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O Algarve dará as ideias, o conhecimento e a tecnologia inovadora. A Altice será o facilitador, que tanto pode financiar o desenvolvimento de projetos, como colocar produtos no mercado global. Olhão será o local onde a “troca” se fará, quando o futuro Altice Lab do Algarve for instalado.

Há nove meses, a Câmara de Olhão lançou o desafio à empresa multinacional da área das telecomunicações para escolher esta cidade para instalar um dos pontos da sua rede descentralizada de desenvolvimento tecnológico. A Altice, que adquiriu recentemente a PT- Portugal Telecom, que contava há décadas com um laboratório de inovação na Universidade de Aveiro, aceitou e vai ter um polo tecnológico com uma incubadora de empresas no Algarve, que se juntará aos que foram recentemente criados em Viseu e no Funchal.

Para já, e antes que haja uma componente física deste polo tecnológico, será criado um Conselho Estratégico, que além da empresa, juntará entidades públicas e privadas da região, entre as quais a Universidade do Algarve, «um parceiro fundamental», segundo o presidente da Câmara de Olhão António Pina.

Na altura em que foi acordada a parceria entre a autarquia e a multinacional, ficou estabelecido que caberia a Olhão «chamar mais parceiros», o que já aconteceu.

Constituído este órgão, algo que se estima que aconteça «até final de Outubro», empresários e empreendedores serão desafiados a avançar com ideias e projetos para produtos tecnológicos que possam vir a ser usados pela Altice ou que o grupo económico possa ajudar a vender no mercado nacional e internacional.

Foi o estabelecer de um calendário para esta colaboração que trouxe, na quarta-feira, a Olhão, os representantes do grupo internacional Alcino Lavrador, diretor-geral da Altice Labs, e André Figueiredo, coordenador deste projeto de descentralização.

A sessão já contou com a presença de representantes de muitas das entidades que, num futuro próximo, vão ajudar a desenvolver este ponto de desenvolvimento tecnológico e transferência de conhecimento, cujo grande objetivo é permitir o nascimento de empresas altamente especializadas e atrair «cérebros a fixar-se na região».

«Dado a Altice ser uma empresa com presença em muitos países, produzir, criar e desenvolver aqui novas ideias ganha uma dimensão mundial. E o Algarve, nomeadamente Olhão, querem afirmar-se como um local onde os cérebros ligados às tecnologias tenham vontade de trabalhar e se fixar. Já viram o sonho que não é, para um inglês, um francês ou um alemão, virem desenvolver projetos ligados às novas tecnologias para o local onde passam férias? É esse o desafio», considerou António Pina.

O desafio é aberto a criadores de todo o mundo, mas espera-se que tenha, principalmente, um efeito multiplicador no tecido empresarial algarvio ligado ao desenvolvimento de tecnologia. A única baliza que existe para os produtos a desenvolver é a de que terão de ser inovadores e “utilizáveis” (ou comercializáveis) pela Altice, grupo que está presente diretamente não só em Portugal, mas também em países como a Holanda (de onde é originária), França, Estados Unidos e Israel, entre outros, e que, além disso, tem negócios em muitos outros países espalhados pelo mundo.

«Não seremos nós a ditar que produtos serão desenvolvidos. Isto é algo que tem de fazer sentido para ambas as partes. O que nós pretendemos é criar uma comunidade de desenvolvedores, que possam enriquecer o que nós fazemos. Podem ser coisas totalmente novas ou até mesmo algo que já exista, que nós achemos que vale a pena promover. Nós podemos ser um facilitador nas várias etapas: no desenvolvimento, na investigação e no mercado», ilustrou Alcino Lavrador.

«O nosso objetivo é captar ideias de inovação, de produtos e tecnologias, como já vimos a fazer com os parceiros que temos atualmente. Com este passo [descentralização], estamos a tentar encontrar outros mecanismos que nos ajudem a inovar ainda mais. As dinâmicas locais do empreendedorismo e de apoio à inovação são fundamentais para criar uma rede, que quanto maior for, mais ideias novas gera», resumiu o diretor-geral da Altice Labs. Em contrapartida, a Altice poderá «garantir o financiamento, co-desenvolver os produtos ou simplesmente apadrinhar os projetos».

Alcino Lavrador, diretor-geral da Altice Labs

E a experiência da Altice Labs de pegar em ideias para as transformar em produtos é grande, já que o seu polo central em Portugal, situado em Aveiro, existe há décadas e permitiu à então PT tornar-se uma empresa de referência internacional, no que ao desenvolvimento tecnológico diz respeito. «Todos os dias, mais de 250 milhões de pessoas comunicam através de tecnologia desenhada e desenvolvida pela Altice em Portugal [pela PT], com engenharia e produção portuguesas», disse Alcino Lavrador.

Com a criação desta parceria e a abertura de uma porta para o mundo, espera-se que possam surgir na região novos negócios, start ups que poderão instalar-se na incubadora de empresas de base tecnológica que a Câmara de Olhão vai criar.

À partida, há duas possibilidades, uma mais imediata, «o aluguer de um espaço com 200 metros quadrados», já identificado, e outra de médio prazo, a construção de raiz «de um edifício de 400 metros quadrados». «Vai depender do que se mostrar necessário», disse. O objetivo é ter esta valência a funcionar «no primeiro trimestre de 2018».

Assim que seja formalmente constituído, o Conselho Estratégico vai «avaliar propostas de jovens empresas ou de outra menos jovens que já existam, para que aqui se instalem».

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