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Teresa Salgueiro, a voz dos «Madredeus», vai inaugurar este domingo, às 17h00, o ciclo Femina, que irá que trazer ao Cineteatro Louletano grandes vozes femininas portuguesas ao longo de 2017. No concerto de amanhã, a compositora e cantora portuguesa vai apresentar o seu mais recente trabalho, o disco «Horizonte».

Depois de 20 anos a ser a voz dos Madredeus, Teresa Salgueiro decidiu dar início à sua carreira a solo, em 2007. A partir daí são várias as participações e colaborações que faz, quer com o «Lusitânia Ensamble» ou com o compositor polaco Zbigniew Preisner e que lhe permitem começar a definir um novo rumo.

«Era um caminho que eu queria ter iniciado um tempo antes, mas foi preciso encontrar os músicos certos para fazer este tipo de trabalho e ao longo dos projetos de colaboração que fui fazendo entre 2007 e 2011 consegui reunir o grupo de músicos que me acompanhou e começar a desenvolver essa ideia», revelou Teresa Salgueiro, numa entrevista ao Sul Informação – Musicália.

O seu primeiro trabalho, «Mistério» sai em 2012 e nele Teresa Salgueiro consegue experimentar algo que ambicionava há anos. « O “Mistério” foi um novo começo na música, apesar de tantos anos dedicados à música e ao canto. A partir deste álbum há uma novidade, para mim, esta vertente da composição e da escrita das letras». O desafio para a criação veio do baterista e guitarrista Rui Lobato, que a continua a acompanhar nas composições e, ao vivo.

Abraçando a elaboração da componente criativa, a cantora sente que complementa a “mera” interpretação onde a «entrega também é inteira, mas estamos a servir uma ideia de alguém e dar o melhor de nós para que essa ideia passe às pessoas que nos escutam». Dando este passo tem o poder de «criar a partir do nada. Onde há nada passa a haver música. É um momento de uma grande liberdade, responsabilidade e que me ensina muito sobre mim mesma, as minhas capacidades, é um desafio total da criação de uma linguagem partindo do silêncio».

Com “Mistério”, realizou uma viagem ininterrupta durante quatro anos, revisitando as maiores salas de espetáculos do mundo, tempo suficiente maturar «Horizonte», aquele que é o seu segundo registo.

Viajar dá-lhe também oportunidade para observar o Mundo, algo que se reflete e alimenta a sua criação. «Aquilo que escrevo tem a ver com a forma como vejo o mundo e a música que faço tem muito a ver com a minha sensibilidade, as palavras que escrevo têm muito a ver com a música que faço e são uma forma de comunicar como vejo e sonho o Mundo», ilustrou.

O nome escolhido para o segundo trabalho surge da linha que acompanha o viajante, mas que pode ter uma relação com uma outra viagem interna que todos desejamos realizar. « O “Horizonte” fala desse percurso que fazemos continuadamente em direção aos nossos sonhos, a esse horizonte, essa linha distante que à medida que caminhamos vai sempre mudando mas que permanece ali, uma outra linha, diferente, mas permanece ali e simboliza o sonho, aquilo que nos convida a caminhar».

Este álbum, lançado em Outubro, traduz a visão, por um lado, deslumbrada do mundo em que vivemos, da maravilha da criação e de estar vivo, em contraste com a dificuldade da condição que a natureza humana tem em corresponder a essa maravilha.

Na visão de Teresa Salgueiro «temos muitas capacidades desenvolvidas, muita sabedoria, muita inteligência, muita tecnologia, muito conhecimento para tornar o planeta um lugar onde todos tivessem lugar para viver e procurar a felicidade, mas depois, há traços da natureza humana, que se repetem ao longo da história que impedem que isso aconteça».

Os temas de «Horizonte» revelam essa preocupação da autora. A música “Cidade” retrata a realidade das metrópoles dos nossos dias, em contraste com uma cidade ideal, sendo que «neste momento poderíamos construir as cidades perfeitas, que pudessem abarcar toda a gente, estando ao nível do conhecimento adquirido, mas, na sua maioria, são um local de solidão e nesse tema, falo num dos traços do caráter humano, a ganância, que não deixa que haja uma visão do bem comum.

Já “Êxodo” é dedicado à eterna história de povos perseguidos e que se vêm obrigados a migrar constantemente e, em “Liberdade”, Teresa salgueiro reflete sobre algo que é, muitas vezes considerado um dado adquirido mas que «tem sido sempre uma conquista, uma luta e não é valorizada. Quem a tem, não tem a noção de que de um momento para o outro as coisas podem voltar para trás, podem mudar».

Mas nem só de “desgraças” se fala num disco que tem o horizonte como inspiração. A “Esperança” também está presente, como algo que sempre resiste «porque a natureza humana tem estes traços terríveis, mas, tem a capacidade extraordinária de ser criadora e de criar, também coisas muito boas».

É esta natureza da compositora e intérprete, Teresa Salgueiro que se apresenta em Loulé. O concerto é baseado em «Horizonte», mas não vão faltar todos os outros anos dedicado à música, passando pelo «Mistério» ou por muitas das parcerias estabelecidas ao longos dos anos: as músicas do mundo do cinema, fruto de um convite para um concerto em Taiwan, temas que representam pilares da cultura portuguesa, uma breve passagem pelo reportório da América Latina, incluído num álbum lançado apenas no México e, claro, um momento de homenagem aos Madredeus.

Em jeito de convite, Teresa Salgueiro, afirma que será uma «fusão de várias linguagens musicais que podem ser identificadas com o nosso Portugal» com a noção que, a sua, «é uma música que pede às pessoas que a escutem».

Os bilhetes para o concerto de manhã de Teresa Salgueiro, no Cine-Teatro Louletano, custam 12 euros para o público em geral e 10 euros para maiores de 65 anos e menores de 30 anos.

sulinformacao

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