Um milhão e meio de euros e quase cem anos. Foram estes os números necessários para que Vila do Bispo pudesse dispor de um quartel da GNR com todas as condições.
As novas instalações da GNR neste concelho da Costa Vicentina foram ontem inauguradas pelo ministro da Administração Interna Miguel Macedo, que disse que o novo edifício «cria muito boas condições operacionais para os militares desta força de segurança».
O comandante-geral da GNR, Tenente-General Luís Newton Parreira, por seu lado, salientou que se trata de uma «infraestrutura moderna» que representa um «avanço na qualidade do atendimento e do acolhimento às populações».
O ministro Miguel Macedo fez questão de dizer que o processo de construção das novas instalações, que começou em 2009, «na anterior gestão da Câmara de Vila do Bispo e no anterior Governo», com a assinatura de um protocolo de cedência do terreno, «correu bem, fez-se dentro do prazo» e que «a obra está paga».
Adelino Soares, presidente da Câmara de Vila do Bispo, sublinhou os «quase 100 anos de instalações provisórias» de que a GNR dispôs no seu concelho, já que o anterior posto tinha sido instalado de forma provisória, «que se tornou definitiva», em 1917.
«É, pois, com muita alegria e sentido do dever cumprido que assistimos a esta inauguração», acrescentou o autarca.
Mas, com a abertura do novo quartel, que acolhe os 20 militares que integram a força da GNR no concelho de Vila do Bispo, nem tudo fica resolvido em termos de operacionalidade desta força de segurança.
Adelino Soares fez questão de sublinhar que «a GNR de Vila do Bispo tem duas das piores viaturas do país».
E por isso, embora sabendo que o Ministério da Administração Interna tem em curso um processo de aquisição de viaturas para as forças de segurança («gostaria de ver uma dessas viaturas entregues a Vila do Bispo», disse o autarca), o edil anunciou que a Câmara Municipal, na sua última reunião, decidiu abrir um processo de «aquisição de uma viatura para os militares da GNR do nosso concelho».
À margem da cerimónia, Adelino Soares acrescentaria, em declarações ao Sul Informação, que se trata de uma viatura todo-o-terreno que deverá custar cerca de 40 mil euros e é «fundamental» para a missão da GNR no concelho. «É um investimento nosso que faz todo o sentido, porque a segurança é muito importante, em especial num concelho que se quer afirmar no turismo», disse.
Lagos continua à espera de um quartel da GNR
«A GNR tem mais de 800 instalações no país e durante várias décadas houve investimento a manos nas infraestruturas», o que «significou o degradar das condições das instalações», admitiu o ministro.
Um dos casos flagrantes de degradação situa-se precisamente no concelho vizinho de Vila do Bispo, em Lagos, onde a GNR tem instalações velhas e sem condições para os militares e para atendimento ao público, como já foi por várias vezes denunciado. No fim da cerimónia, em resposta aos jornalistas, Miguel Macedo disse apenas: «conheço bem o problema», acrescentando que quando houver novidades elas serão anunciadas.
O governante sublinhou mesmo o «esforço de recuperação de algum do tempo perdido» no que diz respeito às instalações das forças de segurança, revelando que «este ano estão em curso mais de 35 obras» em todo o país.
Ainda assim, admitiu, trata-se de um «investimento grande», «mas insuficiente para as necessidades acumuladas durante décadas».
Quanto ao caso de Vila do Bispo, o presidente da Câmara Adelino Soares já tinha dito que se trata de um concelho «periférico, habituado a ver os investimentos a ser desviados» para outros lados.
Mas o ministro Miguel Macedo assegurou que «apesar de Vila do Bispo ser concelho periférico, nem por isso deixa de ser importante e de estar no centro das nossas preocupações, sobretudo porque integra uma região importante do ponto de vista económico e turístico».
Mais tarde, durante a visita às novas instalações, e perante Desidério Silva, antigo presidente da Câmara de Albufeira e atual responsável pela Região de Turismo do Algarve, e, nessas duas condições, uma das pessoas que mais tem defendido a necessidade de reforçar os meios de segurança no Algarve, o ministro da Administração Interna comentaria, de bom humor: «o senhor presidente da Região de Turismo não aparecer a reclamar é muito bom!».