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O Ninho de Empresas (CACE) de Loulé vai passar a ser gerido pelo consórcio Caravela Startup, uma entidade formada por diferente associações e representada por vários empresários algarvios, ao abrigo de um protocolo  assinado esta sexta-feira entre o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), a Câmara de Loulé e os futuros gestores do espaço.

Deste acordo, nasce o Centro de Incubação e Aceleramento Empresarial de Loulé-Algarve, que substituirá o CACE louletano, situado na Zona Industrial deste concelho, numa tentativa de trazer um novo dinamismo a esta incubadora de empresas. É que, apesar deste ser o CACE do país com maior taxa de ocupação, uns respeitáveis 88%, encontrava-se «ligado às máquinas», segundo Paulo Bernardo, representante da Caravela Startup.

O acordo partiu da vontade dos empresários e associações envolvidos no consórcio de revitalizar este espaço de incubação, mas tem um objetivo bem mais ambicioso, o de promover o Algarve como um local privilegiado para se fixar ou lançar empresas. Ou seja, que a região passe a ser conhecida em todo o mundo não só como um destino turístico, mas também como um local onde é bom viver, trabalhar e fazer negócios.

«Na minha atividade profissional, passo muito tempo fora de Portugal, e tenho-me apercebido que o Algarve tem condições excelentes para ter muito mais empresas a fixar-se. As nossas condições físicas, ambientais e culturais são ótimas para atrair investimento, criar mais emprego e melhorar as condições de vida dos algarvios. No entanto, andamos um pouco perdidos no meio disto tudo», ilustrou empresário algarvio, que, além de gerir a empresa tecnológica Wifi4media, já dirigiu a ANJE Algarve e foi o diretor geral da agência regional Globalgarve.

A falha começa, desde logo, na forma como a região se mostra ao exterior. «De que forma é que o Algarve promove as suas empresas lá fora? Não existe nada! Atualmente, não há nenhuma estrutura que faça uma promoção interna e externa do nosso território [ao nível empresarial]. Nós olhamos para o território como um local que atrai turistas, e isso é ótimo, mas nunca o vendemos de outra forma», defendeu.

 

Paulo Bernardo fala mesmo em potencial para que o Algarve se torne «o Silicon Valley da Europa». Isto porque a região pode ser especialmente atrativa para organizações «das áreas tecnológica, farmacêutica, ligadas à artes e cultura ou cinema». «Temos condições para ter isso tudo. Não quer dizer que nós consigamos fazê-lo ou que o Pai Natal nos ofereça isso, mas pelo menos vamos tentar», disse.

Um primeiro passo nesse sentido será este assumir de responsabilidades numa estrutura que, até agora, estava sob a alçada do IEFP.

«O CACE nunca fechou, esteve sempre em funcionamento. Mas acabou por haver um desinvestimento nesta rede, nomeadamente por parte do anterior Governo, com os cortes que se tiveram de fazer. Nós, vários empresários regionais, achámos que a infraestrutura estava a ser um bocado esquecida e propusemo-nos a ajudar a geri-la», revelou.

E foi isso que aconteceu. «O IEFP continua a assumir os custos da estrutura – não das pessoas, mas da água, da luz, do funcionamento e da segurança – e nós vamos gerir o espaço e tentar fazer do CACE mais do que uma mera infraestrutura física, mas sim um aglutinador para o desenvolvimento do Algarve», acrescentou Paulo Bernardo.

Ou seja, mais do que ser um mero gestor/dinamizador do Centro de Incubação e Aceleramento Empresarial de Loulé – Algarve, o consórcio Caravela Startup quer criar sinergias a nível regional, nomeadamente com as muitas áreas empresariais existentes no Algarve.

E não precisarão de ir muito longe, para o começar a fazer. A Câmara de Loulé, outro dos signatários do acordo, está a apostar na criação de espaços de incubação municipal, processo que conhecerá grandes desenvolvimentos em 2017. «O maior espaço desta natureza será criado aqui no centro histórico, nas antigas instalações do INUAF – Instituto Superior D. Afonso III, dedicada às indústrias criativas», revelou o edil louletano Vitor Aleixo.

Esta será apenas um de vários polos de incubação a ser criados no coração da cidade de Loulé, a que se juntarão outras áreas de acolhimento de jovens empresas, espalhados por todo o território, incluindo as  freguesias do interior.

O «exemplo» que Loulé e o Caravela Startup estão a dar é aplaudido pelo secretário de Estado do Emprego Miguel Cabrita – chegou a estar prevista a presença do ministro Vieira da Silva, mas o governante não esteve presente -, que o quer ver «replicado noutros pontos do país». Até porque, admitiu, entre os nove CACE existentes em todo o país, alguns tiveram muito pouco sucesso, «porque muitos deles foram instalados em zonas de menor densidade».

Já o Algarve «é uma região jovem, pelo que é natural que tenha um forte dinamismo empresarial». Se depender do consórcio Caravela Startup, essa dinâmica será ainda mais forte no futuro e associada a oportunidades de emprego altamente qualificado.

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