Os economistas têm uma responsabilidade social, «à qual não devem fugir». E isso passa por encetar parcerias, como o protocolo assinado esta quarta-feira entre a delegação regional do Algarve da Ordem dos Economistas e a Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, e colocar os seus recursos ao serviço da sociedade.
Entre as responsabilidades que a OE assume, está a promoção do emprego jovem. Com a assinatura deste acordo, os alunos da universidade algarvia passam a ter acesso a uma rede já instituída, que lhes pode abrir portas.
«A Ordem dos Economistas tem uma bolsa de emprego e um sistema de networking que pode ajudar os recém-licenciados a integrar o mercado de trabalho», explicou o presidente da delegação do Algarve da OE Pedro Pimpão, acrescentando que este acordo facilitará, por exemplo, o acesso a estágios dentro da rede.
O protocolo prevê, ainda, a realização de eventos em conjunto, pelas duas entidades, e a utilização das ligações da Ordem dos Economistas, com as suas congéneres europeias, «para fazer a ponte com universidades estrangeiras, de modo a que possam surgir novas parcerias e projetos de colaboração», entre academias.
Um dos papéis que tanto a Ordem, como a Faculdade de Economia da UAlg, parecem determinados a desempenhar é o da divulgação do trabalho dos economistas e uma maior interação com a sociedade em geral.
Francisco Murteira Nabo: “Está mais do que provado que a austeridade foi um modelo que não teve sucesso”
Até porque, salientou o diretor da FE/UAlg Rui Nunes, a crise que ainda nos afeta acabou por «deteriorar a imagem dos economistas» junto da população, em geral. «Temos de fazer um esforço muito grande para nos tornarmos compreensíveis para o cidadão comum. E, ao mesmo tempo, deixar claro que, dentro da classe, há´pessoas com ideias muito diferentes», defendeu Rui Nunes.
De resto, a FE/UAlg e a Ordem não demoraram muito a dar corpo ao que foi acordado e a promover a ciência económica. Menos de uma hora depois da sessão em que se tornaram, oficialmente, parceiros, as duas entidades promoveram uma conferência, onde foram apresentadas as Linhas Orientadoras de um Modelo Económico Regional, o resultado de um trabalho levado a cabo por sete economistas da região, nomeadamente Adriano Pimpão, Hélio Barros, João Calçada Correia, Paulo Rodrigues, José Leite Pereira, Francisco Severino e Francisco Mendonça Pinto.
Outra questão muito focada foi a da responsabilidade social que os economistas têm, que, à semelhança da promoção da ciência económica, é assumida como a principal bandeira da atual direção da delegação algarvia da OE. Ambas as sessões foram apadrinhadas pelo presidente da Mesa de Assembleia Geral da Ordem dos Economistas Francisco Murteira Nabo, que foi convidado a fazer uma análise sucinta sobre o que o futuro pode reservar para o mundo e, claro, para Portugal.
O conceituado economistas escolheu quatro temas base, na sua intervenção «sobre a volta a dar», nomeadamente a identificação das tendências económicas do século XXI, o «dilema europeu», uma reflexão sobre o estado atual da economia portuguesas e outra sobre a lusofonia e a ligação do nosso país aos membros da CPLP.
Na exposição que fez, Murteira Nabo defendeu, por exemplo, que a União Euroepia, para evitar a desagregação, terá de se aproximar mais dos valores que tinha na sua génese, os «da solidariedade e promoção económica do seus membros».
Quanto ao estado da economia portuguesa, Murteira Nabo afirmou que «está mais do que provado que a austeridade foi um modelo que não teve sucesso», se se olhar para a vertente económica, já que foi imposta durante tempo a mais, deixando o tecido económico muito debilitado. «A Economia não é a mesma coisa que as Finanças. Estas últimas, recuperam rapidamente, a economia não, demora muito tempo», resumiu.