A Câmara Municipal de Faro presta hoje «a mais sentida homenagem» ao poeta António Ramos Rosa, colocando a bandeira da cidade a meia-haste e disponibilizando um livro de condolências que irá estar ao alcance de todos na “sua” biblioteca.
António Ramos Rosa, um dos mais conceituados poetas portugueses, faleceu hoje em Lisboa, sendo um «filho de Faro que muito contribuiu para a afirmação cultural do nosso país», salienta a Câmara em comunicado.
Patrono da Biblioteca Municipal, à qual “emprestou” o seu nome, recentemente, «num gesto de enorme beleza e altruísmo», decidiu doar ao Município de Faro, um espólio de objetos, consubstanciados em testemunhos de diversas homenagens que lhe foram prestadas ao longo da sua vida.
Esta atitude, «generosa e de “gratidão” para com a cidade que o viu nascer», mereceu o reconhecimento do presidente da Câmara Macário Correia, que fez questão de lhe agradecer pessoalmente numa visita à sua residência.
Ao longo dos seus quase 89 anos de vida, que completaria no dia 17 de outubro, «muitos foram os motivos de orgulho para os farenses», acrescenta a autarquia.
Viveu nesta cidade durante a juventude e radicou-se definitivamente em Lisboa em 1962, onde começou por trabalhar no comércio, atividade que abandonaria para se dedicar à poesia.
Iniciou a sua carreira literária em Faro como poeta e ensaísta crítico. De 1951 a 1953 fundou o coordenou a revista “Árvore” e após proibição desta, duas outras revistas: A “Cassiopeia” (1955) e os “Cadernos do Meio-Dia” (1958-60). Foi também na sua terra que, paralelamente à militância poética inicia também uma militância política alistando-se no MUD Juvenil.
Já na capital, e como meio de subsistência dedica-se à tradução, sobretudo do francês e do inglês, paralelamente à criação literária.
Autor de inúmeros livros de poesia, colaborador de diversas publicações portuguesas e estrangeiras, assumiu desde a década de 50 um lugar de destaque na poesia e crítica literária contemporâneas.
A sua escrita distingue-se pela grande originalidade e riqueza de imagens táteis e visuais, sendo frequente apresentar uma reflexão sobre o próprio ato da escrita e a natureza da criação poética; pergaminhos que lhe mereceram não só a consideração dos seus pares como a distinção de prémios literários nacionais e internacionais.
Destacam-se o “Prémio Pessoa” (1988); Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores (1989); Prémio Bienal de Poesia de Liège (1991); Prémio de Tradução da Fondation Hautvilliers, entre tantos outros.
Salienta-se também as condecorações recebidas como cidadão e poeta, nomeadamente a Comenda de “Grande Oficial da Ordem Militar de Santiago de Espada” (1992) e a “Grã Cruz da Ordem do Infante D. Henrique”, em 1997.
Em 1999, coincidindo com a comemoração do seu 75.º aniversário e quase meio século de atividade literária, a autarquia presta-lhe uma justa homenagem integrada nos Encontros de Outono de Faro, Capital dos Poetas e da Poesia e em abril de 2001 é inaugurada a Biblioteca Municipal, António Ramos Rosa.
Nota: a foto é da autoria de Gisela Ramos Rosa, sobrinha do poeta.