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A Sé de Beja encheu-se esta quarta-feira para o funeral de D. Manuel Falcão, bispo emérito da diocese, falecido na terça-feira aos 89 anos de idade, que foi lembrado pelo seu sucessor como alguém que “marcou” a Igreja portuguesa.

Durante a homilia da celebração, D. António Vitalino louvou o “testemunho forte de fé, de esperança, de amor, um amor muito concreto” de D. Manuel Falcão.

“No seu testamento, ele teve o cuidado de confiar todos os seus haveres à Diocese de Beja e ao critério do bispo de Beja, para a pastoral desta diocese. Mas, no final, pede que do seu espólio se faça chegar ainda uma última dádiva aos pobres que ele assistia – de perto e de longe – com nomes, com endereços”, revelou.

“Esses pobres, com certeza, estarão hoje bem unidos a ele”, acrescentou o atual bispo da diocese.

Presente na cerimónia, o cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, lembra o legado “muito grande” do falecido prelado, natural da capital portuguesa, onde foi ordenado padre e bispo.

“Foi um homem de uma dedicação pastoral, sobretudo de competência, a que aliou sempre o aspeto cultural e até científico”, disse à ECCLESIA, lembrando “um grande amigo”.

Antigo aluno de D. Manuel Falcão, o atual presidente da Conferência Episcopal Portuguesa recorda que o bispo emérito de Beja “esteve na origem daquilo que é a reflexão sociológica da Igreja” e fundou “uma revista que marcou uma época”, o ‘Boletim de Informação Pastoral’  (1959-1970).

“Muitas das perspetivas que ele iniciou hoje estão plenamente desenvolvidas, fazem parte do dia a dia da nossa pastoral, tem o grande mérito de ter sido um homem que viu o futuro e que arriscou caminhos novos”, acrescenta.

Sobre o trabalho no Alentejo, D. José Policarpo diz que se tratou de um “grande bispo”, que assistiu a “mudanças significativas”.

“A sua opção por Beja, pelos vistos, era eterna e fica inclusivamente aqui sepultado, sendo um lisboeta”, completou.

O funeral, presidido por D. António Vitalino, contou com a presença de uma dezena de bispos de todo o país e do núncio apostólico (embaixador da Santa Sé), D. Rino Passigato.

Este responsável leu uma mensagem assinada pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Bertone, que transmitia as condolências do Papa e realçava o serviço do falecido bispo em “anos não fáceis”.

D. Manuel Franco da Costa de Oliveira Falcão, licenciado em engenharia e jornalista, nasceu a 10 de novembro de 1922 em Lisboa; entrou no seminário, em 1945, e foi ordenado padre pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira.

Por Bula de Paulo VI datada de 6 de dezembro de 1966, foi eleito bispo titular de Telepte e auxiliar do cardeal-patriarca, com a ordenação episcopal a ter lugar a 22 de janeiro de 1967.

A 24 de outubro de 1974, pouco depois da Revolução de abril, foi nomeado coadjutor por Paulo VI, com direito de sucessão do arcebispo-bispo de Beja, D. Manuel dos Santos Rocha, chegando à Diocese em janeiro de 1975.

Aquando da resignação de D. Manuel dos Santos Rocha, por limite de idade, a 8 de setembro de 1980, D. Manuel Falcão passou a bispo diocesano, com entrada solene a 1 de outubro, tendo renunciado ao cargo a 25 de janeiro de 1999.

O prelado foi sepultado no jazigo dos bispos da Diocese de Beja, 180 km a sudeste de Lisboa.

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