O XXIV Festival Internacional de Folclore realiza-se já este sábado, 5 de Agosto, às 21h30, no anfiteatro da Junta de Freguesia de São Bartolomeu de Messines.
Organizado pelo Rancho Folclórico de São Bartolomeu de Messines, este evento também integra o XXV Festival de Folclore.
A iniciativa conta com o apoio da Câmara Municipal de Silves e com a participação de vários ranchos nacionais (Rancho Folclórico “Os Camponeses” de Riachos, Grupo Folclórico das Lavradeiras de São Pedro de Merufe) e um espanhol (Grupo de La Escuela Municipal de Folklore de Adeje).
Historiais dos ranchos participantes:
Rancho Folclórico de SB Messines:
Este Rancho, fundado em 5 de Outubro de 1976, situa-se no centro interior do Algarve, onde a serra acaba e o barrocal começa. Na charneca produz-se os frutos secos e trabalha-se a empreita artesanalmente. Na serra produz-se a aguardente de medronho e a cortiça sendo a faixa intermédia urbana, dedicada essencialmente ao comércio.
Iniciado em 1981 e um trabalho de recolha e pesquisa dos usos e costumes, danças e cantares, o traje, artesanato e gastronomia junto das gentes da serra ao barrocal, reapareceu o atual grupo com trajes da época compreendida entre 1880 e 1920, entre os quais os noivos, traje de ir à missa, de ir à feira, domingueiros e diversos trajes camponeses: apanhadores de medronho, de frutos secos, fiadeira, mondadeira, lides domésticas, almocreve, corticeiros e moleiros.
A tocata é composta por ferrinhos, acordeões, bitoque, viola e castanholas algarvias.
Os cantares de trabalho, os corridos, marcadinhas, valso rasteiro, os bailes de roda em despique, encadeados, mandados e ainda o estravanca, são as danças que o grupo apresenta, os quais animavam os bailes espontâneos aos domingos, dias festivos e em alguns trabalhos agrícolas (desenroupadas, desensabugadas, fiadas, ceifas e debulhadas).
Este Rancho tem atuado com maior incidência no Algarve e participado em Festivais Nacionais de Norte a Sul do País e Internacionais, contando também com digressões a França, Espanha, Itália, Estados Unidos da América, Alemanha, Holanda, Marrocos e Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores.
Rancho Infantil:
A Escola de Folclore do Rancho folclórico de SB Messines iniciou atividade no ano de 1994, numa parceria com a Escola Primária de SB Messines. O intuito desta iniciativa foi, sobretudo, dar a conhecer aos mais jovens como se cantava, bailava e brincava nos finais do século XIX e principio do século XX, dando-lhes a conhecer algo de tão valioso, como é a cultura de um povo.
Desde essa altura o Rancho Folclórico de SB Messines tem continuado esse projeto levando a que esses jovens ganhem o gosto pela tradição, e assim conseguir de forma natural que eles continuem connosco até ao Rancho Adulto.
As bonecas de antigamente contavam mais histórias, eram bonecas de pano, feitas com restos de tecido que sobravam. Cosidas à mão, estas ganhavam formas e sorrisos e distraíam as crianças perante as dificuldades que tinham.
O jogo das palminhas e o jogo das pedrinhas eram outras formas de entretenimento, inventavam palavras, gestos, aguçavam os próprios sentidos em cada brincadeira.
Os carrinhos eram feitos de pedacinhos de madeira, cortiça ou cana.
Saltar à corda era sobretudo brincadeira para as meninas onde saltava mais quem conseguisse não tropeçar no baraço, e assim, iam revezando umas a seguir às outras.
Também se jogava à bola feita de trapos, claro está, e muitas vezes essa bola podia ser qualquer caneco velho ou até um pedaço de cortiça.
Brincava-se com o arco em que o propósito era não deixá-lo cair ao chão.
O peão era outro divertimento, bem, esse rodava no chão e fazia brilharete se conseguisse rodar na mão! Era um jogo muito apreciado pelos meninos.
Muitos jovens não tinham tempo para ser crianças, cuidavam dos irmãos mais novos, guardavam o gado que houvesse, faziam os trabalhos de lida da casa que lhes eram incumbidos. Passaram fome, comendo, muitas vezes, o «pão que o diabo amassou».
Andavam muito tempo descalços e quando recebiam o primeiro par de sapatos já estavam bem crescidinhos. Tinham duas mudas de roupa habitualmente, uma do dia-a-dia a outra era usado ao Domingo para ir à missa ou a algum festejo.
Na freguesia de São Bartolomeu de Messines, num pedacinho que junta a serra ao barrocal algarvio com o mar a fazer pano de fundo, muitos foram os que viram esse mar tão cobiçado já na idade adulta.
Os tempos de outrora cruzam-se com os tempos de agora, revive-se o passado para melhor compreender o presente. Pelas brincadeiras, danças e cantigas de antigamente vão conhecendo um povo, vão conhecendo a nossa gente!
Rancho Folclórico “Os Camponeses” de Riachos:
O Rancho Folclórico “Os Camponeses” de Riachos, foi fundado a 14 de Janeiro de 1958. As recolhas de traje, canto e danças, foram feitas a partir do Verão daquele ano, tendo sido apresentadas oficialmente na Feira do Ribatejo em Santarém no dia 2 de Junho de 1959.
