É anunciada como uma tecnologia revolucionária no apoio ao diagnóstico de cancros, lesões musculares e de coluna, entre outros, que poderia ajudar a «poupar muitos milhões» ao Serviço Nacional de Saúde em exames médicos e custa…«cerca de 3 mil euros». O Olhanense é o primeiro clube português a colocar a Termografia ao serviço do seu departamento médico, tecnologia que foi apresentada esta quinta-feira, no Estádio José Arcanjo.
Apesar de estar a dar os primeiros passos em Portugal, esta tecnologia já é usada há muito para diagnósticos clínicos, nomeadamente de identificação de cancro da mama, próstata e outros, em países como os Estados Unidos e o Canadá. Na medicina desportiva já é usado pelo Real Madrid, de Espanha e pelo Cruzeiro, do Brasil, entre outros clubes de renome.
O tipo de Termografia que o Olhanense vai adotar é assente num pequeno e portátil aparelho de que uma imagem de infravermelhos do corpo dos atletas, que custa 3 mil euros, imagem em tudo semelhante à de uns óculos de visão noturna (tecnologia que, aliás, está na sua origem). A partir das variações de temperatura é possível localizar lesões de vários tipos.
«A Termografia é aquilo que eu costumo designar como o estetoscópio dos olhos. Ou seja, vai-nos permitir ver aquilo que os nossos olhos não vêm. Isto tem múltiplas aplicações e, no caso da medicina desportiva, dá para identificar todo o tipo de lesões musculares, contusões e focos de inflamação, fazendo a prevenção, a partir daí», explicou o naturopata José Valdez, que há 12 anos trouxe esta tecnologia da Rússia para Portugal.
Hoje, José Valdez dá formação sobre esta tecnologia a médicos em Portugal, entre os quais o responsável pelo departamento médico do Olhanense Fernando Belo, e colabora com a Universidade de São Paulo, que se mostrou interessada em divulgar esta tecnologia aos estudantes de medicina que forma.
O aparelho adquirido pelo Olhanense foi desenvolvido pela «escola médico-militar russa», que pegou numa ideia que já vinha sendo desenvolvida por médicos canadianos e norte-americanos e a levou mais longe. No Ocidente, a tecnologia da termografia inventada pelo exército norte-americano, entretanto reclamada pela medicina, era usada, essencialmente, para a prevenção de cancros, mas os russos «começaram a usá-la para todo o tipo de especialidades médicas, como meio complementar de diagnóstico».
Apesar de relativamente barato, pelo menos comparado com outros aparelhos eletrónicos de diagnóstico utilizados na medicina, este método traz vantagens, em relação a outros, assegura José Valdez.
«A grande vantagem é que, num minuto, tem o panorama completo do corpo do atleta», disse. E dá o exemplo prático do diagnóstico de uma ciática, que pode ser facilmente confundida com uma série de outras lesões.
«O caminho normal de uma ciática é: Raio-X, TAC e Ressonância Magnética. (…) Enquanto com a termografia se sabe o que se passa em dois minutos, pelo sistema normal tem de passar por três exames, com três doses de radiação e, se calhar, chega ao fim sem o diagnóstico correto», revelou.
É o evitar desta bateria de exames que leva o naturopata português a afirmar que esta tecnologia podia permitir poupar milhões. «Se isto fosse aplicado, a nível do Estado, pelo Serviço Nacional de Saúde, poupar-se-iam milhões e milhões de euros por ano, com esta tecnologia e não apenas ao nível dos diagnósticos da coluna», considerou.
Ainda assim, avisa, defende que esta tecnologia «deve ser usada como um meio auxiliar de diagnóstico, que não dispensa outros exames», como começa a ser utilizado nos Estados Unidos por alguns profissionais. «Serve é para que, de forma mais rápida, encontrarmos as zonas suspeitas», afirmou.