O Novo Acordo Ortográfico, que tanta polémica tem suscitado em Portugal, foi alvo de uma conversa informal na Biblioteca Municipal, esta semana, com o professor de Linguística da Universidade do Algarve Jorge Batista. Os participantes aproveitaram para esclarecer algumas das dúvidas existentes.
Mais importante do que a escrita é a língua, essa terá de ser sempre a que falamos. Quanto à escrita, “precisa de uma norma, que é apenas para a comunicação pública. Em privado, podemos escrever como quisermos”, referiu Jorge Batista em Olhão.
Sobre o Acordo Ortográfico agora alcançado e legislado, recordou que ao longo de décadas existiram várias tentativas de chegar ao consenso e agora à sua implementação, em 2012. Mas, afinal, para que serve um acordo? Por exemplo, “para uma maior aproximação da escrita à pronúncia”.
Mas, ressalva Jorge Batista, “a língua não muda. Ninguém passa a falar de forma diferente mas, nalguns casos, temos de reaprender a escrever, o que implica um esforço consciente”.
Para o especialista, “não há nenhum problema de legitimidade, ninguém nos impôs um novo acordo”. Diz Jorge Batista que “a língua faz parte da identidade de um povo, a língua, não a grafia”, para explicar que com as mudanças implementadas a nossa identidade linguística não é posta em causa.
Jorge Batista diz que não concorda com tudo, mas acredita que “existem vantagens e que o texto pode ainda ser melhorado. Somos nós que fazemos esta língua, o mais importante é que saibamos falar e escrever português!”. E defende que a discussão surgida “já fez muito pelo acordo, independentemente de ser bom ou mau”, acrescentando: “Não ficámos humilhados com o novo acordo, mas que há problemas, há!”.
Entre algumas dúvidas surgidas e explicadas durante a conversa com a assistência que esteve presente na Biblioteca Municipal de Olhão, o professor aconselhou a consulta do Portal da Língua Portuguesa, onde é possível obter respostas para muitas interrogações.