Perto de mil estudantes da Escola Secundária de Vila Real de Santo António voltaram a manifestar-se esta manhã contra a falta de segurança dos contentores provisórios que continuam a ser utilizados como salas de aula.
O protesto reuniu a totalidade dos estudantes da escola, que optaram por não comparecer às aulas e reivindicar a utilização das 21 novas salas já concluídas e ainda não utilizadas devido a um impasse entre o empreiteiro e a Parque Escolar.
«Dentro dos contentores sofremos nós e os professores», «Contentores sem condições e nós, soldados, a lutar sem munições», «Somos Alunos e não sardinhas entaladas», «Queremos fazer educação física» ou «A aula hoje é na rua» eram algumas das mensagens inscritas em cartazes empunhados pelos alunos.
Luís Gomes, presidente da Câmara Municipal de VRSA, que também esteve presente no protesto, disse que «o município continua solidário com a comunidade escolar e com a associação de pais e mantém a sua posição pública no sentido de desaconselhar a utilização das instalações da escola secundária, responsabilizado a Parque Escolar por qualquer acidente que se venha a registar».
Esta manifestação é realizada menos de uma semana depois de ter sido conhecido o relatório da inspeção de urgência efetuada pela Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) à escola que, entre outras deficiências, aponta a obstrução dos caminhos de evacuação dos edifícios, a ausência de condições de segurança de todos os contentores que atualmente funcionam como salas de aulas e refeitório, o deficiente funcionamento dos equipamentos de iluminação de emergência e alarme, a deficiente instalação e manutenção dos extintores de incêndio e a inexistência de plantas e sinalizações de segurança.
«Temos nas nossas mãos um relatório que reconhece o perigo para o qual há muito a autarquia, pais, alunos e professores vinham a alertar e esperamos que até ao dia 10 de fevereiro a Parque Escolar corrija toda uma vasta lista de irregularidades ou corremos o risco de a escola fechar, deixando mil alunos sem aulas», continua o autarca.
O relatório da ANPC resulta da inspeção de urgência solicitada pela Câmara Municipal de VRSA, no início de janeiro, à Autoridade para as Condições de Trabalho, à Proteção Civil, ao Ministério da Saúde e ao Ministério da Educação por entender que os monoblocos que atualmente se encontram a funcionar como salas, reprografia, papelaria, cantina e bar estão a colocar em risco alunos, professores e funcionários.
A requalificação da Secundária de VRSA, em funções desde 1963, foi integrada no Projeto de Modernização das Escolas Secundárias, promovido pela tutela e desenvolvido pela EPE. A empreitada foi orçamentada em 12 milhões de euros, tendo como duração prevista de execução o prazo de dezasseis meses.
As intervenções deveriam ter ficado concluídas no final de 2011, mas a falta de pagamentos ao empreiteiro, os processos de redução de custos durante a obra, bem como o atraso na emissão de ordens de execução – por parte da Parque Escolar – provocaram o atraso das obras e a paragem dos trabalhos durante quase um ano.
Além dos estudantes de VRSA, a Escola Secundária recebe os alunos do ensino secundário provenientes dos concelhos vizinhos de Alcoutim e Castro Marim.