A instalação em Monchique de uma Unidade de Formação da Escola Nacional de Bombeiros é um objetivo defendido pelo presidente da Câmara deste concelho serrano algarvio.
Para isso, decorreu em Monchique, na sexta-feira passada, uma reunião entre o presidente da Câmara Rui André, os presidentes da Escola Nacional de Bombeiros e da Federação dos Bombeiros do Algarve e o Comandante Distrital de Proteção Civil, precisamente com o objetivo de estabelecer uma parceria entre estas entidades para a instalação em Monchique dessa extensão da Escola Nacional de Bombeiros.
Em declarações ao Sul Informação, o autarca Rui André explicou que se trata «de um projeto que não é local, mas de âmbito regional» e que, por isso, «deve envolver as restantes autarquias da região, até em termos financeiros, através da AMAL. Mas isso ainda terá de ser discutido».
Para já, propõe-se que esta infraestrutura de âmbito regional fique associada ao Centro de Recursos e Proteção Civil que o município está a instalar no sítio do Semedeiro e que constitui um projeto âncora para toda a região.
A obra do Centro de Recursos, cujo arranque se prevê para breve, tem financiamento QREN de 85% já aprovado.
No Centro de Recursos e Proteção Civil de Monchique, ficará instalado o novo heliporto, substituindo assim o existente com poucas condições e desde sempre provisório, com capacidade para helicópteros pesados e de passageiros.
Já foram também encetadas conversações com a Força Aérea Portuguesa no sentido da eventual utilização militar desta unidade, para além da possibilidade da venda do espaço para instalação de voos táxi ou de turismo.
Mas, além da componente operacional de proteção civil e do Centro de Defesa da Floresta Contra Incêndios, este espaço será ainda enriquecido com a possibilidade de alojamento e pernoita de militares e outros, assim como poderá ser utilizado para acolher pessoas e bens em situação de catástrofe ou incêndio.
Rui André salientou que «a concretização de um projeto como este é a concretização de uma ideia ambiciosa e que tem passado por várias etapas, desde a aquisição do terreno onde esta unidade de formação e outras valências irão ficar localizadas, até ao compromisso das entidades com o projeto e a sua aprovação em termos financeiros».
O autarca anunciou ainda que «uma vez concluídos todos os projetos de especialidades, prevê-se o arranque da obra do Centro de Recursos no decurso deste verão».
Escola de Bombeiros é mais um passo para concentrar know how em Monchique
Mas a grande ambição do presidente da Câmara de Monchique é mesmo complementar o Centro de Recursos com a instalação da Unidade da Escola de Bombeiros.
«Uma vez que, ao que sei, caiu o projeto nesse sentido que havia para o Cachopo, Monchique tem todas as condições para receber essa Unidade de Formação», sublinhou o autarca nas suas declarações ao Sul Informação.
Quanto ao sempre sensível tema do financiamento, Rui André considera ser possível «sensibilizar a CCDR para integrar o próximo quadro de apoio».
Esta futura Unidade da Escola de Bombeiros poderá assim dar resposta à formação dos bombeiros de toda a região do Algarve e do Baixo Alentejo, podendo ainda, num futuro próximo, acolher outra formação especializada em áreas sensíveis neste território, assim como formação resultante de outras parcerias com diversas entidades. «Será escola, mas também campo de treinos», sublinhou o autarca monchiquense.
Rui André sublinha que a Unidade de Formação da Escola Nacional de Bombeiros «é uma aposta prioritária da Câmara Municipal, não só devido à vasta área florestal e à particularidade em termos de risco de incêndio que o concelho apresenta, mas também devido à necessidade de rentabilização económica deste território que urge defender, de forma a assegurar a sua sustentabilidade».
«Atendendo às especificidades locais, a Escola constitui muito mais do que uma resposta a uma necessidade, na medida em que se prevê o movimento de muitas pessoas provenientes de várias partes do país, assim como técnicos e especialistas nestas matérias de incêndios e em áreas especificas que farão de Monchique um local de intervenção, estudo e aperfeiçoamento numa área que nos é muito cara, à semelhança do que acontece no Município da Lousã».
«A ideia é poder concentrar em Monchique o know how à volta dos incêndios florestais», acrescenta o autarca, recordando ainda o recente protocolo assinado entre a Câmara de Monchique e a Universidade do Porto, «com vista a ser também palco de investigação científica nestes assuntos».