A exploração de hidrocarbonetos ao largo da costa algarvia vai ser o tema do 1º Encontro Público – Algarve Livre de Petróleo, que a recém-criada Plataforma Algarve Livre de Petróleo (PALP) vai promover este mês, em data a anunciar.
Já certa, é a presença de representantes de diversas organizações, nomeadamente da Quercus, da Almargem, da Liga Para a Protecção da Natureza, do Movimento Algarve Livre de Petróleo, da Glocal Faro, da Sociedade Portuguesa Para o Estudo das Aves, da Peace and Art Society e da New Loops.
«Este encontro pretende discutir as possíveis consequências da exploração de petróleo e gás natural na região do Algarve e é aberto a todo o público interessado que queira participar num debate que se quer o mais alargado possível», resumiu a PALP, numa nota de imprensa.
A promoção esta iniciativa foi decidida na última reunião do movimento formalmente apresentado em março, que junta cidadãos e entidades do Algarve. Além do encontro, a PALP decidiu escrever uma Carta Aberta à população, onde explica as razões porque luta contra a exploração de hidrocarbonetos.
Entre os argumentos apresentados, estão os riscos para o ambiente, mas também para a principal atividade económica da região, o turismo (ver texto completo abaixo).
O movimento alerta, ainda, «para a quase ausência de contrapartidas económicas e financeiras para o Estado Português, que deixa nas mãos da empresa privada de exploração petrolífera o lucro e nas mãos dos cidadãos portugueses os riscos e os custos de tão ruinoso contrato e desta péssima decisão política».
«Esta plataforma informa também que terá, neste início de Maio, a sua primeira reunião com uma das Câmaras Municipais do Algarve, que já se interessou em discutir este importante assunto para a região, e que vai lançar ainda este mês uma petição com o objectivo de recolher um número suficiente de assinaturas para entregar na Assembleia da República a exigência da suspensão imediata da exploração de hidrocarbonetos na costa algarvia», acrescentou a PALP.
Carta Aberta aos Portugueses
A exploração de petróleo e gás ao largo do litoral do Algarve será uma actividade altamente lesiva das condições de vida e do Ambiente nesta Região, com repercussões em todo o País e uma ameaça séria ao turismo que maioritariamente se pratica que é o de praia, sol e mar. nem sempre orientado da forma mais desejável em termos de património e de ambiente para a Região, mas susceptível de ser sempre reconvertido para uma actividade de excelência.
Numa altura em que por todo o mundo se procuram energias alternativas que venham substituir os combustíveis fosseis os quais são responsáveis por uma parte significativa do aquecimento global e pela destruição de habitats ecologicamente sensíveis e economicamente fundamentais para a população humana, a intenção de procurar novos lugares de extracção é um acto de desespero final das grandes empresas petrolíferas que sentem estar próximo o fim risonho das suas colossais fontes de rendimento.
Não é a primeira vez que os portugueses são chamados a mobilizarem-se contra ameaças sérias às suas condições de vida.
Com a energia nuclear dita pacífica aconteceu algo semelhante, ela era oferecida como a única salvação para os problemas energéticos mundiais e nós teríamos que alinhar com esse “progresso”; em todos os continentes foram-se construindo centrais nucleares envolvendo investimentos de milhões e milhões de dólares, mas também em todos os continentes se foram produzindo acidentes catastróficos, muitos deles abafados do conhecimento publico, que causaram e continuarão a causar mortes e perda de qualidade ambiental.
Portugal teve a possibilidade , através da mobilização da população, de resistir à construção da central nuclear e agora teremos de novo de levantar a população, para já do Algarve mas a prazo de todo o País, contra esta ameaça de atentado ambiental às nossas condições de vida.
Além de todas as demais razões de bom senso e de visão a médio e longo prazo da nossa economia e da nossa qualidade de vida, não se pode ignorar que no litoral algarvio e depois pelo litoral oeste do País, existem falhas tectónicas geradoras dos maiores sismos que se abatem ciclicamente sobre Portugal. Explorar combustíveis fósseis com esse risco eminente é um autêntico suicídio colectivo e a promessa da destruição das nossas praias e de toda a actividade económica a elas associada.
Não se pode ter tudo : ou uma economia assente numa exploração de combustíveis fosseis que a todo o momento pode descambar em catástrofes ambientais e que vai beneficiar sobretudo os magnates da industria petrolífera, ou uma economia sustentável que garanta a perenidade do uso dos nossos recursos e a manutenção de uma boa qualidade de vida.
A escolha cabe aos portugueses esclarecidos que se hão-de mobilizar para defenderem, mais uma vez, o seu País, mas começa por caber aos representantes do povo que têm assento na Assembleia da Republica para defenderem, antes de tudo o mais, os interesses maiores do povo português. Por isso apelamos aos deputados eleitos da Republica Portuguesa para assumirem a luta contra a já anunciada exploração de petróleo e gás ao longo do litoral, e faremos da nossa Plataforma Algarve Livre de Petróleo uma iniciativa que se alargue a todo o Portugal que quer permanecer ambientalmente defendido e de economia sustentável, perene e válida para todos.