“Um povo que fez o 25 de Abril não pode deixar que isto aconteça”, concluiu Carlos Brito, ex-dirigente do Partido Comunista Português, no debate “40 Anos do 25 de Abril”, que aconteceu segunda-feira à noite na Biblioteca Municipal de Castro Marim.
Este protagonista de Abril referia-se aos “dias mais sombrios destes 40 anos de liberdade. O que o povo festejou no 25 de Abril foi a libertação, acabar-se com o medo. Hoje vivemos desemprego, há fome e o medo voltou”.
Na mesa, estavam também a escritora e professora catedrática Teresa Rita Lopes, uma das maiores especialistas contemporâneas de Fernando Pessoa, e Francisco Amaral, presidente da Câmara Municipal de Castro Marim e o autarca mais antigo do país em funções.
Também nas palavras do presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, se destacou o descontentamento face aos caminhos da política nacional, uma política que, segundo o autarca, tem travado o progresso e o desenvolvimento de Portugal, agarrada àquilo a que ele costuma chamar de “espírito das capelinhas”.
“O que seria da cultura, do desporto, da solidariedade social se não fossem as câmaras municipais?”, questiona o presidente, concluindo que “não foi para aquilo que se vive hoje em Portugal que os capitães fizeram o 25 de abril”.
Depois de uma justa homenagem aos capitães de abril, numa breve exposição de Carlos Brito sobre o movimento e nas palavras de poesia de Teresa Rita Lopes, a plateia interveio interessada, questionando os caminhos destes 40 anos de liberdade e o papel dos nossos jovens na construção de um melhor futuro, aos quais, segundo uma das intervenções do público “aqueles que viveram Abril não souberam dar um legado de esperança”. “Talvez não saibamos trazê-los cá”, sugeriu o ex-dirigente do PCP.
“Grândola, Vila Morena”, na voz de Afonso Dias, e os poetas do Guadiana fecharam este debate de Liberdade, uma iniciativa da Câmara Municipal de Castro Marim integrada nas Comemorações do 25 de Abril, que continuam na sexta-feira, e até ao dia 27 de abril, com um vasto programa cultural e desportivo.