O sistema de Defesa da Floresta Contra Incêndios «precisa de evoluir», defendeu o secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural Miguel Freitas, numa visita que realizou na sexta-feira a São Brás de Alportel.
O membro do Governo regressou ao seu Algarve natal para uma visita de trabalho onde manifestou a convicção, que tem vindo a defender há muito, de que «é preciso partir do trabalho técnico, ao nível do planeamento que já está feito, por exemplo ao nível dos Planos Municipais de Defesa da Floresta, e ganhar escala de intervenção, coordenar melhor e trabalhar mais em conjunto na área da prevenção», segundo a Câmara de São Brás de Alportel.
O secretário de Estado, recentemente empossado, está a fazer um périplo por zonas que, nos últimos anos, foram afetadas por incêndios florestais. É o caso do município são-brasense, que em 2012 viu as chamas a queimar 46 por cento do seu território, no incêndio da Catraia, que afetou este concelho e o de Tavira, onde o fogo consumiu mais de 26 mil hectares de mato e floresta e causou prejuízos superiores a 25 milhões de euros.
«Quando algo falha falhamos todos. A responsabilidade não é de quem apaga o fogo, a responsabilidade é de todos nós», considerou Miguel Freitas.
Na sexta-feira, estiveram reunidos com o membro do Governo, em São Brás de Alportel, muitas das entidades intervenientes no combate a este grande incêndio, desde logo as autarquias de São Brás e Tavira, representadas pelos seus presidentes Vítor Guerreiro e Jorge Botelho, mas também o ICNF, a Associação de Produtores Florestais da Serra do Caldeirão, representantes da Zona de Intervenção Florestal (ZIF) de Cachopo e representantes das várias entidades públicas regionais que trabalham a área florestal e da Proteção Civil.
Nesta reunião, além de diversas apresentações, Miguel Freitas foi confrontado com algumas das preocupações dos que trabalham nesta área, nomeadamente «as dificuldades na execução dos seus projetos ao nível da adequabilidade das candidaturas a apoios comunitários para trabalhos de prevenção e valorização do território», já que os prazos dos programas de apoio «nem sempre estão adaptados ao tempo da floresta».
Também foi defendida a necessidade de criar medidas que incentivem a aposta em produtos que permitem rendimentos a curto e médio prazo, como é o caso do medronho, e que podem complementar a rentabilidade das propriedades florestais da serra algarvia.
Outros problemas realçados foram «as questões burocráticas, a sobreposição de planos e a necessidade de medidas concretas para valorizar a floresta e a sua rentabilidade para os proprietários, lembrando ainda a urgente reflexão acerca do ordenamento do território que neste momento é tão restritivo que ao invés de proteger a floresta do fogo, protege-a da ocupação humana».
No mesmo dia, Miguel Freitas esteve em Monchique, onde procedeu à entrega de uma nova viatura de Sapadores Florestais à Associação dos Produtores Florestais -ASPAFLOBAL.