As duas salas da Torre de Menagem do Castelo de Mértola passam agora a apresentar uma exposição sobre a sua história ao longo dos tempos e a Ordem de Santiago, que teve aqui a sua primeira sede nacional. Este é apenas um dos melhoramentos introduzidos pela musealização do interior do Castelo, que será inaugurada na segunda-feira, dia 24, às 17h30, pela Câmara desta vila alentejana.
João Serrão Martins, vice-presidente da Câmara de Mértola e responsável pelo pelouro da Cultura, revelou ao Sul Informação que a musealização do castelo fez parte do projeto “Rede Urbana para o Património”, candidatado ao FEDER, uma rede da qual Mértola é parceira em conjunto com outros municípios do distrito de Beja. A intervenção custou perto de 383 mil euros.
A valorização do monumento passou ainda pela criação de melhores acessibilidades e mais segurança, nomeadamente com a colocação de guardas em certas zonas da muralha, a criação de passadiços e o corte de acesso a algumas áreas, bem como pela consolidação e pela criação de uma sala de exposições temporárias. «Mas, de facto, o ex-libris desta nossa intervenção é a musealização da Torre de Menagem», admitiu.
No âmbito desta intervenção, a Câmara de Mértola prevê ainda a edição de um livro e de um DVD sobre o Castelo e a Ordem de Santiago, anunciou João Serrão Martins.
O vice-presidente sublinhou que «o Castelo de Mértola é um monumento que faz parte do imaginário dos mertolenses e uma referência em termos do circuito patrimonial de Mértola, facto demonstrado pela afluência anual de visitantes que ronda os 25 mil».
«É também um local privilegiado de investigação histórica e arqueológica, facto atestado pelas diversas intervenções realizadas e pelos testemunhos daqui recolhidos que demonstram claramente a sucessiva ocupação ao longo dos tempos».
Por isso, o autarca acredita que a inauguração deste espaço constituirá um «importante impulso para o circuito patrimonial de Mértola já que, certamente, aumentará o afluxo de visitantes e será o polo de excelência do Museu de Mértola, não só em termos expositivos e de conteúdos, mas também em termos de acolhimento ao visitante e de incentivo à visita dos restantes núcleos museográficos disseminados pelo centro histórico».
«A nossa mais-valia, o que nos diferencia dos outros territórios, é precisamente o património histórico e natural e é nisso que Mértola tem de continuar a apostar», acrescentou.
«Em Mértola, para lá do que já pode ser visto, num amplo circuito de visita com diversos polos, há também toda a investigação que continua a ser feita». Por exemplo, nas encostas do castelo continuam a decorrer escavações arqueológicas, ao mesmo tempo que já foi aprovado o projeto de musealização de um novo espaço ao lado da antiga mesquita, hoje igreja, de Mértola.
A inauguração da musealização do interior do Castelo de Mértola integra-se na iniciativa «Lembrar Serrão Martins», o primeiro presidente da Câmara Municipal eleito a seguir ao 25 de Abril. Uma iniciativa que diz muito ao atual vice-presidente, já que esse Serrão Martins era, precisamente, o seu pai. «O meu pai deu um pontapé de saída, nos finais dos anos 70, enquanto autarca, a todas estas questões do património, que hoje são uma marca de Mértola», refere o filho.
Um pontapé de saída que teve como outro dos jogadores fundamentais o arqueólogo Cláudio Torres. E foi assim que uma vila quase moribunda, longínqua e esquecida pelo poder central, à beira do Guadiana, no Alentejo profundo, se tornou um dos mais conhecidos polos de turismo cultural e patrimonial do país.
«Lembrar Serrão Martins» integra um conjunto de iniciativas que terão lugar de 21 a 25 de março, em Mértola e na Mina de S. Domingos, com destaque para a inauguração da musealização do interior do Castelo de Mértola, no dia 24.
O programa começa no dia 21 de março, às 21h00, com um espetáculo de poesia e música, intitulado “Cumplicidade”, na Biblioteca Municipal. No dia seguinte, às 16h00, no mesmo local, decorre o lançamento do livro “A procura da felicidade”, de Mário Revez.
No dia 25, às 18h00, na Mina de S. Domingos, terão lugar as apresentações do catálogo da exposição “Património e Potencialidade da Mina de S. Domingos” e do DVD “Memórias das Minas”.