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A obra do Parque Ribeirinho foi hoje consignada numa sessão marcada pelo anúncio de verbas para mais obras do Polis da Ria Formosa e pelo protesto de mariscadores e viveiristas farenses. Uma das intervenções para as quais haverá já dinheiro garantido são as dragagens há muito pedidas pelos profissionais que vivem da zona lagunar, mas estes já só se convencem quando virem ação no terreno, disseram.

A cerimónia teve uma face dupla, com as entidades oficiais e convidados a juntar-se no pequeno cais existente no sítio da Panasqueira e os mariscadores a aglomerar-se alguns metros ao lado, empunhando cartazes de protesto. A manifestação foi, quase sempre, silenciosa.

Agradeceram os oradores, que apenas viram as suas comunicações incomodadas pelo vento que soprava constantemente.

«Os farenses vão ter o orgulho de ter, dentro de um ano, o melhor jardim do Algarve, junto à Ria Formosa. E vão ter o prazer de convidar os amigos e conhecidos, para vir aqui passar o fim-de-semana com eles e usufruir do Parque Ribeirinho de Faro», resumiu o presidente da Câmara farense Macário Correia, à margem da cerimónia.

«Esta obra há pelo menos 30 anos que é falada, teve um impulso há 20 que não teve grande sucesso, uma pequena obra que se fez e não foi devidamente acompanhada», enquadrou. Esta primeira intervenção foi abandonada e o que foi feito acabou por ser «quase tudo destruído, devido ao vandalismo».

Uma situação que o autarca acredita que não se vai repetir. «Julgo que aprendemos o suficiente para que não seja um espaço vazio, num subúrbio da cidade. Vai ser um espaço com vida, porque nós vamos criar aqui postos de trabalho. Vai ter quiosques, bares, restaurantes, espaços de lazer e isso requer a presença permanente de profissionais», considerou, acrescentando que, desta forma, «a vigilância é outra».

Quanto à manutenção dos equipamentos públicos, ficará a cargo da Câmara de Faro. «É o município de Faro que terá de fazer com este jardim público o mesmo que faz com o Jardim da Alameda e com os outros jardins da cidade. Tomá-lo como seu e inseri-lo no seu plano de conservação e gestão permanente», disse.

A primeira fase do Parque Ribeirinho de Faro hoje consignada prevê a criação de «várias praças, um anfiteatro ao ar livre com capacidade para 250 pessoas, observatórios de aves, equipamentos de restauração, percursos pedonais e cicláveis interpretativos e zonas de estadia».

Na altura em que surgiu o anúncio de consignação da obra, o PS veio a público reclamar o mérito da empreitada e criticar o executivo pelo muito tempo que levou a tirar a obra do papel e a colocá-la no terreno. Macário Correia disse hoje que tudo esteve ligado a questões burocráticas e de financiamento.

«A obra custa mais de 3 milhões de euros e em tempos de dificuldades não é fácil arranjar esse dinheiro. De maneira que foi com uma engenharia financeira muito meticulosa que se conseguiu arranjar essa solução», disse Macário Correia.

«Houve outras questões, que obrigaram à devida ponderação deste projeto nas suas diferentes delicadezas. É um projeto que, obviamente, requer a aprovação de várias entidades, por estar em zona de Domínio Público Marítimo», justificou. «Mas agora estão todas as condições reunidas para que a obra daqui a um ano esteja feita», assegurou.

 

Ao Parque Ribeirinho de Faro seguem-se «em breve» mais obras do Polis

 

Mais do que falar de uma obra que apanhou numa fase muita avançada, o recém-empossado presidente da Sociedade Polis Ria Formosa Manuel Lacerda preferiu falar do futuro, até porque parte dos destinatários da mensagem estavam ali mesmo ao lado.

O novo responsável pelo Polis algarvio anunciou que foi aprovada ontem, quinta-feira, «a candidatura do Polis Ria Formosa ao Programa Operacional de Valorização do Território (POVT) no valor de 22 milhões de euros». Verba que se destina a «obras prioritárias, que serão feitas em breve».

Ao todo estão contemplados 14 projetos, entre renovação de zonas ribeirinhas, intervenções de proteção da Ria Formosa e melhoria da sua hidrodinâmica e Planos de Praia.

Para a proteção e valorização da Ria Formosa, que os profissionais do marisqueio e viveiristas há muito reivindicam, estão destinados 11 milhões, metade da verba agora garantida.

Neste campo está prevista «a valorização hidrodinâmcia» da zona lagunar, que passará por dragagens que melhorem a circulação e oxigenação da água e reforço do cordão dunar. Neste lote cabe ainda a nova ponte para a Praia de Faro, entre outras obras.

Promessas que não convenceram os membros da Vivmar- Associação de Mariscadores e Viveiristas da Ria Formosa presentes. Macário Correia e Manuel Lacerda disponibilizaram-se para uma reunião com os profissionais da pesca logo depois da cerimónia, mas estes recusaram estar presentes no encontro, referindo que só marcarão presença «quando houver uma cerimónia como esta de início das dragagens».

Segundo o dirigente da Vivmar e presidente da Junta de Freguesia de São Pedro Vítor Lourenço, os mariscadores e viveiristas até se congratulam com a obra hoje lançada, mas consideraram que «primeiro limpa-se a Ria por dentro, depois limpa-se a parte exterior ».

Além destas intervenções, está prevista a requalificação de outras zonas ribeirinhas, nomeadamente a criação «do Parque Ribeirinho do Ludo» e percursos pedonais entre Pedras del Rei e Santa Luzia, em Tavira e o Lacém e a Manta Rota, em Vila Real de Santo António. Em breve avançará também a requalificação do acesso viário às Quatro Águas, em Tavira.

 

 

 

 

 

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