As obras de reabilitação do Centro Histórico de Loulé, que arrancaram há cerca de dois meses, puseram a descoberto novas divisões dos Banhos Islâmicos de Loulé, que assim se tornam a estrutura com a planta mais completa em toda a Península Ibérica.
O achado arqueológico não irá interferir no prazo dos trabalhos de reabilitação do espaço público.
Assim, no Largo D. Pedro I foram identificados, pela equipa de arqueologia que está a trabalhar no local, alguns compartimentos que prolongam para Este o edifício e que poderão pertencer a uma área de vestíbulo, com tanques e possíveis latrinas, correspondendo a novas zonas do edifício de Banhos Islâmicos de Loulé.
Esta nova descoberta revelou-se de «extraordinária importância para a compreensão da planta total do edifício».
«O seu excelente estado de conservação, em alguns pontos, apesar da sua parcial afetação devido à colocação de infraestruturas contemporâneas, permitiu reconhecer uma fossa séptica para utilização dos utentes do edifício balnear, com uma canalização associada, essencial para higienização do espaço», explica a Câmara de Loulé.
Foi ainda identificada uma estrutura de abastecimento de água ao edifício dos Banhos, «obra de engenharia que raramente se conserva, uma vez que se trata de uma canalização de alvenaria inserida no interior de um dos muros do edifício».
Além destas estruturas, fundamentais na organização do edifício balnear, foram também identificados os restos de um tanque de águas frias, que se encontra parcialmente afetado por obra realizada em data incerta, mas que mantém ainda boa parte da sua estrutura original.
O edifício dos Banhos Islâmicos de Loulé, localizado no interior da “Casa das Bicas”, descoberto em 2006, é o único edifício deste género identificado no território nacional. Após as primeiras intervenções arqueológicas viu a sua importância reconhecida ao nível da comunidade científica e do público em geral.
Trata-se de um dos edifícios de banhos islâmicos mais completos no panorama da arqueologia da Península Ibérica, pelo que a sua valorização assume um «inegável interesse quer ao nível patrimonial, quer ao nível turístico», estando a Câmara Municipal de Loulé a desenvolver, em parceria com o Campo Arqueológico de Mértola, um projeto de valorização e musealização deste complexo balnear.
Durante uma visita ao local, o presidente da Câmara Vítor Aleixo, salientou a importância deste achado na «projeção da cidade».
«Loulé tem mais um recurso para atrair pessoas, para dinamizar a economia da cidade, neste caso ligado à vida cultural e patrimonial da cidade, e nós não podemos ignorar isso. Nos tempos que correm, em que é tão difícil dinamizar a vida das cidades, todas as hipóteses, todos os recursos ao nosso dispor têm de ser utilizados e é isso que estamos aqui a prepararmo-nos para fazer com êxito», afirmou o autarca.
Quanto ao desenrolar das obras na Zona Histórica, Vítor Aleixo garantiu que os novos achados nos Banhos Islâmicos não terão qualquer influência no prazo de execução, e que será assegurada a compatibilização entre, por um lado, a valorização deste património cultural da cidade que poderá constituir um polo de atração de visitantes e, por outro lado, a reabilitação do espaço público.
«Aquilo que é necessário fazer para perceber o perímetro dos Banhos Islâmicos não é em termos de escavações, não estamos a falar de uma grande área, é apenas uma pequena área mais. Isso não significará atrasos no calendário inicial, não incomodará nenhuma atividade comercial. Vamos fazer as coisas com bom senso, com rapidez, e tendo o cuidado de minimizar sempre o impacto negativo nos interesses de todos», disse ainda o responsável camarário.