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Macário Correia_Administrador-delegado Algar_1A Algar prevê fazer investimentos «de mais de duas dezenas de milhões de euros», na melhoria das suas instalações, espalhadas pelo Algarve, mas também em novas infraestruturas, até 2020.

Além de se adaptar às crescentes exigências da União Europeia e do Estado Português para o setor ambiental e de tratamento de resíduos, a empresa algarvia vai continuar a apostar na produção de energia, um setor que já tem um peso muito considerável no volume de negócios da Algar.

«Em 2014, começámos a pensar no futuro, a médio prazo. Elaborámos um plano para aproveitar este quadro de fundos europeus que começou. Temos um Plano Estratégico até 2020, que cumpre as metas que vêm da União Europeia e as que vêm do Governo português, no que toca aos índices de recuperação de materiais recicláveis e o depósito em aterro. Isso implica  alguns investimentos em equipamentos novos, que teremos de pôr a funcionar», resumiu o administrador-delegado da empresa Macário Correia, numa entrevista exclusiva ao Sul Informação.

Macário Correia: “Vamos gastar, seguramente, mais de duas dezenas de milhões de euros nos próximos anos em equipamentos vários, focados, essencialmente, em Portimão e São Brás de Alportel”

Um dos primeiros investimentos que constam deste plano elaborado pela empresa que faz a gestão dos resíduos, no Algarve,  é na área da energia.

Dentro «de dias» vai começar a obra de instalação de painéis solares fotovoltaicos na sede da Algar, em São João da Venda, Faro, que, quando estiverem em funcionamento, irão tornar este complexo, que junta a área administrativa da empresa a uma central de triagem e outros serviços, «totalmente autossuficiente do ponto de vista energético, pelo menos durante o dia», revelou.

A obra custará «cerca de 200 mil euros», comparticipados pela União Europeia, mas não demorará muito tempo a pagar-se. «Estimamos que este sistema nos permita uma poupança na ordem dos cem mil euros por ano, só nestas instalações», disse Macário Correia.

Esta obra estará pronta ainda este ano e passará, por exemplo, por criar uma estrutura no parque de estacionamento «em que os carros ficam à sombra, enquanto os painéis solares por cima da estrutura estão a produzir energia para alimentar as nossas instalações».

 

Investimentos centrar-se-ão em Portimão e São Brás de Alportel

Aterro Sanitário do Barlavento AlgarAlém desta obra, há muito mais na calha para 2015 e os seis anos que se seguem. «Em 2015, o que temos aprovado pela administração é o arranque de uma unidade de trituração de plásticos, dentro de poucos dias, em Portimão, colocar em funcionamento pleno a Central de Valorização Orgânica de São Brás de Alportel e colocar em funcionamento pleno uma unidade de tratamento mecânico de resíduos em Portimão», enumerou.

«Ao mesmo tempo, vamos lançar a empreitada de uma nova célula no aterro do Sotavento, no Barranco do Velho, e fazer o encosto de duas das células do aterro de Portimão, bem como adquirir 11 camiões novos. Além disso, teremos uma nova oficina aqui nas instalações de São João da Venda, antes do final do mês», acrescentou.

«A médio prazo, o plano aponta para investimentos em vários pontos da região, que ainda estão a ser afinados. Mas vamos gastar, seguramente, mais de duas dezenas de milhões de euros nos próximos anos em equipamentos vários, focados, essencialmente, em Portimão e São Brás de Alportel», antecipou Macário Correia.

O atingir das metas impostas também vai passar por uma relação mais aprofundada com as autarquias algarvias, que são sócias da Algar e também clientes da empresa.

«Estamos a lançar o desafio às Câmaras para passarmos a um outro patamar na recolha de resíduos e passar para um serviço porta-a-porta. Colocámos a questão a todos de forma igual e houve dois que demonstraram vontade de assumir a liderança, neste domínio: Portimão e São Brás de Alportel».

Assim, ao longo de 2015, «vai começar a ser feita, em certas zonas destes dois concelhos, este tipo de recolha, em que, em vez de as pessoas terem de se preocupar em ir a um ecoponto, haverá uma viatura que passará regularmente que recolherá o material a recuperar, de uma forma pioneira, ainda pouco utilizada em Portugal».

 

Produção de energia é grande aposta

Macário Correia_Administrador-delegado Algar_2O core bussiness da Algar não é a produção de energia elétrica, mas esta vertente, lançada há cerca de dez anos com a instalação da primeira unidade de recuperação de biogás nos aterros geridos pela empresa, é já uma fonte de rendimento de respeito.

«Os aterros não são algo com futuro, são seguramente um equipamento que cairá em desuso no futuro. Mas, enquanto existem, têm de ser aproveitados. O biogás, através das telas e das tubagens que se instalam, é recolhido, é queimado e produz energia elétrica», enquadrou Macário Correia.

«Por esta via, a Algar vende, por ano, cerca de 2,5 milhões de euros em energia elétrica, que é introduzida na rede. A tendência é para acertar alguns pormenores e, durante muitos e bons anos, continuar a produzir biogás», revelou, acrescentando que, atualmente, o volume anual de negócios da Algar ronda «os 16 milhões de euros».

Ao biogás vai juntar-se o aproveitamento de energia solar, não apenas na sede, mas noutras instalações da Algar, onde Macário Correia pretende «replicar esta ideia». «Também estamos a estudar a possibilidade de colocar algumas eólicas, nomeadamente nos aterros, que se situam na Serra, quotas altas. Pode ser que seja rentável aproveitá-la», acrescentou.

Ainda no campo da energia “verde”, está nos planos da Algar introduzir na sua frota «viaturas elétricas e a gás». «Somos uma das principais empresas de logística e transportes da região, temos mais de meia centena de camiões a rodar, todos os dias. Estamos aberto a este tipo de soluções, que possam ser uma alternativa. Ainda não é fácil encontrar viaturas de longas distâncias e, sobretudo, carros pesados com estas características, mas estamos a estudar as soluções que a tecnologia já oferece, porque é este o caminho, certamente», disse.

 

Primeiro ano de mandato também serviu para arrumar a casa

Algar_Sede São João da VendaAlém de preparar o futuro, o ano de 2014, o primeiro em que Macário Correia ocupou o cargo de administrador-delegado da Algar, foi dedicado a «arrumar dívidas antigas, resolver bem o Verão e criar uma boa relação com os municípios».

No que toca ao saldar de contas, foi feito «um grande esforço» por parte da empresa, que permitiu baixar dos «sete ou oito milhões de euros», para «pouco mais de 2 milhões de euros». «Havia dívidas consideráveis que transitaram de gestões anteriores e recuperámos muitas das que estavam vencidas, colocando a situação num patamar aceitável», precisa

Outra grande preocupação foi que «o Verão corresse bem, porque é uma altura em que a população mais que dobra, o que é uma preocupação a todos os níveis, incluindo na produção de resíduos, em que o volume de recolha é superior». «Isto obrigou a um esforço considerável, mas correu bem, com a colaboração de todos, o que levou a que houvesse poucas reclamações», considerou.

A Algar também apostou «numa boa relação com as autarquias, tanto com os eleitos como com os serviços municipais, para que as coisas corram com fluidez».

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