Com estas recolhas prova-se que o folclore de Riachos é bastante rico e variado, devido à sua situação geográfica, pois fica na zona de transição da Lezíria a que chamamos de campo, para o Bairro onde se localiza a charneca e o espargal. Aquela a sul da povoação, entrando pelas margens do rio Almonda até ao Tejo. A outra a norte, passando por todo o concelho de Torres Novas, zona de pequenas montanhas que nos levam até à serra d’Aire.
Nas danças e nos cantares, estão bem patentes a garridice, a alegria e toda a genica das gentes da Lezíria Ribatejana, para onde as gentes de Riachos estiveram sempre mais voltadas, enquanto nas outras estão bem marcadas a dolência, a harmonia e a beleza do folclore da zona ondulada, onde predominam olivais e figueirais, transformando a paisagem em tons mais suaves destacando-se o cinzento e o verde-escuro do arvoredo.
Os trajes são cópias fiéis dos usados pelos seus antepassados, nos finais do século XIX e princípios do século XX, apresentando em cada espetáculo trajes domingueiros, trajes de trabalho e ainda trajes de trabalho e de festa do campino.
Além do trabalho de recolhas que tem valorizado muito o seu património, o Rancho Folclórico de Riachos tem divulgado a cultura popular da sua região, através das festas e festivais Nacionais e Internacionais de Folclore de Norte a Sul de Portugal, incluindo a ilha da Madeira.
No estrangeiro, desde o ano de 1964, participou em Festivais Internacionais de Folclore em Países como Alemanha, Bélgica, Cabo Verde, Espanha, França, Hong-Kong, Inglaterra, Irlanda, Itália, Jugoslávia, Luxemburgo, Macau, Malta, Noruega, Suécia e Suíça.
Grupo Folclórico das Lavradeiras de São Pedro de Merufe:
Das rurais e típicas características dos seus habitantes, do grande bairrismo dos seus habitantes, da profundidade, riqueza e divulgação do seu vasto e valioso património, quer edificado, quer natural, quer cultural, nasceu o ex-libris da terra, verdadeiro embaixador da sua cultura – o grupo Folclórico das Lavradeiras De São Pedro de Merufe.
Desde da sua criação, em 1972, aquando do cortejo etnográfico em Monção, ininterruptamente, o grupo tem sido um grande dinamizador dos acontecimentos culturais do concelho, salientando-se a organização anual do seu festival Internacional de Folclore.
Não deixa de constituir valor acrescentado para a sua grandeza, o “Cenário”, monumental e pomposo que o secular Mosteiro e a magnífica sede da junta conferem ao acontecimento.
O Grupo das Lavradeiras de S. Pedro de Merufe, já percorreu o país de lés-a-lés, tem deixado as melhores marcas e encantos com o seu vasto e original repertório, constituído apenas por cantares da terra e dos seus antepassados.
Além-fronteiras tem atuado em diversos festivais, nomeadamente, em França, Espanha, Andorra, Itália e Suíça, tem sido o verdadeiro embaixador de Folclore e etnografia Monçanense.
O Grupo das lavradeiras de Merufe é membro efetivo da federação de folclore Português, sendo seu sócio fundador, tendo sido galardoado pela Câmara Municipal com a medalha de mérito Cultural.
Grupo de La Escuela Municipal de Folklore de Adeje:
O Grupo da Escuela Municipal de Folklore de Adeje foi fundado em Maio de 1988 com a criação da Escuela de Folklore de Adeje. A sua primeira atuação realizou-se nas Festas de Celebração do Município nesse mesmo ano, iniciando-se assim as suas atuações por distintos lugares da Ilha.
No seu trabalho de divulgação e exaltação do Folclore Canário, este grupo tem tido a oportunidade de partilhar costumes, modos de vida e formas de entender o próprio folclore com outros grupos nacionais e estrangeiros.
Ao longo do ano o grupo organiza vários eventos, nomeadamente: Festival Folclórico e a Romaria das Festas Patronais de Adeje no mês de Outubro; o Baile de Magos no mês de Maio; Rota da Água em Adeje e o Mayantigo Fest, Traditional World Music.
Em relação aos trajes que o grupo apresenta, podemos observar: a vestimenta tradicional do século XVIII da Comarca de Chasna; a vestimenta tradicional do traje Camponês que corresponde aos finais do século XIX e princípios do Século XX; vestimenta tradicional do Século XVIII correspondente a distintas comarcas de todas as Ilhas do Arquipélago Canário; e por fim, no final do mês de Outubro, utiliza-se a vestimenta correspondente aos anos 50 do século XX, tanto de festa, como de trabalho e do dia-a-dia.
São utilizados diversos instrumentos musicais de cordas, de percussão, de sopro, entre outros, estes são de uso tradicional e confecionados de forma artesanal, utilizando produtos naturais.
O grupo conta com um grande reportório tanto de música popular como tradicional, assim como rituais de origem pagã e religiosa de toda a geografia Canária. Conta ainda com um reportório para a celebração de missas cantadas.
Na atualidade conta com um total de 37 componentes repartidos entre a tocata e o baile.