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«A deslocalização do Parque de Campismo de Monte Gordo está contemplada há mais 20 anos no Plano Diretor Municipal (PDM) de Vila Real de Santo António, documento que data de 1992 e passou pelas mãos dos executivos PS e CDU», disse a Câmara de Vila Real de Santo António, em resposta à acusação feita pela associação ambientalista Quercus.

Na semana passada, a Quercus manifestou, em comunicado, a sua «preocupação e desagrado» com a anunciada intenção de relocalizar o Parque de Campismo de Monte Gordo para poente, o que irá destruir «mais uma parcela significativa da Mata Nacional das Dunas Litorais de Vila Real de Santo António, com o único propósito de satisfazer negócios imobiliários do Município de Vila Real de Santo António e obter receita à custa da destruição dos valores naturais».

Em comunicado, o Núcleo Regional do Algarve da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza diz ter tomado conhecimento da «intenção anunciada pela Câmara Municipal de Vila Real de Santo António de alienar terrenos cedidos pelo Estado e de relocalizar o Parque de Campismo de Monte Gordo para o lado poente da vila, destruindo mais uma parte da Mata Nacional das Dunas Litorais e do Sítio de Importância Comunitária Ria Formosa / Castro Marim».

Contactada pelo Sul Informação, a Câmara de Vila Real de Santo António informou ainda que «neste momento, a autarquia encontra-se apenas e só a dar execução ao estipulado no PDM de 1992, estando, para tal, a iniciar a consulta pública a um conjunto de entidades tais como o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve ou Agência Portuguesa do Ambiente (APA)».

A Câmara Municipal reforça que «a área do atual Parque de Campismo de Monte Gordo está contemplada no PDM de VRSA como Zona de Expansão Turística desde a sua aprovação, em 1992».

O núcleo algarvio da Quercus, no seu comunicado, sublinha que «a Mata Nacional das Dunas Litorais é uma das poucas áreas florestais públicas do Algarve, estendendo-se os seus 434 hectares ao longo da faixa dunar que vai do oeste de Vila Real de Santo António a oeste de Monte Gordo».

«É um ecossistema dunar de elevada importância onde se evidencia a presença de floresta de pinheiro-bravo e pinheiro-manso (habitat prioritário para a conservação na União Europeia) e de vegetação dunar composta pelo cordeiro-da-praia, cardo-marítimo, eruca-marítima, estorno e pelo tomilho-carnudo (um endemismo nacional). A inserção da Mata Nacional das Dunas Litorais na Rede Natura 2000 – Sítio de Importância Comunitária Ria Formosa / Castro Marim demonstra a importância deste local no contexto europeu», acrescenta a Quercus.

Por isso, tendo em conta a «importância que a Mata Nacional das Dunas Litorais tem para a preservação do sistema dunar do Sotavento Algarvio e dos valores naturais em presença», a Quercus diz já ter pedido esclarecimentos ao Município de Vila Real de Santo António «sobre o propósito de relocalizar o Parque de Campismo de Monte Gordo para o interior da área classificada».

A associação anuncia também que «usará todos os meios ao seu alcance para impedir que, mais uma vez, o património do Estado Português seja alienado para satisfazer interesses imobiliários, numa região que tem excesso de oferta imobiliária e turística e que tem vindo a destruir de forma sistemática os seus valores naturais sem tenha sido salvaguardado o interesse público».

A Câmara de Vila Real de Santo António, como seria de esperar, tem uma posição diferente e, na resposta enviada ao Sul Informação, diz mesmo considerar «estranho, que uma associação que pretende mostrar um trabalho credível coloque em causa decisões que foram validadas por todos os organismos que apresentam responsabilidade na tutela daquela área territorial».

Sublinha ainda que «nenhuma outra entidade, à exceção do Município de VRSA, tem zelado pela Mata Nacional das Dunas Litorais. Diariamente, uma equipa de sapadores florestais municipais assegura a limpeza e vigilância deste espaço verde, prevenindo-o de fogos florestais».

De qualquer modo, conclui a autarquia, «não obstante as ações de conservação desenvolvidas pela autarquia, a gestão da Mata Nacional das Dunas Litorais está a cargo do ICNF que terá sempre uma palavra final quanto aos usos a dar àquele espaço verde, bem como à deslocalização do atual parque de campismo».

sulinformacao

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