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SolidariedadeQuando deu os primeiros passos em Faro, há menos de dez anos, o Centro de Apoio ao Sem Abrigo (CASA) ajudava um pequeno conjunto de famílias, numa lógica de “carolice” de um grupo de voluntárias. Hoje, são já mais de 400 as famílias apoiadas por esta instituição, aos mais diversos níveis, com o número de utentes a ultrapassar os 1200.

Ao longo dos anos, a instituição cresceu e oferece hoje um conjunto alargado de valências, mas sempre numa perspetiva de capacitar os utentes, recusando uma lógica de assistencialismo. Ou seja, mais do que suprir necessidades básicas, o CASA procura ensinar as famílias que apoia a ajudar-se a si próprias, para que saiam daquilo que, muitas vezes, é um ciclo de pobreza difícil de quebrar.

Uma das formas encontradas por esta IPSS para tentar evitar que os utentes continuem, indefinidamente, a necessitar da ajuda da instituição, é a figura do acordo social que introduziu.

«Depois de as pessoas serem referenciadas, nós conversamos com eles e propomos um acordo social, onde eles se obrigam a participar num projeto de integração na vida ativa e a apoiar a instituição com o chamado banco de horas, de trabalho comunitário. Isto serve para eles se sentirem valorizados e úteis, e, acima de tudo, sentirem que têm capacidade para voltar a integrar-se na vida profissional», explicou o  coordenador do CASA/Faro Pedro Cebola, em declarações ao Sul Informação.

«Nós somos contra o assistencialismo, somos a favor de integrar as pessoas quer socialmente, quer economicamente, quer profissionalmente», enquadrou.

Pedro Cebola:  Muitos dos utentes com acordo social “até vêm para aqui sem qualquer obrigação, porque, dizem, não estão a fazer nada em casa e aqui sempre estão com outras pessoas e não estão a pensar nos seus problemas”

Este acordo, no âmbito do qual os utentes se comprometem a dedicar 3 horas por semana ao projeto, é apenas válido «para pessoas que tenham condições físicas e de saúde para o fazer». De início, esta metodologia mereceu algumas críticas mas, garante Pedro Cebola, tem dado bons resultados.

«Há cinco anos, quando avançamos com o banco de horas, introduzimos um conceito novo. Houve muita gente que alegou que era explorar as famílias carenciadas, mas eu defendo que não. Três horas por semana, para quem não está a fazer nada, para quem, muitas vezes, não tem sequer motivação para sair da casa,  que sente que foi afastada pela sociedade, é uma forma de sentirem que são úteis e válidos», assegurou Pedro Cebola.

«A maioria das pessoas aceita bem. Há sempre uma ou outra situação de pessoas que não gostam de trabalhar, por natureza, mas a esmagadora maioria acaba por entender que é uma forma de se tornarem úteis para a sociedade. Muitos deles até vêm para aqui sem qualquer obrigação, porque, dizem, não estão a fazer nada em casa e aqui sempre estão com outras pessoas e não estão a pensar nos seus problemas», contou.

Com esta ajuda, é possível garantir um melhor funcionamento da Loja Solidária da instituição, que foi aberta em Setembro de 2013. «Temos umas oficinas profissionais, onde os nossos utentes recuperam as coisas que nos são doadas, como equipamentos eletrónicos e móveis, que depois são postos à disposição das pessoas», contou.

Com esta conceito, o CASA inovou, no panorama das IPSS do Algarve. E não se ficou por aqui. Também a Loja Solidária introduziu novidades, das quais se destaca a Mercearia Solidária, projeto que foi considerado um bom exemplo pelo ministro Poiares Maduro, quando esteve no Algarve no âmbito do Roteiro da Inovação Social que está a realizar.

Poiares Maduro na Loja Solidária do CASA«Quando inaugurámos este espaço, tentámos introduzir valências que pudessem dar resposta a todas as necessidades dos utentes. Ou seja, não ter só uma cantina social, o vestuário… aqui tentamos ter  várias valências, desde logo dar resposta às necessidades básicas das pessoas, mas também projetos que têm em vista a integração social das pessoas na vida ativa», resumiu Pedro Cebola.

A Mercearia Solidária espelha bem esta filosofia. O espaço funciona, no fundo, como qualquer mercearia, onde os utentes se vão abastecer. Mas, em vez de dinheiro, as pessoas apoiadas usam os créditos que lhes são atribuídos mensalmente, consoante o seu nível de carência e levam os produtos que entenderem.

E há um pouco de tudo, desde as mercearias mais básicas, como massas, arroz, azeite, açúcar ou leite, até  fruta, produtos frescos e até comida já preparada.

sulinformacao

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