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01_Polis SW_visita_Malhão (Custom)Quem, este Verão, for à Praia do Malhão, já não terá de andar aos saltos dentro do carro, pela esburacada estrada de terra fora, nem terá de estacionar ao Deus dará, no meio da vegetação e rezando para que o carro não fique enterrado na areia.

A Praia do Malhão, na costa do concelho baixo alentejano de Odemira, foi alvo de uma intervenção do Polis Litoral Sudoeste, no valor de um pouco mais de 2 milhões de euros.

A obra integra, precisamente, a construção de um parque de estacionamento para mais de 600 viaturas, devidamente ordenado, com acessos para os automóveis, bem como para as pessoas, criando uma rede de passadiços de madeira que permitem a todos passear por este troço de costa. Há mesmo quem vaticine que os passadiços do Malhão vão passar a ser «o local de passeio das famílias ao longo de todo o ano».

Foram ainda feitas obras de «engenharia natural», com recurso a materiais naturais, como a pedra e a madeira, para reter a água e evitar que as chuvas continuem a escavar barrancos nas arribas de arenito junto à praia. Em alguns dos locais, tratou-se de «atenuar os estragos que já existem».

A Praia do Malhão, uma das mais emblemáticas da costa de Odemira, foi o ponto de partida para um dia inteiro de visita às principais obras da Sociedade Polis no concelho, promovida pela Câmara Municipal, e aberta a responsáveis autárquicos, do ICNF e do Polis, a técnicos dessas entidades e a jornalistas.

No concelho de Odemira, estão concluídas até agora 80 por cento das obras previstas pela Sociedade Polis, entidade que integra este município e ainda os de Sines, Aljezur e Vila do Bispo, ou seja, todos os que são abrangidos pelo Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.

José Alberto Guerreiro: «compreendo as críticas que foram surgindo, dizendo que não era necessário fazer nada no Malhão. Mas a verdade é que era absolutamente necessário!»

Com a recente decisão de prorrogar a vida da Polis por mais um ano, algumas das obras que ficaram por fazer ainda poderão avançar, enquanto outras serão terminadas.

Sentando-se pela primeira vez num dos bancos de madeira instalados nos passadiços e nas plataformas de observação, José Alberto Guerreiro, presidente da Câmara de Odemira, fez questão de recordar que «este é um sonho de há muitos anos, que não passava do papel» e que «até agora nunca tinha tido condições para se concretizar».

O autarca, que é também vogal do Conselho de Administração da Sociedade Polis Litoral SW, está consciente de que a intervenção feita não agrada a gregos e troianos: «compreendo as críticas que foram surgindo, dizendo que não era necessário fazer nada no Malhão. Mas a verdade é que era absolutamente necessário!», defende.

«O Malhão era das praias mais badaladas do nosso concelho, tinha bandeira azul já há alguns anos, com excelente qualidade de água e areal, mas sai desta intervenção reforçada, porque, a partir de agora, é acessível a todos e antes era apenas para alguns. É esta também uma obrigação das entidades públicas: disponibilizar aquilo que é de todos a todos», disse José Alberto Guerreiro, em declarações aos jornalistas.

No terreno, acompanhados por um técnico da Polis e por João Alves, também vogal do Conselho de Administração (em representação do ICNF), foi possível ver que, apesar de todo o investimento, ainda havia alguns ajustamentos a fazer. Como criar um acesso para a máquina de limpeza de praias da Câmara e para a recolha do lixo ou resolver a inclinação perigosa da rampa final.

Fora da intervenção do Polis, fica o arranjo da estrada para a praia. Mas o presidente da Câmara anunciou que está «prevista, em plano e orçamento de 2016, a beneficiação do acesso à Praia do Malhão». A estrada não será alargada, nem asfaltada, mas passará a ter «condições para ser transitável e segura», num investimento de 160 mil euros, que passa pelo «reforço do talude, criação de valetas, construção de uma plataforma em tout venant, acessível a todos os veículos».

