«O que eu perguntaria é o que é que o Algarve e o Baixo Alentejo podem fazer para cá manter o Rally de Portugal». Foi desta forma que o diretor da prova internacional de automobilismo Pedro Almeida respondeu à questão se o rally vai sair da região, possibilidade que tem estado em cima da mesa.
Pedro Almeida não confirmou que já haja qualquer decisão nesse sentido, mas deixou o aviso esta quarta-feira, na apresentação do Vodafone Rally de Portugal 2013 que decorreu em Vilamoura, que o rally «é de Portugal, não é meu, nem do Algarve, nem da Madeira, nem do Minho». «Este é o momento em que as forças vivas do Algarve e Baixo Alentejo têm uma palavra a dizer. Têm o Rally aqui, mas nada garante que ele fique cá», avisou o diretor da prova.
À margem da apresentação, Pedro Almeida revelou, em conversa com os jornalistas, que «tem havido uma forte pressão das autarquias e dos agentes económicos do Norte para que o rally vá para lá».
«A atitude não pode ser passiva. A região [que acolhe a prova] tem de se envolver de todas as formas, criando inclusivamente animações à volta do Rally, motivando as pessoas a vir. Podem fazer concertos, fazer publicidade em torno do Rally, podem dinamizar as suas regiões para levar as pessoas a ver a prova, podem apoiar financeiramente, arranjar as estradas, pagar o policiamento…há muitas formas», ilustrou Pedro Almeida.
O diretor da prova realçou que «seria injusto dizer que não temos sido bem acolhidos» no Sul, nomeadamente pelas autarquias. «Agora, não se pode ficar com a ideia que o rally está sediado nesta região para todo o sempre, pois não é verdade. Era preciso que as pessoas se empenhassem um bocado mais e sentissem que o rally é algo pelo qual vale a pena lutar», disse.
O Rally de Portugal de 2013 vai ter um orçamento de «cerca de 3,5 milhões de euros e está em linha com o do ano passado, não sofreu alteração significativa». «Numa prova que custa tanto dinheiro, tem de haver envolvimento de todos, sobretudo de quem ganha com ele, os agentes económicos da zona», considerou.
Tavira e São Brás de fora, no ano a seguir aos incêndios
Em 2013, São Brás de Alportel e Tavira, dois concelhos que têm sido visitados pelo Rally de Portugal no novo figurino que o colocou de novo no calendário do World Rally Championship (WRC), ficam de fora.
Pedro Almeida garantiu que não se tratou de falta de investimento das Câmaras. «No ano passado, por razões que nada tiveram a ver com as autarquias, mas sim com condições atmosféricas, tivemos ali uma série de problemas. Dispomos nesta zona do país de uma série de troços e não é possível utilizá-los a todos no mesmo ano», disse o diretor da prova.
Quanto ao facto de esta decisão ser tomada na edição do rally que acontece no ano a seguir aos fogos que devastaram grande parte do território de ambos os municípios, zonas que perdem assim o forte retorno económico gerado pela passagem da prova, Pedro Almeida lamentou que assim seja, principalmente em relação a São Brás, que foi afetado por “tabela”.
«Tenho uma imensa pena de não poder incluir São Brás todos os anos. O que acontece é que na estrutura normal do Rally, fica um bocado marginal. Por outro lado, apesar de eu gostar imenso do troço de São Brás e de os pilotos também gostarem bastante, é o único troço que tem menos de 20 quilómetro no Algarve. É um troço belíssimo, mas tem apenas 16 quilómetros e nem sempre é fácil incluí-lo», justificou.
«Não quero deixar de louvar o enorme esforço que a Câmara de São Brás de Alportel faz cada vez que passamos lá. A autarquia faz um esforço enorme quer antes, quer depois da prova, para pôr o troço em condições», acrescentou, Pedro Almeida.