O «elevado estado de degradação» do cais de Vila Real de Santo António poderá comprometer a viabilidade da empresa que garante a carreira fluvial entre esta cidade do Sotavento e Ayamonte, em Espanha, e «pôr em causa mais de uma dezena de postos de trabalho», alertou o Grupo Parlamentar do PCP.
O deputado comunista eleito pelo Algarve Paulo Sá esteve recentemente em VRSA para visitar o cais fluvial ali existente e diz ter encontrado uma situação preocupante.
«Devido ao desinvestimento ocorrido nos últimos anos nos portos comerciais e de pesca da região algarvia, o cais transfronteiriço, que serve as carreiras fluviais entre Vila Real de Santo António e a localidade espanhola de Ayamonte, atingiu um elevado estado de degradação. Por questão de segurança, o transporte de automóveis foi interrompido em Novembro de 2015 e, mais tarde, em Agosto de 2016, o cais foi também interditado ao transporte de passageiros», referiu o PCP.
Ainda assim, a carreira não deixou de estar ativa, estando a utilizar, como alternativa, um cais vizinho, destinado às empresas marítimo-turísticas, «que foi objeto de uma pequena obra de manutenção de emergência». «Contudo, apesar desta obra, também este cais não apresenta condições adequadas de segurança e comodidade, não permitindo, além disso, o embarque/desembarque de automóveis», dizem os comunistas.
A impossibilidade de usar o cais fluvial tem «provocado sérios prejuízos à Empresa de Transportes do Rio Guadiana, nomeadamente no que diz respeito à impossibilidade de transportar automóveis entre Vila Real de Santo António e Ayamonte».
Além de comprometer a viabilidade desta empresa, as circunstâncias também podem afetar os operadores das embarcações marítimo-turísticas, «já que as carreiras fluviais têm prioridade no acesso ao cais, colocando constrangimentos à operação» destas empresas.
«Por fim, também a Docapesca é prejudicada, já que perde a parte da receita que lhe cabe pelo transporte de automóveis», acrescentou o PCP.
Durante a visita, que foi acompanhada pelo proprietário da Transportes do Rio Guadiana, por representantes da Docapesca e por dirigentes da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações e do Sindicato dos Transportes Fluviais, «a delegação do PCP foi informada que a Docapesca decidiu lançar um concurso público para a construção de um novo cais flutuante e de uma ponte de acesso ao cais, obra que a concretizar-se permitiria ultrapassar o problema».
Tendo isto em conta, Paulo Sá questionou o Governo sobre «a construção de um novo cais em Vila Real de Santo António para as carreiras fluviais que operam entre esta localidade e Ayamonte e sobre as datas previstas para o início e a conclusão das obras de construção desse cais».