 

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José Alberto Guerreiro, durante a visita ao portinho da Lapa das Pombas

José Alberto Guerreiro não tem dúvidas de que «o Polis valeu a pena». O concelho de Odemira é o que mais partido tirou destas intervenções. Ao todo, salientou o autarca odemirense, «são mais de 10 milhões de euros, por via de ações diretas e indiretas, que aqui foram investidos nestes 55 quilómetros de costa, um montante que, de outra forma, dificilmente teria sido investido».

«Estes nossos 55 quilómetros de costa nunca tinham tido oportunidade de ter um plano de investimentos com esta dimensão», por isso este é «um momento marcante para Odemira», frisa.

José Alberto Guerreiro salienta que nem está «a falar das intervenções urbanas da Zambujeira do Mar ou de Vila Nova de Milfontes, que são importantes, mas aconteceriam de uma forma ou de outra, embora certamente mais tarde».

Muito mais marcantes são as intervenções na Praia do Malhão, no Cabo Sardão ou nos portinhos de pesca (Lapa das Pombas, Entrada da Barca e Azenha do Mar), que considerou «pontos de grande energia económica», apesar de, em alguns casos (como na Lapa das Pombas), só por lá haver uma meia dúzia de pescadores ainda ativos.

João Alves: «há quatro Polis Litoral no país, mas este foi o que nasceu de baixo para cima, os autarcas é que o exigiram e isso é uma vantagem e uma diferença»

O presidente da Câmara de Odemira, em jeito de balanço, fez ainda questão de sublinhar que «o Polis é uma junção de vontades e, nesse aspeto, ficou amplamente demonstrado que as entidades, quando se sentam à mesma mesa, discutem os problemas, podem nem sempre estar de acordo, mas conseguem limar algumas arestas».

Pelo mesmo diapasão afinaria, mais tarde, João Alves. Enquanto representante do ICNF na Administração da Sociedade, este responsável, em declarações aos jornalistas, recordou que «há quatro Polis Litoral no país, mas este foi o que nasceu de baixo para cima, os autarcas é que o exigiram e isso é uma vantagem e uma diferença».

João Alves acrescentou que a concretização das obras foi feita durante «uma época crítica para o país», com muito menos dinheiro para investir, «e apesar de tudo pôde fazer-se o que era mais significativo». «Este território está agora mais bem apetrechado para que as populações, as empresas e os turistas possam usufruir dele», garantiu.

Também José Alberto Guerreiro considera que o Parque Natural e a Rede Natura, que imperam no concelho de Odemira em toda a sua faixa litoral, saem «amplamente valorizados após esta intervenção».

«Aqui e acolá, não agradámos a todos. Mas estas intervenções disciplinam, orientam, criam regras. Quem gosta das coisas desordenadas, certamente que agora se sentirá defraudado», comentou o autarca.

O dia de visitas passou ainda pela Praia das Furnas (800.863 euros de investimento), pela de Almograve (534.378 euros), pelo portinho da Lapa das Pombas (683.153 euros, no total dos três portinhos), pela Zambujeira do Mar (1,6 milhões), pelos Alteirinhos (800.864 euros) e pelo Cabo Sardão (quase 1,1 milhões de euros).

 

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Obras na Zambujeira do Mar

No que diz respeito à Zambujeira do Mar, que para já se apresenta meio esventrada, com obras em curso, José Alberto Guerreiro adiantou que a intervenção estará concluída, nesta sua primeira fase, até final de Abril.

Quanto à segunda fase, que contempla todo o núcleo mais antigo da entrada da Zambujeira e custa mais de 2 milhões de euros, apesar de ter sido projetada no âmbito do Polis, acabou por ficar de fora. O autarca revelou que a obra será agora «candidatada ao PEDU – Planos Estratégicos de Desenvolvimento Urbano – já no novo quadro comunitário, no âmbito do Alentejo 2020», sendo uma intervenção a desenvolver «em 2016 e 2017».

Vila Nova de Milfontes não integrou a visita, que se ficou pelo outro lado do rio, na Praia das Furnas, mas nem por isso se falou menos nas obras que beneficiam esta importante localidade costeira.

