claramente um atestado de incompetência aos políticos que, ao longo dos tempos, dos dois lados da fronteira, não souberam mobilizar nem os meios, nem a pressão política para que a intervenção fosse uma realidade»

A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, a Junta de Andaluzia, e as Câmaras Municipais de Vila Real de Santo António e Ayamonte apresentaram, na quarta-feira, no cais de Ayamonte, a obra de dragagem da foz do Rio Guadiana, cujos trabalhos arrancaram no início de 2015.

Esta, que é a primeira fase do desassoreamento do Guadiana, permitirá que a barra do rio recupere uma profundidade mínima de 3,5 metros e está avaliada em 723 mil euros.

A intervenção, que se prolongará até Março, tem por base o memorando de entendimento assinado em Lisboa, em 2014, entre o Governo Português e a Junta de Andaluzia, e está a ser conduzida pela Consejería de Fomento y Vivienda da Andaluzia.

VRSA_guadiana_1A intervenção contempla duas fases – uma primeira, já em curso, e que está a ser executada pelos espanhóis, de dragagem da foz do Guadiana.

A segunda fase, a arrancar em breve, tem a ver com a sinalização e navegabilidade do Guadiana, da ponte internacional para cima, e é da responsabilidade de Portugal.

A dragagem irá incidir numa zona de 1250 metros de comprimento por 60 metros de largura, devendo ser retirados cerca de 55 mil metros cúbicos de sedimentos do fundo do Rio Guadiana, que serão utilizados para realimentar as praias mais próximas da foz.

Durante a cerimónia, David Santos, presidente da CCDR Algarve, destacou a importância da Eurocidade do Guadiana neste processo e enumerou as vantagens económicas e turísticas desta intervenção para os municípios raianos de VRSA, Castro Marim e Ayamonte.

Na sua entrevista ao Sul Informação, o presidente da autarquia vilarrealense sublinhou que o atraso nas dragagens «cortou as pernas ao Guadiana e cortou as pernas a um conjunto de possibilidades dos concelhos de Vila real de Santo António, Aymonte e de todos os que estão aqui à volta do Guadiana».

Luís Gomes deu exemplos: «durante 30 anos, matou-se as pescas porque não havia condições para entrarem barcos com maior calado na foz do Guadiana».

guadiana_alcoutimCom a intervenção agora em curso, o autarca defende que as possibilidades que se abrem «são imensas». «Quando as dragagens estiverem feitas, poderá chegar aqui ao porto de VRSA outro tipo de embarcações, mesmo da náutica de recreio. São novas potencialidades marítimo-turísticas da marina de VRSA e da Eurocidade do Guadiana que podem agora ser exploradas».

O edil, que classifica a intervenção na foz do Guadiana como «estratégica», admite que o porto de recreio de VRSA «não está preparado para barcos diferentes, de maior calado e dimensão. Mas as dragagens permitem criar oportunidade, em VRSA, para a expansão do porto de recreio ou para a construção de outros portos de recreio, que atraiam barcos com outras dimensões».

Luís Gomes: «600 mil euros são duas rotundas», por isso é «ridículo» o tempo que as dragagens estiveram à espera

Luís Gomes, que é também o presidente do PSD/Algarve, critica a falta de visão que levou ao adiamento da obra. «Porque, por vezes, não há objetividade na política, dificultou-se uma intervenção com muito boa relação custo/benefício e cujo custo não é, de modo algum, significativo». É que, sublinhou, «600 mil euros são duas rotundas», por isso é «ridículo» o tempo que as dragagens estiveram à espera.

Mas o autarca faz questão de avisar que a atenção ao Guadiana não se pode ficar pela intervenção que já começou. «É dinheiro jogado ao rio se nós esgotarmos o trabalho das dragagens agora. Obriga a uma dragagem todos os anos. O trabalho que está agora a ser feito de remoção dos sedimentos dos fundos fica estragado se não garantirmos a sua gestão futura».

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