O Bolo D. Amélia e o Florado de Lagoa são os bolos-revelação da Mostra do Doce Conventual que começa esta quarta-feira, dia 17 de julho, no Convento de S. José, em Lagoa.
Os florados de Lagoa, feitos à base de amêndoa e fios de ovos, são bolos tradicionais do concelho, mas, curiosamente, não são vendidos em nenhuma pastelaria da terra.
«Pode ser que, depois de o considerarmos bolo-revelação desta edição da Mostra do Doce Conventual, alguma pastelaria de Lagoa se interesse por começar a produzir este doce», disse ao Sul Informação Paulo Francisco, coordenador dos Serviços Culturais da Câmara de Lagoa e um dos grandes obreiros do certame que, durante cinco dias anima o mais relevante edifício histórico da cidade.
Quanto ao Bolo D. Amélia, a sua receita foi recuperada pela doceira Cremilde Paias, de Estômbar, entre as receitas de sua avó. «Quando a Rainha D. Amélia visitou Lagoa, em finais do século XIX, as senhoras da terra terão oferecido uma caixa com estes bolos, que foram criados para essa ocasião. Essa receita ficou entre os papéis da avó da D. Cremilde, que agora a recuperou».
Levantando um pouco o véu sobre este bolo verdadeiramente real, Paulo Francisco acrescenta que leva «figos, passas, chocolate, amêndoas, ovos». Mais uma delícia para juntar às muitas que haverá para provar na Mostra.
Nas salas, nos corredores, nos claustros do antigo Convento de S. José e ainda nos espaços que o rodeiam, durante quatro dias haverá muitos doces tradicionais para provar, mas também licores, vinhos, mel, compotas, medronho, ginjinha em copo de chocolate, frutos secos caramelizados, chás, e outras iguarias.
No rés-do-chão do Convento, uma exposição mostrará alguns ofícios e atividades de antigamente, quando Lagoa ainda era uma pujante vila agrícola. E ali se poderá ver o barbeiro, a costureira, as adegas do afamado vinho e mesmo a escola primária, que durante dezenas e dezenas de anos funcionou no antigo edifício.
A entrada no recinto da Mostra Conventual, que tem acesso gratuito, faz-se pela Capela de S. José, onde todos os olhares se voltam para as talhas barrocas que recobrem o altar. Lá dentro do Convento, entre as novidades deste ano, está uma doceira de Alcobaça, que traz ao Algarve o seu saber milenar. «É em Alcobaça que se faz a maior mostra de doce conventual do país e este ano quisemos trazê-los cá, para dar a aprovar aos algarvios e aos turistas a doçaria dessa região tão cheia de tradições», disse Paulo Francisco.
Do Algarve, estarão presentes doceiras tão conhecidas como Cremilde Paias, a Casa da Isabel, de Portimão, a Quinta dos Avós, de Algoz, e ainda a Campidoce, de Messines.
Se no ano passado a Mostra de Doçaria Conventual recebeu mais de 14 mil visitantes, Paulo Francisco teme que este ano esse número não seja atingido, por causa da crise. Mas, como a entrada é gratuita, e todos os visitantes se podem habilitar a um vaucher para uma estadia de uma noite numa das unidades hoteleiras do concelho – Tivoli, Aqua Hotels de Vale Lapa e Parchal, Monte Santo e Vale d’El-Rei – aquele responsável acredita que a quebra não será significativa.
Apesar de esse não ser o principal enfoque da Mostra de Doce Conventual de Lagoa, o programa de animação também é uma atração. Este ano, a música estará a cargo de Lucas e Mateus (dia 17), Pedro Miguéis (dia 18 ), Teresa Tapadas (dia 19), 7 Saias (dia 20) e Minhotos Marotos ( dia 21). Há ainda animação permanente no recinto pelo grupo Charanga do Rosário, todos os dias entre as 18h30 e as 22h30. «Há espetáculos para todos os gostos, mas não queremos transformar isto num arraial», sublinha Paulo Francisco.
Por isso, a partir de hoje e até domingo, se quer descobrir ou reencontrar os sabores da doçaria conventual e tradicional do Algarve (e não só) já sabe que os seus caminhos se devem dirigir ao Convento de S. José, em Lagoa.
O recinto onde decorre a XI Mostra do Doce Conventual abre as portas ao público às 18h00 e encerra à 1h00, todos os dias.
Programa de animação (22h30):
Dia 17 de julho:
– Lucas e Mateus (explode a paixão e alegria do Brasil);
Dia 18 de julho:
– Pedro Miguéis (tributo a Carlos Paião)
Dia 19 de julho:
– Teresa Tapadas (nova geração de fadistas)
Dia 20 de julho:
– 7 Saias (7 instrumentos, 7 vozes, 7 mulheres)
Dia 21 de julho
– Minhotos e Marotos (música tradicional portuguesa)