José Alberto Guerreiro: Odemira foi o município que «mais investiu, que mais dedicou um esforço muito particular a esta intervenção, e que, no conjunto do que estava inicialmente previsto, mais conseguiu concretizar»

Em Milfontes, já tiveram início as duas fases da intervenção que vão decorrer em simultâneo e que, no seu total, entre projetos e obras, ultrapassam os 2 milhões de euros de investimento. Mas fica ainda por concluir uma intervenção de cerca de 800 mil euros, que foi também candidatada ao PEDU.

As duas fases iniciais, que passam por obras na zona ribeirinha, entre o cais e o quebra mar, e ainda na zona alta até à escola primária, segundo o presidente da Câmara de Odemira, deverão estar concluídas «por altura do Verão», tudo dependendo «das condições climatéricas, da capacidade dos empreiteiros, das surpresas que possa haver no subsolo».

Mas Vila Nova de Milfontes é ainda beneficiada por outras obras, a começar pelas que foram feitas na Praia das Furnas.

No entanto, a intervenção de maior fôlego e impacto na vila é o desassoreamento da barra do rio Mira e a colocação das areias dragadas na Praia da Franquia, que está reduzida a um fio de areia.

Depois da discussão pública, a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) foi emitida ainda no ano passado, faltando agora o RECAPE – Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução, essencial para que as obras possam começar.

Na visita da comitiva à Praia das Furnas, do outro lado da barra do Mira, foi explicado que a areia retirada do estuário será colocada na Praia da Franquia e talvez também na Praia do Carreiro da Fazenda, a norte de Milfontes. João Alves adiantou ainda que o projeto prevê a criação de um passadiço de ligação com essa praia.

O desassoreamento, considerado pelo autarca José Alberto Guerreiro como «fundamental para garantir a navegabilidade da barra do Mira» e para «reforçar o cordão dunar da Praia da Franquia, muito importante para Vila Nova de Milfontes», será feito só na parte terminal do rio, para não afetar as pradarias marinhas existentes no estuário, nem a estabilidade dos pilares da ponte da EN120, mais a montante.

 

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Intervenção na zona do Cabo Sardão

 

O desassoreamento correu o risco de se ficar só pela fase de estudos. Mas, com o prolongamento da vida da Sociedade Polis Litoral Sudoeste por mais um ano, será ainda esta entidade a lançar a obra.

Para o futuro, com ou sem Sociedade Polis, ficam os projetos já em curso da Ecovia e da Ciclovia do Litoral, que hão-de ligar Sines à fronteira do concelho de Vila do Bispo com Lagos.

A Câmara de Odemira candidatou ao Alentejo 2020, há cerca de dois meses, 12 milhões de euros de investimentos vários, entre os quais se conta a « completa concretização» da Ecovia e da Ciclovia, que José Alberto Guerreiro não quer deixar ficar apenas pelos projetos. «Isso sabe-nos a pouco, gostaríamos de concretizar».

Dos quatro municípios que integram a Sociedade Polis Litoral SW, o que «mais investiu, que mais dedicou um esforço muito particular a esta intervenção, e que, no conjunto do que estava inicialmente previsto, mais conseguiu concretizar, é o de Odemira», garante o seu edil.

José Alberto Guerreiro: «com tudo o que está no terreno, podemos sentir-nos satisfeitos»

«Porquê? Porque também é o município que apostou com muito capital nesta sociedade. Temos constituídos cerca de 3,5 milhões de euros de capital social e, a concretizar as restantes ações, conseguiremos chegar aos 5 milhões de euros», acrescentou.

«Isto num conjunto de investimentos que se cifra em mais de 10 milhões de euros e que pode atingir os 16 milhões, se for concretizada a Eco e a Ciclovia e também o desassoreamento do Mira».

Por isso, sublinha o autarca, «com tudo o que está no terreno, podemos sentir-nos satisfeitos, por ter havido um conjunto de vontades que ultrapassaram dificuldades e barreiras, e chegaram até aqui com a firme determinação de fazer deste um litoral de excelência».

Mas não se pense que o trabalho termina aqui. «Tudo isto traz-nos mais responsabilidades, a partir daqui há que gerir, há que manter», conclui José Alberto Guerreiro.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação

 

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