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ermida guadalupe4O ciclo é de Música Antiga, mas também haverá artes performativas, em espetáculos que terão sempre algo a ver com os 600 anos dos Descobrimentos portugueses.

A Ermida de Nossa Senhora da Guadalupe, em Vila do Bispo, acolhe, a partir desta sexta-feira, dia 7 de Agosto, o 4º ciclo de Música Antiga «Sons Antigos a Sul», onde se destaca a inclusão inédita da arte dramática e a parceria com o Real Conservatório de Haia, que trará jovens talentos internacionais ao Algarve.

Este evento da Academia de Música de Lagos está integrado no programa DiVaM – Dinamização e Valorização dos Monumentos, da Direção Regional de Cultura do Algarve. Os espetáculos acontecem todas as sextas-feiras de Agosto, às 17 horas.

O ciclo começa com um concerto dirigido por um professor desta escola, «um dos melhores, senão mesmo o melhor conservatório do mundo de música antiga», segundo Daniela Tomaz, a diretora artística do «Sons Antigos a Sul».

O espanhol Isaac Alonso de Molina é o responsável pela direção musical do concerto «Missa a Quatro Vozes», do compositor português Pedro Escobar (séculos XV/XVI), que será interpretado pela Polifonia Portuguesa do Renascimento e pelo Ensemble Ars Lusitana (a capella).

«A Missa a Quatro Vozes a interpretar encontra-se no manuscrito musical número 12 da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (encontrando-se também uma correspondência num manuscrito em Tarazona, Espanha). O manuscrito é originário do Mosteiro de Santa Cruz e estima-se que terá sido elaborado em meados do século XVI. A missa está completa, apresentando todos os movimentos do ordinário: Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus e Agnus Dei», segundo a Academia de Música de Lagos.

No dia 14, chega a novidade e um dos pontos altos da edição de 2015 deste ciclo. O Ensemble Vicente vai apresentar a peça «Leixai-me Ouvir e Folgar», um espetáculo que junta as artes performativas e a música antiga, escrito e composto «no tempo de Gil Vicente».

Todos os intervenientes nesta peça são especialistas em artes antigas, tanto o ator Nuno Meireles, que é igualmente responsável pela dramaturgia, como os músicos Manuela Lopes (soprano) e Hugo Sanches (Vihuela).

A peça terá a sua «estreia absoluta» neste ciclo, mas será novamente apresentada no dia seguinte, 15 de Agosto, na inauguração da Mostra de Artistas de Lagos (MALA), no pátio do Centro Cultural de Lagos.

«Este ano, temos a introdução do teatro, depois de já termos introduzido a dança em 2014. Este é um projeto que já queríamos implementar há algum tempo, dinamizado por especialistas neste período da história. Quisemos fazer a ligação aos Descobrimentos nos diferentes espetáculos do ciclo», tendo em conta que se comemoram os 600 anos da Tomada de Ceuta, à qual Lagos esteve muito ligada.

Cartaz Sons Antigos a Sul '15 Geral ErmidaEsta ligação mantém-se na proposta seguinte do «Sons Antigos ao Sul», apesar dos seus protagonistas virem de Haia, na Holanda. A 21 de Agosto, a Ermida de Nossa Senhora da Guadalupe acolhe a «Noite de Jovens Talentos: Diálogo Teatral na Corte Europeia», com composições dos séculos XV/XVI.

A música será proporcionada pelo «The Goldfinch Ensemble», que junta Emmanuel Frankenberg (cravo), Noyuri Hazama (violino barroco), Pablo Sosa del Rosario (traverso) e Salomé Gasselin (viola de gamba).

«Estes jovens ganharam recentemente um prémio e são já nomes consagrados no panorama da música antiga», descreveu Daniela Tomaz.

O ciclo de Música Antiga termina com uma Festa Folia, «que é um género musical que se pensa que tenha tido origem em Portugal e inspirou muitos compositores no século XVIII». O espetáculo «Nas origens da Folia do período Barroco» juntará os músicos Kristen Huebner (traverso) Xurxo Varela (viola de gamba) e Hugo Sanchez (tiorba).

A entrada nestes espetáculos tem associado um «donativo sugerido» de 5 euros.

Daniela Tomaz frisou ainda o selo de qualidade EFFE – Europe for Festivals, Festivals for Europe, da European Festivals Association, que foi atribuído ao ciclo «Sons Antigos a Sul» em 2015, um galardão que «coloca o festival num ponto de viragem para crescer».

«Este ano também temos o apoio da Câmara de Lagos, para além do que já vimos recebendo da Direção Regional de Cultura, até porque os Descobrimentos estão muito vinculados a este concelho», ilustrou a diretora musical do evento.

O Ciclo de Música Antiga «Sons Antigos a Sul» nasceu em 2012 com o objetivo de «dar a conhecer esta visão histórica a toda a comunidade local residente e aos seus visitantes».

«Os espaços escolhidos privilegiaram lugares de interesse patrimonial elevado, como a igreja de Santo António em Lagos, a Igreja de Nossa Senhora da Graça na Fortaleza de Sagres e a Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe na Raposeira, estes dois últimos monumentos afetos à Direção Regional de Cultura do Algarve», segundo a Academia de Música de Lagos.

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