«A Maternidade de Faro encontra-se em situação de limite extremo». O aviso é feito pela diretora do Serviço de Obstetrícia da unidade de Faro do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), numa informação interna a que o Sul Informação teve acesso, onde a médica aponta como inevitável «reduzir o apoio» aos centros de Saúde do centro e Sotavento do Algarve, durante os meses de Agosto e Setembro.
Com menos quatro médicos do que é habitual, ausentes por diferentes razões, a médica Olga Viseu considera, baseada em «informações do serviço», que «não é possível assegurar com qualidade e segurança todas as actividades deste serviço ( bloco, ecografias e outras técnicas de diagnóstico, consultas e enfermaria)».
Tendo em conta esta realidade, a diretora de serviço diz não ver outro recurso senão «reduzir temporariamente, durante o mês de Agosto e Setembro», o apoio aos ACES Central e Sotavento, nomeadamente na especialidade de «Medicina Materno-Fetal, Consulta de Referenciação às 38 semanas e Ecografias do 2o trimestre». «Para as USF com as quais existem protocolos, terá que ficar suspenso o rastreio do 1º trimestre», acrescentou.
Apesar da missiva escrita pela responsável do Serviço de Obstetrícia de Faro, que já foi, entretanto, enviada às direções das unidades dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) Central e do Sotavento, o presidente do Conselho de Administração do CHA Pedro Nunes garantiu ao nosso jornal que é «precoce» antecipar que se tenha de limitar a aceitação de utentes vindos dos Centros de Saúde.
«Este é um texto da diretora de serviço que ainda está a ser analisado, a nível interno. É verdade que há uma redução significativa de pessoal, mas ainda está em ponderação o que se irá fazer, não há nada definido», assegurou. Pedro Nunes garantiu, ainda, que o problema não se coloca no mês de Agosto, em que «a escala está já perfeitamente garantida», mas sim a partir de Setembro.
Uma opinião diferente tem a médica Olga Viseu. «Com o fim do contrato dum especialista, uma especialista de baixa há mais de um mês, outra especialista de atestado e uma interna do 6º ano de licença parental por três meses e com a redução em 20 por cento por férias, a maioria do staff, há muito reduzido, cumpre muito mais horas do que aquelas que seriam obrigados ao Serviço de Urgência», revela.
Pedro Nunes diz, por seu lado, que o CHA tem contratado «os obstetras que são necessários» e que se procurará encontrar a nível interno uma solução para esta redução temporária de médicos , no universo dos hospitais que compõem o Centro Hospitalar (Faro, Portimão e Lagos), embora admita que se possa referenciar alguns casos para Lisboa, caso seja necessário.
«O mais importante é garantir o bom funcionamento da Maternidade. Quanto ao resto, teremos de discutir entre os diretores dos serviços de obstetrícia dos três hospitais o que será possível fazer», acrescentou.
Contactada pelo Sul Informação, a Administração Regional de Saúde do Algarve diz já ter sido informada da situação e que « já tem em preparação um procedimento de aquisição de serviços para possibilitar que as ecografias destas utentes possam ser realizadas, em caso de necessidade, noutras entidades prestadoras da Região, de modo a assegurar o acesso aos cuidados de saúde a todas as grávidas».
Salienta, ainda assim, que o CHA ainda se encontra «a procurar soluções internamente para colmatar estas limitações e conseguir dar resposta atempadamente».