A «afirmação da identidade de Lagos enquanto cidade de riqueza histórica e patrimonial» é uma das quatro prioridades do Orçamento Municipal para o ano de 2016, a par da «contenção e rigor nas contas da autarquia», da implementação da segunda edição do Orçamento Participativo e da melhoria das vias de comunicação, revelou Maria Joaquina Matos, presidente da Câmara de Lagos, concelho que hoje assinala o seu feriado municipal.
Em declarações ao Sul Informação, a autarca salientou que, como novidades para o próximo ano, no que diz respeito ao Património, surgirá o projeto para a ampliação do Museu Municipal Dr. José Formosinho, que agora irá atravessar a estreita rua para passar a ter uma nova ala, nas antigas instalações da Polícia de Segurança Pública.
Essa nova ala, revelou a autarca, será «inteiramente dedicada à Arqueologia», prometendo «além de uma maior dignificação das nossas ancestralidades, um novo olhar sobre esta vertente da nossa história».
Uma parte importante do Museu, a Igreja de Santo António, uma joia do Barroco, tem já estado a ser alvo de profundas obras de restauro e requalificação. Mas agora, o que se pretende é autonomizar o setor da arqueologia, criando uma nova ala dedicada ao importante espólio guardado em Lagos e assim libertando espaço nas atuais instalações, para temas como a Etnografia, mas não só. Será a primeira grande remodelação do Museu de Lagos em décadas.
Joaquina Matos acrescenta que, ainda nessa vertente da aposta no Património, a requalificação dos espaços públicos e dos edifícios terá especial atenção no próximo ano, integrando-se aí os trabalhos em curso no Centro Cultural de Lagos, que tem sido, e continuará a ser, alvo de intervenções estruturais e requalificações de espaços interiores, «que em muito dignificarão este equipamento de referência e protagonismo na elevação cultural do nosso concelho».
Também o edifício do chamado Mercado dos Escravos está a ser alvo de requalificação estrutural e de conteúdos, prevendo-se a sua reabertura ao público no início de 2016.
De acordo com o executivo, «pretende-se que Lagos afirme o seu posicionamento na rota dos Descobrimentos, quer a nível nacional, quer a nível internacional, de que foi pioneiros, criando-se aqui um valioso nicho de mercado – o turismo histórico».
A proposta de Orçamento e as Grandes Opções do Plano (GOP) para 2016, no valor global de 46 051 185 euros, foram já aprovadas em reunião de Câmara no dia 21 de outubro e serão agora submetidos à apreciação e aprovação da Assembleia Municipal.
Outra novidade avançada pela presidente da Câmara de Lagos é que, no próximo ano, será requalificada a chamada Rotunda da Caravela, situada numa das entradas da cidade. A fonte que decora esta rotunda está parada há anos, devido a avarias várias e ao alto custo das reparações, mas Joaquina Matos garante que, com o investimento de 300 mil euros, «vamos pôr aquela caravela a navegar».
Ainda no que diz respeito às acessibilidades, a autarca anunciou, nas suas declarações ao Sul Informação, que vai avançar a requalificação da via entre as Quatro Estradas, onde se situa a nova rotunda da EN125, à saída da Variante de Lagos, e a vila da Luz. «Trata-se de uma estrada que há muitos anos não sofre qualquer requalificação, embora até sirva uma das zonas de maior importância turística do concelho», a Praia da Luz.
Também irão avançar, as obras de requalificação da estrada entre Odiáxere e Vale da Lama, bem como de arruamentos diversos em Odiáxere, Barão de S. João e Bensafrim.
Quanto ao Orçamento Participativo, além de o plano da Câmara de Lagos para 2016 contemplar os três investimentos que foram os mais votados da primeira edição do OP, no próximo ano voltará a haver a discussão e votação do OP, que até sofrerá um aumento da verba total para 200 mil euros.
No corrente ano, a ligação à rede de saneamento (zona Cova da Zorra), em Odiáxere, a aquisição de uma Viatura de Intervenção Comunitária e a construção de um cemitério para animais domésticos em Lagos foram as três ideias vencedoras, agora integradas nos investimentos camarários para 2016. «A discussão do Orçamento Participativo foi muito viva e daí resultaram boas ideias, por isso voltamos a lançá-lo», explicou Joaquina Matos.
Outros investimentos em várias áreas são a requalificação da Escola nº3 do 1º Ciclo de Lagos, a substituição das redes de saneamento e água do Bairro Operário, a aquisição de duas novas viaturas para o lixo, de uma retroescavadora e ainda de um autocarro para os transportes escolares.
Em 2015, o executivo municipal definiu uma política para assegurar a sustentabilidade, qualidade e solidariedade no município de Lagos. De acordo com a presidente da autarquia, «a consolidação desta política é o nosso desígnio para 2016. Os desafios são permanentes e as incertezas continuam a ser muitas, contudo, o rigor e responsabilidade com que olhamos para as batalhas do dia-a-dia têm-nos permitido equilibrar a nossa situação financeira e têm-nos recolocado no rumo certo».