Em meados de Julho, foi anunciado que a reabertura da passagem de nível junto a Estação da CP de Olhão estava por dias. Desde então, nada tem impedido as pessoas de passar, mas as condições de segurança nunca foram criadas e os dias tornaram-se meses.
No dia 12 de Outubro, estarão finalmente completas as obras necessárias para devolver as condições que a passagem tinha antes de ter sido encerrada, ironicamente, por questões de segurança.
A data foi avançada ao Sul Informação pela Infraestruturas de Portugal, empresa de capitais públicos que assumiu a gestão das linhas férreas, no âmbito da fusão da Refer e da Estradas de Portugal.«As obras devem começar nos próximos dias e depressa estarão concluídas. A passagem de nível será preparada de modo a que as pessoas possam atravessar em segurança e será instalado um labirinto», revelou a porta-voz da IP.
Enquanto este processo decorreu, a passagem manteve-se desimpedida, apesar de as condições de atravessamento estarem longe de ser as melhores. Num dos lados, há um fosso (escavado pela Refer há alguns meses) com dois barrotes a servir de “ponte” improvisada. No outro, há entulho e uma zona desnivelada, bem como uma “escada” feita de pedras soltas, na zona que dá acesso à rua.
A demora na execução das obras que permitirão dar segurança aos peões teve a ver, entre outras coisas, com «a elaboração do projeto», processo que foi feito em conjunto com a Câmara de Olhão e que terá «corrido muito bem», segundo a IP. Desde 13 de Julho, dia em que foi anunciada a reabertura da passagem de nível, os técnicos da empresa e da autarquia estiveram em contacto, de modo a que o projeto elaborado respondesse às pretensões de ambas as partes.
A reabilitada passagem de nível também irá contar com vigilância humana, pelo que foi «dada formação nesse sentido» às pessoas que ficarão encarregues dessa tarefa.
Esta parte do acordo foi, segundo o presidente da Câmara de Olhão António Pina, a que motivou um atraso na reabertura da passagem. «Não foi má vontade da parte da Infraestruturas de Portugal ou algo parecido. Eles insistiram que tinha de ter vigilância humana, por ser de lei. Isso obrigou-nos a lançar um concurso público, para contratar uma empresa para o fazer. Isso demorou logo algumas semanas. Além disso, tiveram de fazer formação específica, que já foi concluída», explicou ao Sul Informação o edil olhanense.
António Pina anunciou, ainda, que a autarquia deverá ter condições «para lançar o concurso para a obra da passagem inferior ainda este mês», com a perspetiva de começar a obra propriamente dita «no final do ano ou no início de 2016». O projeto está praticamente concluído e contempla «a elevação da zona pedonal e o seu alargamento», mantendo, ainda assim, o passeio de ambos os lados da passagem inferior.
O polémico encerramento da passagem de nível, que além de protestos da população, motivou um autêntico jogo do gato e do rato de encerramentos e reaberturas forçadas, entre a Refer e pessoas desconhecidas, foi feito antes da fusão enter a Refer e a Estradas de Portugal.
Já depois da união das duas empresas, o presidente da IP António Ramalho veio a Olhão assinar um protocolo com a Câmara de Olhão, para remodelação da passagem inferior para peões, que liga as avenidas de República e Bernardino Ribeiro. Neste protocolo, estava prevista a «reabertura temporária» da passagem de nível, até que a obra na passagem inferior esteja concluída e haja condições para que todos a utilizem, nomeadamente pessoas com mobilidade reduzida, idosos e acompanhantes de carrinhos de bebé.
A IP acabou por admitir que a passagem inferior não tem as condições necessárias para ser uma alternativa à passagem de nível que sirva toda a população, devido ao seu forte declive. Daí ter aceitado pagar, na íntegra, as obras de remodelação.
Vejas as fotos (Hugo Rodrigues/Sul Informação):
