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Mendes Bota escreveu vários livros, dois dos quais de poesia, e teve, ao longo da sua vida, uma forte ligação à música. Mas a razão principal para ter sido agraciado, este sábado, com o Prémio Regional Maria Veleda, atribuído pela Direção Regional de Cultura do Algarve, foi a sua atividade política e cívica em prol dos direitos das mulheres.

O antigo presidente da Câmara de Loulé, eleito pelo PSD, que também foi deputado à Assembleia da República e Eurodeputado, entre muitos outros cargos políticos, recebeu o prémio ontem, dia 16 de Dezembro, numa cerimónia que teve lugar no Cine-Teatro Louletano, no centro da sua cidade.

«Foi uma surpresa, para mim. Estou a trabalhar e a residir no estrangeiro e as minhas vindas a Portugal e ao Algarve são raras. Daí ter sido totalmente surpreendido com a atribuição do prémio e, até, com a candidatura, que foi feita sem eu saber. Mas é evidente que fico satisfeito», confessou Mendes Bota, numa conversa com o Sul Informação e a Rádio Universitária do Algarve, à margem da sessão.

O culpado pela nomeação foi Nuno Vaz Correia, um confesso admirador de Mendes Bota e do seu trabalho. «Achei que estava na altura das pessoas saberem um pouco mais sobre aquele que foi o percurso de Mendes Bota, as suas causas e, especialmente, o trabalho que desenvolveu nos últimos anos e que são um verdadeiro marco na história de milhares e milhares de mulheres por esse mundo fora», resumiu o proponente da candidatura.

A sessão de ontem serviu não apenas para entregar o prémio, mas também para dar a conhecer um homem que, apesar de ser amplamente conhecido pela sua atividade política – a nível regional, mas também nacional e internacional – sempre demonstrou ser muito mais do que isso.

Basta dizer que Mendes Bota, além de autor de 15 livros, fundou a sua própria editora, ajudando outros escritores algarvios a ser publicados. Também a música foi uma paixão de sempre.

Paixão, mas também perseverança na defesa de causas, é, de resto, um dos traços que, segundo os muitos e ecléticos testemunhos que se ouviram na sessão, caraterizam o vencedor da edição de 2017 do prémio Maria Veleda. E uma das suas muitas batalhas, e provavelmente a que lhe deu maior visibilidade, foi aquela que lutou no Parlamento Europeu em prol da igualdade entre homens e mulheres e contra a violência de género.

«Mais do que o reconhecimento público, que agradeço, o importante é o simbolismo de um homem que se tem dedicado a estas causas ganhar este prémio. Porque isso dá uma visibilidade às causas: a igualdade de género, a violência contra as mulheres, a questão do tráfico de seres humanos e a prostituição a ele associada», disse Mendes Bota.

É que o antigo Eurodeputado português é um dos grandes obreiros da chamada Convenção de Instambul, já ratificada pelos diferentes Estados-Membro da União Europeia, que pode ser vista como um guia de boas práticas na promoção da igualdade entre homens e mulheres e no combate à violência doméstica e ao tráfico de mulheres.

«Já estou nesta causa desde 2005, embora tenha antecedentes na causa pró igualdade de géneros [em 1997, antes da lei o obrigar, apresentou uma lista à Câmara de Loulé com a mesma percentagem de homens e mulheres]. Ainda não estamos na igualdade, ainda há um longo combate a travar, mas estamos nesse caminho», considerou.

Este percurso de vida de Mendes Bota foi aquilo que levou o júri deste prémio, que junta personalidades de diversas áreas, entre as quais a escritora Lídia Jorge e o ex-reitor da Universidade do Algarve António Branco, a escolher Mendes Bota como o premiado.

Até porque a algarvia Maria Veleda foi, acima de tudo, uma ativista pela igualdade de direitos das mulheres no pós-implantação da República, tornando-se um ícone do movimento feminista português.

«Este prémio não se esgota na questão da igualdade de género, de oportunidades e na luta contra a violência ou a exclusão social. Mas a candidatura de Mendes Bota era a mais forte nesses critérios, que também estão incluídos no prémio Maria Veleda», ilustrou a diretora Regional de Cultura do Algarve Alexandra Gonçalves.

A outra vertente deste galardão é a do desenvolvimento cultural, «à qual Mendes Bota também tem uma ligação, como ficou aqui bem comprovado».

Em 2017, terminou o primeiro ciclo do Maria Veleda, de quatro anos. Neste período, além do homem que ontem recebeu o galardão, foram agraciados com este prémio Margarida Tengarrinha e José Louro.

Isto não significa que o prémio vá acabar. Alexandra Gonçalves afirmou mesmo que «haverá nova edição em 2018».

«O prémio continua e vai-se renovar. Teremos de fazer um balanço do que foram estes quatro anos, pois podemos sempre melhorar. E verificar novamente o júri, porque os atuais membros já cumpriram a sua missão. Queremos continuar a atribuir este galardão de reconhecido mérito a personalidades algarvias», disse Alexandra Gonçalves.

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