Um passadiço em madeira, com zonas de descanso, de 570 metros de comprimento, vai ficar construído até ao fim do ano entre o Algar Seco e o que resta do Forte de Nossa Senhora da Encarnação, na Praia do Carvoeiro (Lagoa).
Este é um dos mais belos troços da costa algarvia, constando nos guias turísticos, e, todos os dias, costuma ser percorrido por cerca de 500 pessoas. Mas até agora o percurso é feito por um trilho à beira da arriba, sem condições de segurança, colocando até os turistas em perigo.
Acabar com essa situação de risco é precisamente um dos objetivos principais da intervenção, financiada no âmbito do Programa Litoral e que irá custar 212 mil euros.
Para presidir à assinatura do contrato da empreitada de Passadiço e Trilho entre o Algar Seco e o Forte de Nossa Senhora da Encarnação, na Praia de Carvoeiro, esteve em Lagoa, na sexta-feira, o secretário de Estado do Ambiente.
A obra, que resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Lagoa e a Agência Portuguesa do Ambiente, no âmbito do Programa Litoral, é, segundo o secretário de Estado Paulo Lemos, um dos três investimentos em curso no Algarve ao abrigo daquele programa. Há ainda investimentos em curso em Albufeira e na Praia da Rocha, acrescentando que «estão a ser investidos 360 mil euros no Algarve».
Sobre a obra na costa de Lagoa, o presidente da Câmara Francisco Martins salientou que o passadiço fará com que «mais pessoas e em condições de mais segurança possam aproveitar aquele trilho, incluindo muitos lagoenses que, se calhar, nunca ali passearam». O autarca sublinhou também que o passadiço em madeira teve «grande atenção à mobilidade das pessoas».
José Fernando Vieira, arquiteto paisagista e técnico da Câmara, disse que esse é, aliás, outro grande objetivo do projeto: «passaremos a ter 500 metros de trilho no nosso concelho que podem ser utilizados por pessoas com mobilidade condicionada», sendo esse, como salientou, «um nicho do mercado turístico que tem vindo a crescer e tem grande potencial no Algarve».
«O objetivo é que a arriba possa ser percorrida com segurança, até por pessoas com mobilidade condicionada, e que o uso desta zona não leve ao pisoteio, causando a degradação contínua daquele património natural que ali existe». Segundo José Vieira, o projeto passa igualmente pela retirada de algumas plantas invasoras existentes naquele troço de costa e recuperação das espécies locais.
Anfiteatro ao ar livre fica para depois
António Marques, arquiteto responsável pelo gabinete de arquitetura que concebeu o projeto, acrescentou que, além da construção do passadiço sobrelevado e zonas de estadia em madeira, haverá ainda a colocação de mobiliário urbano, sinalética de interpretação, bem como a reparação da escadaria que conduz ao Algar Seco.
Na sessão com o secretário de Estado na Câmara de Lagoa, o presidente da Junta de Freguesia de Lagoa/Carvoeiro quis saber o que aconteceu ao projeto original, que incluía a construção de um pequeno anfiteatro ao ar livre junto à Fortaleza e Capela de Nossa Senhora da Encarnação.
José Vieira explicou que «os sonhos têm algumas limitações nos tempos que atravessamos», enquanto o próprio secretário de Estado Paulo Lemos salientou que, em 2012, o Programa Litoral «foi alterado e o foco passou a ser na proteção de pessoas e bens». Ou seja, com esta reorientação do programa, o passadiço poderia ser financiado, mas o anfiteatro não.
«O anfiteatro terá mais cabimento num PO regional que num programa de proteção do litoral», acrescentou ainda Paulo Lemos.
Tendo em conta que este é um projeto que transita do anterior executivo, o novo presidente da Câmara Francisco Martins anunciou, conciliador: «vamos conversar e ver se há alternativa, até para incluir a requalificação do forte da sua envolvente».
Na cerimónia na Câmara de Lagoa, foi então assinado o contrato de empreitada entre a Agência Portuguesa de Ambiente (APA), que é a responsável pela obra, numa parceria com a Câmara de Lagoa, e a empresa construtora.
O objetivo é que o passadiço e as demais intervenções incluídas nesta empreitada estejam concluídos até ao fim do ano. No entanto, Sebastião Teixeira, diretor regional da Agência Portuguesa de Ambiente (APA), disse ao Sul Informação que o andamento da obra dependerá «do tempo que fizer». No dia da visita do secretário de Estado, por exemplo, chovia torrencialmente…