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As chamas começaram na cobertura, mas depressa alastraram ao resto do edifício, destruindo as torres, o telhado e o interior do Palácio da Fonte da Pipa, em Loulé. As paredes exteriores permaneceram, mas quem acordava todas as manhãs com vista para aquele local, construído no século XIX, diz que «o palácio desapareceu».

Luciano Semião, que vive do lado oposto da estrada, em frente ao que resta do edifício, acordou, saiu à rua, e o cenário a que estava habituado mudou.

«Peguei nos binóculos, olhei e veio um vizinho que me disse “o palácio desapareceu”», conta.

Apesar de este ser, de acordo com Luciano Semião, um local de romaria, principalmente para os turistas que «paravam aqui na estrada e iam tirar fotografias», há muito tempo que «não dava conta de ver alguém entrar aí».

Irlandino Santos, Comandante dos Bombeiros de Loulé, em conversa com os jornalistas, também confirmou o que o Sul Informação já tinha adiantado: que não haveria ninguém no edifício quando as chamas deflagraram.

Irlandino Santos

Como terá então começado o incêndio? A Polícia Judiciária esteve no local e está à procura de respostas, sendo que, segundo apurou o nosso jornal, não havia eletricidade no palácio.

Para já, sabe-se que as chamas começaram «na cobertura do edifício, mas não se sabe exatamente o local», disse Irlandino Santos.

Os danos ainda estão por apurar, mas o comandante dos bombeiros adianta que «houve zonas que ruíram, por serem soalhos em madeira».

A madeira era, aliás, o material de construção predominante no interior do Palácio da Fonte da Pipa. Existiam madeiras nobres no chão, nas escadarias, nos tetos, e até muitas das paredes interiores eram em tabique (madeira com argamassa).

O (muito) material combustível existente dificultou o trabalho dos bombeiros, mas houve outras complicações. «Tivemos dificuldades no acesso ao espaço que estava fechado, por ser propriedade privada, isso dificultou bastante», revelou Irlandino Santos.

O Sul Informação constatou no local que a entrada da propriedade estava bloqueada por três pedras de grandes dimensões. Uma delas teve de ser removida por uma viatura dos bombeiros, para que os restantes meios de combate pudessem chegar perto do incêndio.

Além disso, «o edifício é antigo, existe perigo de derrocada, que faz com que a progressão [dos bombeiros] no interior seja muito lenta, muito difícil».

O incêndio foi dado como dominado às 8h46 da manhã, mas ainda há muito trabalho dos bombeiros pela frente. «Vamos ficar aqui as horas que forem necessárias. É um trabalho lento, vai levar tempo e não se pode ter pressa, para não colocar ninguém em risco», concluiu o comandante.

Pressa foi algo que não houve nos últimos anos, para tentar recuperar o Palácio da Fonte da Pipa, que estava ao abandono e a arruinar-se, e que pertencia a um fundo imobiliário inglês que tinha a intenção de construir no local uma urbanização, apesar de, segundo Vitor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé, «não haver base legal para o fazer».

«O palácio era o principal ativo daquela propriedade e à volta do qual ela se desenvolvia. Mas nunca ligaram muito ao imóvel e ele foi-se degradando. Agora tudo ficará mais difícil, pois perderam o seu principal ativo. Se antes era complicado, agora…», concluiu o autarca.

 

Veja aqui o vídeo do combate às chamas:

 

Fotos: Nuno Costa e Pedro Lemos | Sul Informação

 

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