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protesto maes de lagoa_1Dezena e meia de mães e outros encarregados de educação de jovens alunos da Escola Básica de Lagoa protestaram esta manhã, à porta do estabelecimento escolar, contra os “níveis” criados pela direção, alegadamente para fazer face ao insucesso escolar, em especial em Português e Matemática.

Carla Gonçalves, mãe de um menino de 7 anos, aluno do 2º ano, garantiu, em declarações ao Sul Informação, que «as crianças estão a ficar afetadas psicologicamente, porque andam de sala em sala, um dia estão com uma professora, no outro estão com outra. As crianças não se sentem seguras».

Mário Guerreiro, presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas Padre António Martins de Oliveira, de Lagoa, explicou que estes «grupos de nível» foram criados no ano letivo passado para «tentar fazer face ao insucesso escolar». Foram criados quatro níveis, do 1, que inclui os alunos mais fracos numa dessas matérias, ao 4, o dos melhores alunos.

Mário Guerreiro (presidente da Associação de Pais): «isto cria uma grande confusão aos pais e, sobretudo, aos miúdos»

«É um sistema que incide sobretudo a partir do 2º ano. É que, do 1º para o 2º ano, as crianças não podem ser retidas, independentemente dos seus conhecimentos, nomeadamente em Português ou em Matemática. Mas depois chegavam ao fim do 2º ano e muitas ficavam retidas, porque umas sabiam mais do que outras».

Por isso, desde o ano passado, a direção da escola começou a «fazer a divisão dos miúdos de acordo com o conhecimento adquirido no 1º ano, criando estes grupos de nível, em que os miúdos se mantêm na mesma turma, mas, quando chega a hora daquelas disciplinas, são divididos pelos quatro níveis e a maior parte tem que sair da aula, deixa a professora que melhor conhece e os seus colegas e vai para outra sala».

Mas a coisa não fica por aqui. «Quando chegam ao final do 1º e do 2º período há uma reavaliação e as crianças podem ter de mudar outra vez de nível». Tudo isto, sublinha o presidente da Associação de Pais, «cria uma grande confusão aos pais e, sobretudo, aos miúdos».

protesto maes de lagoa_2«Se há crianças para as quais estas coisas não têm importância, há muitos casos de outras que não conseguem lidar com isto», garante Mário Guerreiro. «Não há sistemas perfeitos, mas este é muito imperfeito!»

O presidente da Associação de Pais disse ainda ao Sul Informação que o mesmo sistema «foi implementado no 2º e 3º ciclos, mas aí foi pacífico, porque se trata de miúdos mais velhos, habituados a trocar de sala e de turma».

«Aqui estamos a falar de crianças muito pequenas, com 7 ou 8 anitos», sublinha a mãe Carla Gonçalves. «É uma instabilidade muito grande para elas, andam por aí à toa, não sabem para que sala vão, são crianças muito pequeninas».

Nélia, mãe de uma menina de 8 anos que está no 3º ano, revela que «no ano passado já houve crianças a ir ao psicólogo, porque choravam muito por não quererem vir para a escola, por causa disto de terem de andar a mudar de sala a toda a hora. A minha filha, no ano passado, não queria vir à escola, apesar de estar no nível 3, que é bom. Estão a afastar os miúdos uns dos outros, a fazer discriminação. Haviam de estar todos juntos para se ajudar uns aos outros».

Carla Gonçalves (mãe): «É uma instabilidade muito grande para as crianças, andam por aí à toa, não sabem para que sala vão, são crianças muito pequeninas»

Carla Gonçalves acrescenta que «há aqui no protesto muitas mães cujos filhos são do nível 4, mas isso não tem nada a ver. O que nós não concordamos é com estes grupos de nível».

Esta mãe garante que já falaram com a direção da Escola, «mas não adiantou de nada». Ainda ontem «estivemos a falar com a professora Alzira e ela diz que isto é bom para eles. E nós perguntamos como é isso, uma vez que, no ano passado, também fizeram estes grupos de nível e, dos 20 alunos abrangidos, chumbaram 15. Se isto é tão bom porque é que houve tantos chumbos?»

O Sul Informação tentou falar com a direção do Agrupamento de Escolas ESPAMOL, para esclarecer melhor esta situação, mas foi informado que o diretor «não está disponível».

sulinformacao

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