A arte xávega, sistema de pesca artesanal em vias de extinção, além de ser um meio de vida para alguns pescadores da Meia Praia, é também uma atração para os turistas, sublinhou hoje a Câmara de Lagos.
Joaquina Matos, presidente da Câmara de Lagos, disse ao Sul Informação que a autarquia, apesar de não ter qualquer projeto de apoio a esta ancestral arte de pesca, «vê com muito interesse a sua continuação».
A autarquia diz reconhecer o «valor histórico e patrimonial da tradição ligada à pesca algarvia», em especial da arte xávega local.
A xávega é uma forma artesanal de pesca de arrasto, que executa um cerco que varre o fundo arenoso numa extensão variável, em arco, dependendo do tamanho da arte. A rede largada pela barca, ou calão, fica ligada a terra por dois cabos e é, depois, puxada da praia, capturando o peixe que se encontra dentro do cerco.
Tradicionalmente a recolha era feita a trabalho braçal, registando-se também o recurso de juntas de bois, e mais tarde foram introduzidos os tratores – nomeadamente na costa Oeste. Na Meia Praia mantém-se, há mais de 100 anos, a tradição de puxar a rede à força de braços.
A autarca Joaquina Matos revelou que, na Meia Praia, «já só há um pescador da Meia Praia com licença para esta pesca, mantendo uma tradição já do seu pai. Para manter essa licença, todos os anos ele tem que vender peixe na lota, durante alguns dias».
«As pessoas que estão na praia também ajudam a puxar as redes e às vezes até ganham um peixinho fresco», recorda.
Já em 2013 foi aprovada na Assembleia Municipal de Lagos, uma moção da CDU, em que se defendia a continuidade desta arte na sua versão artesanal, em detrimento da utilização de meios mecânicos, ao contrário do que se tem verificado ultimamente (laboração de uma arte com recurso ao uso de tratores).
Na altura foi defendido que «esta pesca é não só um meio de vida de pescadores. Igualmente é significativa em termos de economia local, na exploração não poluente nem predadora de um recurso natural, como representa um interessante e único espetáculo para os utentes da praia, a tal ponto que visitantes se deslocam propositadamente para apreciar este trabalho, e até para participar na tarefa de puxar a rede».
É neste sentido que a autarquia afirma reconhecer «o valor da tradição desta arte, que decorre ao longo do ano e que atrai as atenções e recolhe a simpatia da gente local e dos turistas».